Terceiro Desejo: Profundezas do Inferno

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Oh, Deus...
Eu era uma prisioneira da minha própria razão.
E buscava liberdade através da salvação eterna.
Não, Deus...
Não preciso mais do amor divino. 
Porque...
eu não sou mais...

UMA PRISIONEIRA.
UMA PRISIONEIRA.
UMA PRISIONEIRA.
UMA PRISIONEIRA.





     Abri meus olhos e logo vi Inner na minha frente, o que me deixou confusa por alguns instantes até lembrar do que fiz na guerra. Agora, estava no inferno.

     Encaro o lugar a minha volta e vejo um enorme rio, com um barco na beira junto a um ser estranho. 

— E aí, não vai falar nada? — Inner estava com os braços cruzados me encarando irritada. 

     É esquisito olhá-la, já que é praticamente uma cópia minha... Porém com suas pupilas fluorescentes e símbolos estranhos na testa. 

— Não enche. — Revirei os olhos. — Me leve até ele. 

— Não vou te levar a lugar nenhum, acha que eu sou idiota? Você vai fazer merda e não vou me responsabilizar por isso. — Virou o rosto. 

— Está bem, peço informação pra aquele demônio. — Dou de ombros e vou até o ser. 

     Inner resmungou e me seguiu. 

— Para onde vai? — Ele pergunta. 

     O ser tinha a aparência de um humano velho, mas sabia que se tratava de um demônio.

— Quero que me leve até Lúcifer. — Respondi. 

— Uma moeda. — Estendeu a mão, entrego o que ele pede. 

     Subimos naquele barco e seguimos pelo rio. 

— Por que você não está na minha mente como de costume? — Questionei Inner ao meu lado.

— Porque essa maldição não funciona aqui, mas ainda assim tenho que ficar com sua aparência ridícula. — Respondeu. — Sakura, você sabe que isso é inútil, não sabe? Não faço ideia do que quer falar com Lúcifer, mas pode ter certeza que não vai conseguir nada.

— Talvez.

— Você não o conhece, ele é difícil. Muito difícil. — Diz com desdém. — Por que acha que ele iria querer fazer qualquer coisa por você? Aqui, você não é especial. É como todas essas outras almas perdidas... Não é nada além de uma humana patética.

— Eu sei disso. — Olhei para o horizonte. 

     Gritos eram ouvidos por toda parte, gritos de dor e arrependimento. A água pela qual navegávamos, afundava almas pecadoras. 

— Se sabe, por que tentar? Não vai conseguir nada, isso é fato. 

     Balancei os ombros como se dissesse: "tanto faz". Inner revirou os olhos e cruzou os braços irritada. 

— Estamos no Rio Estige? — Perguntei ao condutor do barco. 

— Sim. — Respondeu de forma simples. — Aqui onde permanece as almas daqueles que cometeram o pecado da ira. 

— Hm... Esse rio deixa mesmo quem mergulha invulnerável?

— Assim como também toda promessa feita aqui não pode ser quebrada. — Inner diz. — Acredito que já saiba disso. 

     Assinto e seguimos o resto da viagem em silêncio. 

— É até aqui que posso levar você. — O condutor não espera uma resposta, apenas vai embora. 

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