O ar dos seu pulmões não era o suficiente, não tinha forças para empurrar nem se defender corretamente, aquele beijo era o mais violento e agressivo que já tinha recebido na vida, e vinha da pessoa mais doce que já tinha conhecido, Alex.
Foi tão rápido que mal deu pra entender, em um momento estavam andando normalmente, no outro estavam atrás da lixeira, Alex aplicou um kabedon e apertava sua garganta com a mão livre.
Estava cansado de ser tratado como uma boneca inflável, primeiro Thiago, depois Cesar e Joui! E agora também tinha Alexander para enfrentar??? Era de mais pra sua cabeça, não! Tinha chegado ao limite.
De todas as pessoas na boate Alexander era o único que lhe tratava diferente, podia sentir o carinho dele em cada palavra e ato gentil, o coração doía em decepção e desilusão, esperava isso de todos...menos de Alex.
O soco na costela fez o mais novo soltar seu pescoço e parar de beija-lo, consegui ouvir um gemido baixinho mais ele ainda usava as mãos para bloquear a passagem, com muita força deu um soco na cara do dançarino fazendo seu óculos voar por uma boa distância, ele ainda bloqueava o caminho.
Alex virou a cabeça devagar, podia ver um grande fio de sangue escorrendo até o chão, viu o rapaz fechar a boca e segundos depois cuspir uma grande quantidade de sangue no chão, os olhos vermelhos o encaravam sério, e então....um sorriso....com dentes machados de sangue.
Um terrível arrepio subiu pela sua espinha, como ele podia sorrir com aquela quantidade de sangue saindo pela boca, não estava doendo?
Aquele sorriso macabro o deixou estático e com medo, não sabia como lidar com aquilo, não era um machucado que podia ser pior, aquilo já era o pior, devia ter deixado ele beija-lo sem dar Pit, deixava os outros três! Por que não deixou Alex?
O mais novo sempre o tratou com cuidado e respeito, enquanto os outros 3 não se preocupavam com seus sentimentos, pelo menos Alex parecia gostar dele muito além de só um corpo pra satisfazer seus desejos sexuais.
Sentiu Grandes braços envolvendo seu pequeno corpo, estava perdido e confuso, o que era aquele abraço tão aconchegante depois daquele beijo tão violento?
- A-alex???
- Eu tô tão feliz que você consegue se defender.
Silêncio.
- O que???
- Você consegue se defender!
Novamente o sorriso cheio de dentes ensanguentados fazendo tudo piorar, muito vermelho, estava confuso e assustado, mal conseguia raciocinar.
- Alex me explica devagar o que aconteceu agora.
- Eu só queria ver como você se defenderia se alguém muito grande te atacasse.
O mundo do Arthur girou mais vezes do que imaginou que poderia girar, aquilo era um teste! Alexander estava testando a força dele pra saber se ele conseguiria se defender! Sentiu uma bigorna de culpa e vergonha cair sobre seus ombros.
Alguns minutos depois Alex lavava a boca com a água da garrafinha que tinha acabado de comprar, precisou lavar a boca quatro vezes para que não sangrasse mais.
Um do lado do outro encostados na parede atrás de uma lixeira velha e em total silêncio, Alex ergueu sua blusa apertado o lugar do soco com um dedo e rindo em seguida, lembrava muito uma criança brincando com um machucado recém feito.
- Alex?
- Desculpa ter te assustado, não era a intenção, mais eu fiquei com medo de alguém te machucar.
- Como assim me machucar?
- Você vai se apresentar comigo, então muitos dos meus clientes vão se interessar por você....mas a maioria deles não é gente boa, desculpa pelo beijo foi a única coisa que eu pensei, não devia ter feito isso.
Alex ainda cutucava as costelas enquanto falava, a voz doce sem maldade nenhuma fazia Arthur querer vomitar, quem tinha quebrado aquele rapaz a esse ponto?
Segurou o dedo do mais novo que olhou confuso pro motoqueiros, inclinando a cabeça curioso, uma grande tristeza se abateu sobre Arthur não sabia de onde ela vinha, só sabia que era a sensação mais horrível que já tinha sentido, tinha algo de muito errado com Alex, e duvidava que alguém ou até mesmo ele sabia disso, puxando o negro devagar o envolvendo em um abraço doloroso e algo dentro dele começou a queimar, só não sabia o que era, tudo podia pegar fogo agora nada mais importava além Alexander no seu abraço.
- Arthur??? Você tá bem??? Tá passando mal??? Me desculpa eu não devia ter feito isso!!!! eu prometo nunca mais te agarrar ou beijar do nada!!!
Olhou pra cima vendo o rapaz assustado e bastante abalado com o abraço, ele era tão frágil e inocente.
Foi o primeiro beijo que iniciou por pura vontade, todos os que tinha dado até ali nos outros membros eram sempre iniciados por outra pessoa, estava sempre sendo levado pela ação dos outros, pelo menos dessa vez ele queria estar no controle da situação.
O gosto de ferrugem se espalhou rapidamente pela sua boca, gosto de sangue, Alex demorou um pouco para entender o que estava acontecendo mas correspondeu o beijo de forma tímida, se sentia horrível, queria voltar no tempo e criado um plano melhor, Daniel tinha pilhado a cabeça dele e acabou fazendo merda.
Se separaram devagar Alex estava com vergonha e um pouco vermelho, o motoqueiro tinha a mais pura certeza de que essa era a real forma de beijar do rapaz, diferente do beijo violento de momentos atrás, e queria mais beijos como aquele.
