CAPÍTULO 02 - o porta-retrato

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luto, homofobia, traumas emocionais, doenças degenerativas, assédio moral e sexual, doutrinação religiosa

A cabana de Wyatt, sempre tinha uma porta aberta para Sophia. Agora que o garoto estaria na escola no caso, o que estaria aberto para Sophia era a janela da parte de trás da cabana onde dava para o cômodo da cozinha. Todos os dias, Sophia abria aquela janela para deixar dinheiro ou alguma das refeições que Wyatt fazia no dia. Naquele mesmo dia, quando Lillis abriu a janela, se assustou ao vê-lo parado perto da pia, o assustando também ao gritar.

— Da próxima vez que quiser me matar, seja mais direta. — Oleff reclamou.

— O que está fazendo aqui a essa hora? Era pra estar vindo da escola.

— Eu tô passando mal hoje. Tô com febre e prefiri não levantar da cama e nem sair de casa para não piorar.

— Desculpa ter te assustado. Hoje é meu dia de folga e eu ia aproveitar pra dar uma limpada nesse chiqueiro que você não limpa. — ela provocou pulando sobre a beira da janela e logo passando para o lado de dentro. — Não fica com calor aqui?

— Pra ser sincero, não. — deu de ombros. — Eu moro aqui a quase 11 anos e estamos tecnicamente no meio de mais de 7 árvores. O clima é bem mais fresco e se eu sentir calor posso sair e dar uma volta. Eu descobri uma coisa que se tornou meu lugar secreto.

— Posso saber o que é?

— Não! Eu sei que vai querer parar de falar comigo por isso, mas esse lugar é realmente especial pra mim. Além de me trazer uma vibe bem mais pura e leve, eu adoro ficar lá pra pensar na vida.

— Eu não me importo se não quiser me contar, mas não quero que deixe de falar comigo e nem de me contar suas coisas por conta desse lugar.

— Você é mais valiosa do que qualquer canto desse lugar. — Oleff declarou fazendo a mesma coçar a nuca envergonhada e se sentar em uma das cadeiras perto da mesa. — Você vai ao hospital hoje?

— Eu nem sei. Ultimamente eu ando tão desanimada e... Sem esperanças.

Quando Sophia falava de sua mãe, seu coração doía, mas ela conseguia se segurar. Com Wyatt ela era a única a desabafar da forma mais sincera possível, então toda vez que ela falava daquele problema, ela sempre chorava. Wyatt deixou seu copo de chá de imediato e foi se sentar ao lado da amiga, confortando-a em um abraço enquanto acariciava os cabelos curtos da menina que deitou a cabeça em seus ombros.

— Eu sei que anda muito desanimada, mas precisa ter fé de ir vê-la quando pode. Sabe bem que ela não acorda, mas ela sente e ouve. Garanto que ela fica super feliz quando ouve sua voz.

— Mas não é a mesma coisa. Eu falo com ela, brinco com ela e ela nunca abre os olhos. Eu me sinto sozinha no meio dessa merda toda porque eu nunca consigo salvar as pessoas que eu mais amo nesse mundo. Eu me sinto um lixo.

— Não pode colocar a culpa de algo tão pesado em si mesma. A Juliana não queria bater o carro e não queria perder um dos filhos. Talvez ela esteja melhor assim. Quando ela acordar, ela vai procurar pelo Jake e quem vai ter que dar a notícia é você. Ela vai sofrer ainda mais.

— Eu não sei se devo acreditar que ela vai melhorar. Já estamos nessa situação a 1 ano e nada do que eu tenha feito adianta. As vezes eu atraso o pagamento ou até pago menos do que eu costumo na mensalidade, porque eu não tenho nada.

𝐌𝐈𝐃𝐍𝐈𝐆𝐇𝐓 𝐆𝐀𝐌𝐄 ☬ it & st castOnde histórias criam vida. Descubra agora