A Flor do Inferno

Meu Estranho Vício

Aviso: O conteúdo presente a seguir tem insinuação a suicídio. Se for sensível, é aconselhável não ler esse capítulo. Fica a seu critério continuar a leitura ou não.

P.O.V Narrador

     Quando ele imaginaria que sua vida mudaria tanto? Quando imaginaria se apaixonar por alguém que nem sequer conhece?

     Fazia quatro anos que não a via, três longos anos que sentiu seu toque pela primeira vez. 

     A situação que se encontrava o machucava, como não machucaria? Ver si mesmo se afastar de seus amigos apenas por apenas uma pessoa, perder sua vida por ela. 

     O que havia naqueles olhos profundos para ter o hipnotizado tanto? Aquela assassina era um anjo, sem dúvidas. 

     Shikamaru perguntava-se todos os dias o motivo de ter se apaixonado tão rapidamente e, mesmo sem vê-la, esse sentimento crescer em grande escala.

     Seus pais tentaram conversar, porém o rapaz não conseguia se abrir. Shikaku e ele brigaram feio certa vez e, aparentemente, o mais velho perdeu as esperanças no filho.

     Com dezesseis anos, Shikamaru já se embebedava e usava entorpecentes.

     Com dezessete anos, o garoto foi expulso de casa por ações agressivas contra os pais. 

     Com dezoito anos, se trancou no próprio apartamento estudando incansavelmente, não saía para nada além de missões e comprar o necessário.

     Agora, com dezenove anos, já não via mais sentido para nada, apenas queria ela.

     Neji tentou conversar com o Nara algumas vezes, porém sempre dava na mesma. A última discussão que tiveram não fora algo tão agradável de se presenciar. Shikamaru se lembrava das exatas palavras que ouviu da boca do Hyuga. 

     ❝Não está vendo a situação que se meteu!? Shikamaru, por favor, se afaste desse caso. Pelo seu próprio bem. Se quiser, posso te acompanhar em consultas com o Inoichi-sama...❞.

     Mesmo que naquele momento estivesse chapado, sabia exatamente o que fazia. Então, com um tom agressivo, respondeu:

      ❝Para de encher a porra do meu saco. Eu não quero me sentir melhor.❞.

     Depois dessas frases, Neji se irritou e um sermão longo deu ao colega. Porém, Shikamaru também se irritou e disferiu um tapa no Hyuga. Após isso, nunca mais se viram. 

     Andava lentamente dentre uma floresta qualquer da Vila da Cachoeira, pois não conseguia mais correr. Havia acabado mais uma das milhares missões que Tsunade o designava. É óbvio que a Sennin só o mandava para que ele se distraísse com algo diferente de estudos.

     A maioria de suas missões eram com alguma dupla, porém nessa o garoto insistiu para que concluísse sozinho. Afinal, ele tinha um plano. 

     Parou embaixo de uma árvore qualquer e respirou fundo, criando coragem.

     Não aguentava mais tudo aquilo. Não aguentava mais perder seus amigos pela porcaria do seu egoísmo. Não aguentava mais ser um maníaco drogado.

     Estava pronto para se despedir do sentimento que o causava tão mal. Uma kunai afiada era tudo o que precisava. 

     Fugir desse mundo longe dos que o amam. Pois eles não culpados da sua obsessão.

— Olha só quem eu encontrei... — Uma voz de fácil reconhecimento surge atrás do Nara. 

     Shikamaru não conseguiu se mover. A kunai em sua mão caiu.