O encontro que mudaria meu destino

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O ar gelado que entrava em suas narinas era sinal de que a noite seria bastante fria, eram quase 18:30 quando guardou sua guitarra e amplificador na Princesa que estava estacionada algumas ruas pra traz de onde estava tocando, as moedas e notas que tinha arrecadado dariam para pagar o estacionamento e comprar alguns mantimentos, nada luxuoso, mas ajudaria bastante.

O gaúcho olhou ao redor vendo os bares se abrirem e as lojas se fecharem, lentamente as luzes da rua se acendiam e via alguns jovens voltando do trabalho, antes de vir para SP Arthur apenas tinha ouvido histórias de como a cidade nunca parava, agora morando nela a alguns meses podia realmente sentir a diferença entre sua saudosa Carpazinha e A grande selva de pedra.

Brulio não tinha gostado nada da ideia, ver o unico filho simplesmente partir pra outro estado em busca de um sonho incerto isso o deixou um pouco abalado, não iria mentir mas acima de tudo, Brulio apoiava o filho em suas decisões, então todo mês mandava um dinheirinho pro rapazote e se falavam pelo menos duas vezes na semana, estava feliz em ver o filho correr atrás do que queria.

Montado na Princesa Arthur saiu cortando caminho por ruas e vielas, ainda não tinham decorado todos os caminhos e se perdia com um pouco de facilidade, o capacete impedia que o vento cortasse seu rosto, mas ainda podia sentir a velocidade de sua moto, foi virando ruas e mais ruas, sua guitarra nas costas e dinheirinho no bolso, cantar na Paulista sempre gerava um pouco mais de lucro, mas hoje realmente não era o seu dia.

Desceu a Oscar Freire vendo ainda mais jovens se direcionando a Augusta, todos com roupas boas e maquiagem impecável, provavelmente indo em direção as baladas, virou mais algumas esquinas e lá estava o mercado Dia da famosa rua das baladas de São Paulo, estacionou sua princesa na zona azul e se direcionou ao mercado.

Comprou algumas besteiras pra comer e também alguns produtos de limpeza, como não tinha onde deixar a guitarra acabou entrando com ela no mercado, mas ninguém pareceu se incomodar, no caixa pediu um cigarro e logo saiu do estabelecimento.

Faltavam talvez cinco passos para chegar na sua amada moto, quando de longe ouviu.

- Eiiiiii, psiu psiu, meu querido.

Arthur olhou e se separou com uma linda morena usando um vestido talvez curto de mais para o clima atual, ela tinha uma pintinha na boca e os olhos castanhos escuros o miravam curiosa, Arthur teve que engolir a saliva conforme ela se aproximava mais intimidando ele ficava por causa da sua altura um pouco desvantajosa, olhou pro lado e viu que ela carregava um grande e grosso casaco vermelho, não gostava muito daquela cor, mas não tinha como a moça saber disso, então olhou pra cima dando de cara com o decote generoso e ficando imediatamente sem jeito.

- Meus olhos são aqui em cima bonitão.

Arthur sabia que a Augusta sempre tinha algumas prostitutas andando por aí, não era a primeira vez que era parado por uma delas e provavelmente não seria a última.

- Moça eu não tenho dinh-

- Você toca?

Arthur demorou um pouco pra raciocinar sobre o que a moça falava, ela olha por cima do músico observando sua guitarra de maneira interessada.

- E-eu toco sim.

A mulher encarou seus olhos bicolores analisando a cicatriz profunda que tinha em seu rosto abrindo um sorriso que beirava um ato pornográfico.

- Julgando pelo seu sotaque e pelas suas compras, eu tenho certeza que você veio pra cá atrás do seu sonho de ser músico não é? Pode me corrigir se eu estiver errada.

Arthur prendeu a respiração quem diabo era essa mulher? E por que ela conseguia ser tão intimidadora? Seu silêncio serviu talvez como resposta para a estranha.

- Deixa eu te contar um segredo gauchinho, você não vai conseguir.

Arthur sentiu o sangue ferver, estava pronto para socar aquela mulher, mais foi interrompido quando ela continuou a falar.

- Porém isso não te impede de ganhar um bom dinheiro.

A confusão na expressão do gaúcho deve ter sido a mais gigante que a mulher já viu porque não demorou mais de cinco segundos para que continuasse a falar.

- A boate em que eu trabalho quer um som mais acústico, nosso DJ faz um excelente trabalho, mais a gente precisa de alguém pra ficar no palco durante algumas apresentações, e diga-se de passagem...o cachê e excelente.

- Moça, olha me des-
- Liz, pode me chamar de Liz por enquanto.

Novamente aquela moça parecia ter total controle da situação, isso deixava o rapaz inquieto e insatisfeito.

- hum ok Liz, então eu não te conheço, não sei onde tu trabalha, muito menos no que tu trabalha, mas se vocês querem tanto um músico podem procurar em algum site, agora se me der licença eu vou pra casa.

Enquanto se virava pra se dirigir a sua moto, Arthur pode sentir seu pulso ser segurado e a sacolinha na sua mão ser retirada gentilmente.

- Eu te ajudo a levar até a moto, e acredita em mim, nem um músico normal ia querer tocar na boate.

Arthur estava perplexo com a ousadia da mulher, mas ela não parecia o estar ameaçando, só era muito intimidadora.

Esses foram os passos mais tensos que já tinha dado na vida e agora Liz o olhava de cima baixo repetidas vezes.

- O-obrigado?

- Não tem de que meu querido, a propósito quantos anos você tem?

- Vinte oito

- hum entendi.... então se quiser mesmo me agradecer, pensa nessa proposta e liga nesse número aqui.

E de dentro dos seios a bela mulher retirou um cartão de visitas holográfico que quando mexido aparecia um número de telefone e um nome com forte maior "A ordem", guardado o cartão no bolso viu Liz abrir um sorriso e subir a rua como se nada tivesse acontecido.

No seu apartamento o miojo cheirava por todos os cômodos, sentado na mesa contas e mais contas e mais contas a sua frente, pegou o celular e digitou "pai" estava quase pedindo mais dinheiro, porém já se sentia culpado por estar longe não teria coragem pra pedir mais dinheiro, fechou os olhos apoiando o celular no lábio inferior da boca enquanto a cabeça se virava em direção ao teto, abrindo os olhos rapidamente logo em seguida e buscando o cartão que tinha pego no dia anterior com a mulher que se denominava Liz e discou o número ouvindo o celular chamar.

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