Capítulo 25

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Giovanna Martins

Depois que comecei a estudar, a minha rotina tem sido muito desgastante e cansativa. Entre estudar, cuidar da casa e zelar pelo meu filho, não tem me sobrado tempo para mais nada. Ainda bem que aquele cretino do Santiago , está me ajudando bastante com os cuidados do menino, ele o leva para a escolinha, me dando tempo o suficiente para chegar em casa tomar um banho e começar a cuidar das minhas tarefas diárias.

O céu ainda está cinza quando pulo da cama para cuidar de preparar o café da manhã, conferir o material escolar do meu filho e organizar as minhas matérias para a aula de hoje.

Assim que sinto o aroma da cafeína sair da cafeteria, ouço o barulho da maçaneta da porta da entrada girando, é meu pai, ele está segurando uma maleta preta. Pendurando em seu antebraço está seu jaleco e seu estetoscópio. Ele está com a aparência cansada.

— Bom dia — ele diz se sentando à mesa já preparada para o café.

— Bom dia — sirvo uma xícara de café quente e ele suspira cansado.

— Essa vida de médico não é fácil! — Ele sempre diz isso quando perde um paciente.

—Não é culpa sua, pai. Sei que deu seu melhor — digo sem nem mesmo saber qual é o caso dessa vez.

— Uma criança na idade do meu neto — ele diz com pesar e leva a xícara à boca. — Passei a madrugada inteira tentando ter êxito na cirurgia, mas infelizmente não consegui.

— Não pode se culpar pelas dores do mundo pai — falo e me sento à sua frente. — O senhor é o melhor médico que conheço — acaricio suas mãos e ele me olha com carinho.

— É bom chegar em casa e saber que você está bem. Que vocês estão bem — ele corrige. — Amanhã eu vou viajar — o encaro.

— Duas convenções em menos de um mês? Festas de médicos são tão entediantes.

— Sim. Isso mesmo — ele passa as mãos por cima dos cabelos brancos e ajeita as costas na cadeira. — Me conta? Porque está com essa cara?

Sinto que meu pai está sendo evasivo, e me escondendo algo, mas as minhas preocupações parecem maiores.

— Ah! Suspiro — e passo a manteiga na torrada. — Pai, preciso de ajuda. Não aguento mais.

— O que houve? — ele me olha estreitando os olhos.

— Conversa com o Santiago, por favor. Ele tem sido intrusivo, inconveniente e irritante. — Desabafo. — Acredita que ele foi procurar pelo Bruno e arranjou a maior confusão?

— Não brinca? — Meu pai faz uma careta humorada, uma mistura de deboche e "quero ver o circo pegar fogo". — Eles brigaram? Quem saiu na pior?

— O Santiago deu um soco na cara do Bruno, pai. O coitado está com o lábio machucado, tudo isso porque Santiago enfiou na cabeça que Bruno não presta.

Deixando a postura brincalhona, meu pai fica sério, molha os lábios e me olha no fundo dos olhos.

— O que eu devo fazer, ou até mesmo te dizer? Você já é uma mulher, não posso mais mandar e desmandar em sua vida e não se esqueça, quando cheguei de viagem ele já estava aqui, e com o seu consentimento. Se saiu do controle é porque você deu liberdade para isso, então... Resolva.

Resolva? É só isso que o homem que me trouxe ao mundo tem a dizer? Resolva?

Não bastando meu pai se isentar de qualquer responsabilidade, Santiago desce as escadas com Christian no colo, o menino ainda usa o pijama azul Santiago um short e uma camisa solta, a mesma roupa que veio até a nossa casa na noite anterior. Àquele infeliz dormiu no quarto junto do menino, se aproveitando com a desculpa de me ajudar.

— Bom dia sogrão — ele diz em deboche quando vê meu pai à mesa comigo.

Meu pai me lança um olhar: "Tá vendo aí?" e chacoalha a cabeça em negativa.

Santiago ajusta Christian na cadeira e se senta olhando tudo o que está em cima da mesa.

— Maravilha, o que temos para o café da manhã? — pega uma xícara e a enche de café.

— Uma boa dose de inconveniência — eu digo brava e todos olham em minha direção. — É o que temos para o café da manhã, Santiago!

— Eu não vou ficar no meio disso! — Meu pai arrasta a cadeira para trás e se retira da mesa. — Bom dia para vocês, e não briguem na frente do meu neto.

— Filho, toma seu mingau, não podemos nos atrasar — digo fugindo desse olhar debochado de Santiago que me queima e me irrita a cada segundo que passa. 

Quando tudo deu erradoOnde histórias criam vida. Descubra agora