Não leva eles

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CAVEIRA


A merda toda acabou já era tarde. A primeira coisa que fiz foi correr pra casa.

Eu não via a hora de ver minha mina e levar ela pro hospital, eu tava preocupado que só a porra.


Quando cheguei perto do portão, vi meu carro aberto e duas mochilas no porta malas, uma preta e uma de borboleta, aquela eu sabia que era da Júlia.


Senti um bagulho esquisito e fui entrando enquanto ouvia o choro da Jú.

Mano, eu me senti até fraco quando cheguei na sala, Júlia estava sentada numa poça de sangue pedindo pra minha mina levantar e Célia tava caída perto da porta, provavelmente morta.


— BERENICE !! — A roupa dela tava toda ensopada de sangue. — NÃO, NÃO, NÃO, NÃO, POR FAVOR, NÃO ! — Corri pra perto dela e puxei seu corpo. — EI ? EI ?, ACORDA, CARALHO NÃO FAZ ISSO NÃO —


Senti meus olhos queimarem.


— Júlia, vai pro teu quarto e só sai quando alguém chegar — Peguei o rádio. — ALGUÉM SOBE PRA MINHA CASA AGORA E FICA COM A JÚLIA —

Levantei segurando a Berenice e levei ela pro carro. A coloquei no banco de trás e sai vazado do morro.

— NÃO FAZ ISSO COMIGO, POR FAVOR, NÃO FAZ —


Olhei pra trás e ela nem dava sinal de vida.


— PORRAAA !! — Soquei o volante. — DEUS, ME AJUDAA ! —


Parei no hospital mais perto de casa e entrei com ela nos braços.


— ALGUÉM AJUDA, ALGUÉM AJUDA ELA, PELO AMOR DE DEUS !! —


Algumas pessoas trouxeram uma maca e levaram ela. Eu fui até onde podia e depois não me deixaram mais entrar.
Peguei um médico pelos braços e o balancei.


— Ela tava tendo contrações, ajuda ela, por favor, ela ia ter nosso filho — Ele se soltou e entrou na sala fechando a porta rápidamente.


Cai de joelhos sentindo uma dor agonizante no peito.


— Deus, não leva eles de mim, não leva, não leva. Por favor, NÃO LEVA !! —


Senti alguém apertar meu ombro e desejei que fosse Deus, me levando e deixando meu filho e ela vivos.

Vi um medico de idade ao olhar pra cima.


— Filho ? Consegue levantar ? — O olhei desolado e vi a mão estendida.


Me levantei. — Pode me acompanhar ? A gente precisa dos dados dela pra atendê-la melhor —

Balancei a cabeça e algumas pessoas me olhando assustadas, não liguei e fui até um consultório vazio.


— Pode se sentar ali — Apontou uma cadeira e saiu, voltou com água e alguns formulários. — Toma, isso vai te fazer bem —


Neguei.


— Como ela está ? —


— Eu ainda não sei, mas preciso dos documentos dela —


— Vou mandar alguém trazer —


Ele deixou o copo em cima da mesa que estava a minha frente e eu peguei meu celular ainda sentindo lágrimas descendo.

Liguei pro Erick e mandei ele ir pegar os documentos da Berenice e trazer.
Falei o hospital em que estavamos e ele disse que chegaria o mais rápido possível e desligou.


— Nós temos que notificar a polícia —


— Eu te dou vinte mil pra não fazer isso — Respondi o médico quanto olhava o chão.

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