- Arthur....eu...eu... Tô lisonjeado mais eu gosto do Daniel
Arthur soltou um risinho apertando ainda mais o rapaz em seus braços se sentindo meio idiota por tentar proteger um rapaz de quase 2 metros e musculoso mas que ao mesmo tempo era um poço de Inocência mesmo com aquele tamanho todo.
O abraço continuou por bons minutos, Arthur fazia carinho nas costas do parceiro de dança e sentia seu perfume, a respiração do rapaz tinha virado a coisa mais tranquilizante que já tinha presenciado, seja lá o que tivesse acontecido com Alex, seja lá quem tivesse feito algo com ele, agora seria seu inimigo número um.
- Arthur?
Não queria soltar ele, se soltasse tinha a impressão de que o mundo iria joga-lo ao algum monstro terrível para ser devorado, se sentia um imbecil por pensar isso, mas estava com medo de perder Alex pra alguma coisa que não conseguia explicar.
- Desculpa Alex, eu precisava de um Abraço.
Mentiu, só não queria soltar o grandão mesmo.
Arthur sentiu o amigo puxa-lo pra mais perto ainda, os ombros agora estavam cobertos pela blusa do negro que fechava o zíper dando um sorriso infantil, estava dentro do sobretudo gigantesco do dançarino.
- Então pode ficar aqui dentro.
O silêncio era confortável, conseguia ouvir as batidas do coração do rapaz, a cabeça do negro se apoiava na sua, o mundo podia parar agora, era um sentimento tão gostoso, estava em paz abraçado com ele, mas então...
- Arthur? Você gosta do meu irmão?
A cabeça do motoqueiro nunca virou tão rápido, bochechas vermelhas, pupilas dilatam, se sentia quente, e mal, porque não sabia o que responder e não sabia se queria responder isso pro mais novo.
- E-eu não sei.
- E do Thiago?
Prendeu a respiração, mais vergonha, não queria falar desses assuntos com Alex.
- Eu também não sei.
- E do Joui?
Iria explodir de vergonha se as coisas continuassem daquele jeito.
- Por favor para de perguntar de quem eu gosto, nem eu sei!!!
- Eu te disse de quem eu gosto quero saber! Por favor!!
A inocente na atitude do mais novo era extremamente adorável mais o deixava ainda mais constrangido.
- Se eu soubesse eu te contava eu juro!
Escondendo o rosto no peitoral definido do amigo se sentiu na escola novamente, não tinha resposta pra dar, até porque não sabia exatamente o que sentia pelos três rapazes.
- Já que você não sabe me explica uma coisa, por que você não gosta de vermelho?
Arthur olhou pra cima novamente espantado, como ele tinha reparado?
- Como você percebeu isso?
- Eu vi como você fica quando as luzes da boate ficam vermelhas, aí eu pedi pro Cesar não colocar mais no mix de luzes, e você ficou melhor depois disso, não foi difícil ligar os pontos....sem contar que você também sempre fica incomodando olhando nos meus olhos...eu sei que eles são assustadores mas a sua reação era sempre de pavor.
Arthur se sentiu um pouco mas e fez um carinho nas costas de Alex.
- Me desculpe por isso, não era minha intenção te magoar.
Aquele rapaz era uma caixinha de surpresas! Talvez Liz também tivesse notado mas não quis comentar, porém Alex ativamente tinha notado e impedido que continuasse para que ele não se sentisse incomodado, devia uma explicação a ele.
- Quando a gangue rival do meu pai me pegou e me espancou, tudo que eu via era meu sangue no chão, nas paredes e no meu rosto, tudo vermelho.
Alex beijou a cicatriz que ficava na testa de Arthur, com sua atitude o gaúcho fechou os olhos e suspirou tranquilo, queria saber mais do mais sobre o velho gostava dele e queria o ver bem, Arthur no entanto parecia um pouco inseguro agora.
- Me conta um segredo seu agora, só pra eu não me sentir mal.
Alex revirou sua grande gaveta de memórias, tinha tanta coisa ali, mas nenhuma era boa, e tinha medo de deixar Arthur mais triste ainda.
- Eu tive um caso com um professor casado na faculdade.
- Nossa...pera você já é formado?
- Eu me formei em história aos 17 anos.
Arthur estava de boca aberta completamente desacreditado e impressionado
- Tu só pode estar mentindo pra mim, isso é impossível, com quantos anos tu teria se formado no ensino médio?
- Eu me formei com 13.
Arthur ficava cada vez mais descrente e impressionado.
- Alex com todo respeito isso é impossível, a não ser que você seja um gênio.
- Eu sou um gênio, na verdade eu sou super dotado.
Estava perplexo, se isso fosse verdade, porque caralhos ele estava dançando em uma boate? Será que era igual a Liz? Ou talvez Cesar e Chris tenham pedido?
- Alex, por que tu dança numa boate então?
- Eu quero ficar com a minha família.
- Mas não seria melhor viver uma vida onde você não fosse saco de pancada de algum tarado aleatório?
- Eu já fui professor, eu gostava de ensinar, mas eu queria ficar com o Cesar e como meu Pai.

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Striptease
FanfictionArthur se muda pra São Paulo afim de realizar seu sonho de ser um grande músico, mas as coisas não saem como planejado e ele logo se vê endividado o fazendo tocar na rua para conseguir alguns trocados, uma noite quando voltava pra casa e abordado po...