Quando se sente tantas coisas ao mesmo tempo você tem que ficar quietinha no seu silêncio para pelo menos tentar se ouvir. Beatrice estava ali na S.U.V em movimento, num total silencio agora,enquanto Lilith e Camila conversavam com a Madre superiora.Elas estavam sabendo dos planos de como a madre iria para Espanha em determinado ponto e como poderia chegar e ficar a salvo na sede da OEC.Mas Beatrice não participou dos planos.Seu corpo estava ali,mas seus pensamentos não.
Por fora ela parecia calma como sempre mas por dentro era muito barulhento agora. Ela sentia como se tivesse pecado gravemente ,mesmo que a situação fosse necessária e que ela não tenha tido escolha praticamente. O que ela odiava era ter sentindo aquelas coisas,sentia seu corpo impuro por estar lascivo.Se sentia pecando por estar tão apaixonada por Ava que mal podia conter a vontade de senti-la.
E aquele beijo era uma porta imensa para o pecado porque tinha deixado todo seu ser tremendo de desejo.Desejo por encostar mais e mais em cada parte do corpo de Ava,por ter mais toque,mais pele,mais atrito.Por querer desesperadamente beija-la mais e mais vezes ate se fundir a ela de um jeito carnal.E sim aquelas imagens vinham a sua mente embora ela as repelisse sempre com muita força.Mas agora ,agora ela sentia o gosto da boca que desejara tantas vezes e era como ter tomado uma dose tripla de serotonina,endorfina e todas as químicas de satisfação e prazer do corpo. Compensação. O cérebro entendia que aquilo tinha sido maravilhoso porque ela queria aquilo com tanta força. Mas não devia. Assim que fez seus votos estava abrindo mão deste tipo de amor carnal.Principalmente um envolvendo uma mulher,afinal por isso ela tinha sido mandada para um internato católico na Suíça pelos seus pais.
Querer uma mulher nunca foi "sua" vontade.Não "escolheu" aquilo.Queria ser "normal",ou pelo menos o que foi ensinada que era o normal.Mas sentia atração por meninas.E era um composto de características exclusivas femininas que a faziam querer tanto.Como toda pessoa ,assim que se deu conta de sexualidade e hormônios,desejos,não se sentia atraída por homens.O modo de delicadeza e suavidade feminina permeavam sua mente sem que ela quisesse.Seria fácil fazer um voto de não querer alguém se significasse um homem.Nunca sentiu atração por nenhum.Mas assim que percebeu que seus desejos não eram o padrão geral,sabia que não ia poder ser livre para ser quem era.Tinha medo de quem era.Vergonha.
Passou a vida lutando com aquilo vorazmente se sentindo uma aberração pecaminosa por tais inclinações.O que a deixava animada ou feliz,o que ela amava era justamente o que feria e trazia a dor. Dor de ser tão anormal.E agora o mundo dela estava ruindo mas nunca sua fé.Só que se as coisas não eram exatamente como fora ensinada ....o que mais poderia estar errado?Será que em algum mundo seria aceitável que amasse uma pessoa do mesmo sexo sem ter que se envergonhar disso?
A primeira vez que se envolveu com alguém parecia tudo,menos pecado.Era simples,normal e mágico como todo primeiro amor devia ser.Mas por se tratar de uma garota nunca pareceu ser normal.Tudo menos isso. Uma parte dela não se importou.Ia a festas,bebeu algumas vezes e fez uma tatuagem.Gostava de dançar e estar com os amigos,gostava de correr até faltar ar,não parecia errado então gostar da pessoa que estava sempre com ela,uma amiga especial. Mas era. Porque sempre que a via,sorria bobo.Sentia borboletas no estomago.Cada toque não era apenas um toque,era mais. E quanto mais percebia que era mútuo mais aquilo crescia.
Mas ser tolhido de algo assim ainda tão jovem pode fazer um estrago grande. Beatrice se sentiu obrigada a aceitar o destino que os pais queriam para ela. Separar da pessoa que a fazia gostar de viver e estar num internato católico. Lá ela aprendeu sobre Deus e gostou muito.Realmente acreditou e teve fé. E aprendera que o que ela sentia era pecado.Era errado.Não podia ser assim se quisesse agradar a Deus e agora ela gostava de Deus ,então parecia certo . Também era uma grande vontade de não voltar para casa.De não sair na rua para o mundo real pois assim que saísse aquilo podia vir a tona novamente como os demônios que aprendeu a lutar. A OEC foi um prêmio maravilhoso.No Internato ela estudava mais que todos,aprendera o que podia ,e era tida como reclusa e até solitária. Foi assim que ela conseguiu ultrapassar os hormônios carnais antes que sua fé ajudasse tanto que pode estar na presença de mulheres sem se sentir uma pecadora com pensamentos impuros.
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Quando o amor é mais forte - Avatrice -
FanfictionApenas uma forma de descrever um amor .