Outro motivo

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BERENICE


Entrei no barraco depois de secar meu rosto e não vi ninguém.


- Caveira ? - Não obtive respostas.


Olhei ao redor, o mesmo lugar sempre...uma janela aqui, outra no banheiro, uma mesa não muito grande, uma cama, uma pia no canto do cômodo e um fogão. Acho que ninguém nunca usou ele.

Algumas ideias passaram pela minha cabeça, mas logo se afastam.


Caveira passou pela porta e me olhou de cima abaixo.

- Oi...-


-
Eai - Fechou a porta. - O bebê tá bem ? -


-
Sim, tive consulta antes de ontem. Estou com dez semanas e seu filho, ou filha, está do tamanho de um morango -


Ele riu tentando comparar com as mãos.


- Porque não me avisou, que teve consulta ? -


- Porque achei, que tivesse ficado com raiva ou alguma coisa assim. Você saiu sem mais nem menos, aquele dia -


- Fiquei não. Na próxima vez me avisa -


- Okay - Ele se sentou ao meu lado. - Você tá bem ? - Olhei o braço dele de perto. - Oque foi isso ? - O braço emanava calor e parecia bem inchado, o curativo já estava marcado de sangue.


- Chumbo, mas valeu a pena - Me encarou.


- Você precisa tomar alguma coisa e limpar isso -


- Preciso de outra coisa, vai ajudar também - Dei risada. - Qual foi ? -


- Você vai conseguir ? - Desafiei.


- Quer pagar pra ver ? - Se aproximou.


- Até pago, mas não pode ser como antes. Eu tô grávida...se me machucar, machuca o bebê também -


Caveira me deitou e apoiou o peso nos braços.


- Porra ! - Sentou de novo.


- Eu avisei - Ri e ele me olhou puto.


- Cala a boca ! - Dei de ombros e levantei pegando o celular.


Ignorei a idiotice dele e liguei pra Renata. Comentei a situação e passei o endereço.

Ela me explicou oque fazer e disse que ia mandar algumas coisas pelo motoboy da farmácia.


- Acho melhor você tomar um banho - Ele levantou com a raiva de milhões e foi.


Acho que antes de rir dele, foi a conversa mais tranquila que tivemos, além da última, é claro.


Não demorou muito e o motoboy chegou, paguei e entrei outra vez. Esperei o idiota sair do banho e pela graça de Deus ele já tinha tirado aquele curativo imundo.


- Senta aqui - Ele ainda estava de toalha.


- Vai fazer oque ? - Sentou e olhou as coisas. - Tu entende disso ? -


- Não, mas vou fazer melhor do que o gênio, que colocou aquela coisa podre aqui -


- Teu amigo, Erick -


Dei risada e comecei a limpar o braço dele. Tirei a linha quase vomitando e esperei alguns minutos pra recomeçar. Limpei com soro e costurei com outra linha, acho a certa dessa vez.


- Tá doendo ? - Dei o último ponto e ele negou. - Olha o tamanho que seu braço tá, é claro que tá doendo -


- Então porque tá perguntando, porra ? - Revirei os olhos e ele começou a me encarar outra vez. Fiquei vermelha e até me atrapalhei. - Oque foi ? -

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