Não foi culpa sua

3.4K 243 19
                                    

CAVEIRA



Tomei banho e peguei uma roupa do Erick, sai da casa dele e fui pro barraco.

Não vi a Berenice e fiquei com medo dela ter visto oque aconteceu.

- Aê caralho, alguém viu a Berenice na quebrada ? - Falei no rádio e demorou, mas um vapor respondeu.


- Fala chefia. Vi a mina chegando na goma dela. Eu tava descendo pra fazer a segurança do morro com os menor - Sardinha desligou.

Eu ia pra casa, mas alguma coisa me impediu, então decidi voltar.
Peguei a moto e desci pra casa dela.

Nem tinha nem entrado e já ouvia uma pá de grito.





BERENICE


Eu consegui ouvir gritos e urros de dor, eu sabia de quem eram, porém, por mais que fosse aterrorizante, eu não consegui ter pena.

Eu me encolhi na cama e só quando tudo ficou silencioso outra vez, eu me levantei.

Saí de lá e fui em direção a minha casa, minha preocupação, era minha mãe.


Entrei depois de ver o rua lavada de sangue, o portão estava estourado assim como a porta. Tiros, com certeza.


- Mãe ? - Falei baixo entrando em casa e vi sangue por lá também.


- Oque você quer aqui ? - Falou enquanto se sentava no sofá. - Você matou ele, é culpa sua ! -


O meu medo maior, se realizava ali.

Todos esses anos, as ameaças dele e o medo dela me culpar, não me deixaram contar, e agora, isso estava acontecendo.


- Mãe, não é...-


- Então me conta tudo, TUDO ! - Suspirei e me sentei ao lado dela.


- Ele começou a fazer isso, quando eu tinha nove anos, sempre me ameaçou, por isso nunca falei nada - Suspirei. - Agora, ele tentou o mesmo, ele não conseguiu e me bateu.
E o Caveira viu as marcas -


Ela levantou.


- É mentira, você deve ter provocado ele, você devia gostar - Se aproximou apertando meu rosto. - Você não tem vergonha ? Como se envolveu com o Caveira ? -


- Eu comecei a dormir com ele, pra pagar seu tratamento. Já fazem quatro anos - Recebi um tapa que me doeu a alma. - E e-eu estou grávida dele...três meses ao todo -


- VOCÊ TÁ GRAVIDA, DE UM BANDIDO ? QUE ACABOU DE ARRANCAR A CABEÇA DO SEU PAI ? -

Assenti.

- VOCÊ É UMA VAGABUNDA, BERENICE ! VOCÊ PROVOCAVA SEU PRÓPRIO PAI, E ELE FOI EMBORA.
NÃO FOI SUFICIENTE, VOCÊ TINHA QUE ENGRAVIDAR DE UM MALDITO TRAFICANTE ? -


- Eu não provoquei ele, mãe !! EU ERA UMA CRIANÇA !! - E novamente eu chorava. - Eu fiz pra te ajudar, estávamos passando fome -


- MENTIRA, É MENTIRA !! VAI EMBORA, AGORA !! SAI DAQUI, SOME DA MINHA VIDA, VOCÊ MATOU ELE, VOCÊEE. SUA VAGABUNDA ! - Me segurou pelos braços. - SOME DA MINHA CASA ! -


- Mãe, pra onde eu vou ? - Perguntei ainda não acreditando naquilo tudo.


- Pega tuas coisas, Berenice - A voz conhecida se sobressaiu e eu me levantei olhando o Caveira. Ele estava parado na porta.


Achei que minha mãe mudaria de ideia mas não teve jeito. Subi as escadas sentindo que morreria com aquela dor a qualquer momento.

Mesmo no andar de cima eu ouvia o pai do meu bebê.

Na mira do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora