Capítulo 11

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Santiago Castillo

— Parabéns, a casa é sua! — ouvir isso me enche de satisfação, agora eu vou poder estar mais próximo do meu filho... A quem eu quero enganar? Não quero apenas estar perto do meu filho, eu também quero estar perto de Giovanna, tentar reconquistá-la, e desfazer os muros que levantei entre nós e afugentar esse tal de Bruno.

Eu a amo, ainda a amo como a cinco anos atrás, nem a distância fez esfriar os sentimentos que senti um dia e eu não quero perdê-la novamente.

Nada de baixar a guarda. Não vou deixar que outro cara assuma a responsabilidade de ser a figura paterna que meu filho precisa. Não vou permitir que Giovanna escape de mim outra vez. Eu vou fazer de tudo para reconquistá-la e como diz a minha mãe: "com unhas e dentes" se for preciso.

— Obrigado, Bianca, fizemos um ótimo negócio — aperto a mão da mulher à minha frente e deixo a imobiliária com os documentos em mãos, da casa que agora pertence a mim.

A tarefa mais difícil nisso tudo é ter que ir até a minha antiga casa, buscar alguns itens pessoais para enfim eu poder me mudar para a minha casa nova, só quero ver a cara de Giovanna quando descobrir que agora, sou seu mais novo vizinho.

Assim que giro a chave na fechadura da porta da casa, que por anos se tornou meu abrigo, olho em volta, e só consigo enxergar tristeza. Não há mais vida, não há mais alegria, tudo é vazio e solitário.

Tudo o que tenho são paredes brancas, móveis vazios e o eco dos meus sapatos sociais estalando no chão.

Subo os degraus das gigantescas escadas, que pertenceu a minha família.

Quando eu era criança, morávamos todos aqui, meus pais e meus dois irmãos. Conforme fomos crescendo e os negócios de papai também, logo houve a necessidade de se mudar para a Espanha, e todos eles foram acompanhar meu pai, só eu fiquei, pois, tinha um sonho de fundar a minha própria empresa, e ter a minha própria vida, longe dos prestígios e privilégios que a vida junto dos meus pais me proporcionava.

Vendo que eu não o seguiria, meu pai me deixou a casa como herança e algum dinheiro para que eu pudesse começar a minha vida, embora ele quisesse que eu desse continuidade a seus negócios da família já que eu sou o irmão mais velho de três irmãos homens, e o filho que deveria dar continuidade nos negócios. Com coragem e determinação fui firme em minha decisão de desvincular do status dos Castillo, criei a minha própria empresa e a fiz crescer. E hoje sou dono de uma das maiores empresas de móveis planejados do Brasil.

Deslizando as mãos no corrimão de madeira das escadarias central, penso em como vai ser difícil deixar essa casa, que sempre amei, por ter parte da minha história, e dos melhores momentos da minha família, quando estávamos todos juntos. E por eu também, tê-la prometido a Giovanna, esse seria o patrimônio do meu filho.

Entro no grande e luxuoso quarto, que sempre teve um valor sentimental muito grande para mim, foi ali que dormi várias noites com Giovanna deitada em meu peito enquanto eu acariciava suas costas nuas nos momentos em que pensávamos que tudo seria eterno.

Vou até o closet, pego uma mala grande o suficiente para caber algumas roupas casuais e alguns ternos para o trabalho, e eu vou jogando em cima da cama tudo o que acho necessário.

Entre divagações da minha mente com as lembranças do passado e a tarefa que estou fazendo, sou trazido para o presente, quando sinto o cheiro do perfume adocicado de Amanda.

A loira de olhos azuis, seios avantajados que foi a minha esposa, está em pé, encostada na pilastra do quarto, com os braços cruzados, me olhando com tristeza e arrependimento.

— Você vai embora para a Espanha?

A derrota está explícita em sua voz.

— Não, vou ficar aqui no Brasil, tenho assuntos para resolver — respondo, indo de volta ao Closet. Pego algumas peças, e me viro em sua direção.

— Santiago, eu realmente estou muito arrependida.

É a décima vez que ouço isso só essa semana, e meu estômago já não aguenta mais.

— Que bom que agora você tem um pouco mais de consciência — resmungo em tom ríspido jogando as roupas que separei dentro da mala.

— Não era para ser assim, não precisa ser assim. Murilo foi apenas uma aventura, uma inconsequência, e você não sabe o quanto eu sinto muito por tudo. E a culpa não foi só minha você começou a me desprezar, eu me senti tão sozinha que acabei caindo nos braços dele.

- De outro? Você precisava de outro para consertar a decadência do nosso casamento. Você sabe como me senti quando descobri que você mentiu? Me enganou! – grito com fúria. Arranco os cabides das roupas e as jogo dentro da mala. — Disse que estava grávida, apenas para que eu me casasse com você, e mesmo sabendo que havia conseguido o que queria, você teve a coragem de me trair com outro.

Vejo lágrimas escorrerem, deixando um rastro preto de sua maquiagem no rosto.

— Eu sinto muito, Santiago. Eu não queria te fazer tanto mal.

— Mas fez droga! — me exalto fechando a mala com força. — Você fez tudo o que é de mais desprezível, só para afastar Giovanna de mim. E eu nunca vou perdoar você por ter tramado tudo aquilo, sabendo que ela já estava grávida de um filho meu.

Por fim, ela não diz mais nada, apenas encosta a cabeça na pilastra e chora, me vendo fechar o zíper da mala, a colocar no chão puxando para longe da mulher que me fez tanto mal. 

Quando tudo deu erradoOnde histórias criam vida. Descubra agora