Capítulo 53

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Santiago Castillo

Cabelo engomado, camisa gola "v", calça jeans, tênis e chave do meu carro nas mãos, é assim que me vejo quando passo pelas portas da boate. Como Susana falou, a casa está cheia, a pista de dança está em puro movimento, enquanto as luzes piscam acompanhando as batidas da música que toca, fazendo todo mundo se mover no mesmo ritmo. O bar está lotado, olho para todos os lados e não vejo sinal de Susana. Procuro um lugar para me sentar e quando a Bartender se aproxima, eu peço uma dose de vodca com energético. Estou cansado e preciso de alguma coisa que me ajude a ficar acordado.

Enquanto levo a minha dose à boca, vejo olhares em minha direção, o clima está ótimo para paquerar, mas a batida repetitiva da música começa a me causar dor de cabeça. Giovanna tem razão, estou ficando velho para certas coisas.

Duas moças se aproximam sorrindo e antes de elas me alçarem, Susana passa pelo meio delas e ganha vantagem, vindo em minha direção.

— Pensei que não vinha — ela fala alto para que eu possa ouvir sua voz em meio a música.

— Como vê, estou aqui — respondo abrindo os braços.

Ela sorri.

— Amiga — ela fala com a bartender —, para ele é por conta da casa.

— Claro — a jovem olha nos olha de soslaio e ri discretamente.

E de repente começa a tocar a música gangnam style do PSY.

— Vem, vamos para área vip... vamos dançar — ela me puxa para a pista de dança, e começa a fazer movimentos que me deixam quase sem fôlego. Ela sobe, ela desce, sempre se encostando em mim, mantendo o máximo de contato possível, enquanto segura o cabelo, ora ou outra apoia-se em meus ombros, sem deixar espaço para outra garota chegar.

Ela realmente parece feliz, é a primeira vez depois da morte do irmão, que a vejo tão solta e descontraída. Vendo como ela tem reagido a tudo, sou levado em pensamentos para Giovanna. Quero tanto que aquele luto acabe, que ela saia do quarto e finalmente comece a viver.

Dançamos, bebemos, e rimos de tudo o que tinha graça e o que não tinha. À minha frente não tenho uma garota sozinha e de luto, tenho uma Susana ousada me dizendo sem palavras que sabe se cuidar.

Enquanto caminhamos para o local onde deixei meu carro estacionado, percebo que ela está um pouco alta por conta das doses que misturou por horas.

— Vai me levar para casa? — ela diz em tom ebrioso.

— Sim! Você bebeu muito. Não quero você andando sozinha assim pela noite.

— Que bonitinho, você está cuidando de mim, igual ao meu irmão, mas você não é o meu irmão então... tecnicamente — ela levanta os dedos e puxa meu queixo, jogando seu corpo para cima do meu. —, podemos passar à noite juntos — ela ri, de suas próprias palavras.

— Não. Não vamos passar a noite juntos, Susana, eu vou te levar para casa, você está bêbeda.

— Ah! Não! — ela bate o pé no chão choraminga. — Quero ir para a sua casa. Giovanna está dormindo a essa hora, e seu filho também, você não vai querer uma bêbada dando maus exemplos para eles, vai?

Merda! Ela tem razão.

— Tudo bem, eu vou te deixar dormir na minha casa, mas não pense que sou esse tipo de homem, não me proveito de garotas e muito menos as que estão bêbadas — falo a segurando pelo braço, enquanto abro a porta do carro para colocá-la dentro.

Quando chego em casa com ela sendo suspensa pelos braços, Susana ainda insiste que devemos passar a noite juntos, ela me diz muitas coisas que fazia em sua antiga vida, e mostra um comportamento completamente diferente que conheço quando ela está sóbria. Começo a pensar que não foi uma boa ideia ter aceitado aquele convite. Susana não é o tipo de pessoa que consegue ingerir bebidas alcoólicas sem fazer vexames.

Subo as escadas com ela em meu colo e a levo em direção ao quarto de hóspedes, onde há poucos móveis, uma cama e um guarda-roupas que os antigos donos deixam para trás.

— Isso, fique quietinha — a deito na cama do quarto e ela fecha os olhos sendo vencida pelo sono, e finalmente se acalma.

Depois de apagar a luz, saio do quarto devagar e quando estou prestes a fechar a porta, ouço o som de líquido sendo expelido pela boca. Susana vomita no chão, me obrigando a acender a luz para conferir se ela está bem.

Ah! Meus Deus, essa noite vai ser longa!

Quando tudo deu erradoOnde histórias criam vida. Descubra agora