Capítulo 12

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Santiago Castillo

Graças a Deus a casa que comprei já está mobiliada, os antigos donos levaram poucas coisas, e isso facilita a minha vida, pois, não quero perder tempo com nada além de reconquistar a mãe do meu filho.

O imóvel é de um mesmo exemplar que a casa de Giovanna, já que esse é um condomínio de luxo com casas projetadas com um mesmo modelo. A ambientação é estilo americano, mas, ao invés de madeira, temos portas e paredes de vidro, que passa a ideia de modernidade. A entrada ampla tem vista para uma cozinha pequena americana, que faz divisória com a sala de jantar, sala convencional, e um banheiro social. A área de limpeza fica nos fundos da casa, juntamente com a área de lazer, que tem uma piscina enorme, e um conjunto de namoradeiras de madeira — presentinho dos antigos donos.

No segundo andar, tenho um corredor com quatro quartos, três com suíte, e um sem. Um banheiro grande no corredor e uma linda vista para a rua, que posso ver através da sacada que cobre toda a frente do segundo andar.

Inspiro o ar húmido da noite, enquanto seguro o guarda-corpo da sacada, olho para o lado tentando ver alguma coisa na casa da minha nova vizinha, mas tudo o que tenho é o absoluto silêncio.

Giovanna mudou muito, quando a conheci, ela era sempre alegre e agitada, e agora age como se tivesse perdido o interesse por quase tudo, está sempre melancólica e triste. Isso reflete no fato de ela ter deixado a faculdade após a gravidez e não ter voltado, mesmo depois de eu ter insistido tanto. Ela não faz ideia do quanto me sinto culpado por isso, por ter impedido que ela conquistasse a carreira que sempre sonhou e se dedicou tanto.

Propositalmente resolvo me instalar no quarto onde a janela me dá a visão das grandes paredes de vidro da sala de Giovanna; assim eu posso ficar a par de tudo que tem acontecido na casa ao lado. Eu sei que isso é loucura, mas a verdade é que mesmo sabendo que estou invadindo a privacidade alheia, estou a ponto de enlouquecer pela simples ideia de ter outro homem tentando ocupar meu lugar na vida do meu filho.

Assim que desfaço as malas, tomo um banho no banheiro grande, porém sem nenhuma familiaridade. Tudo é muito novo, ainda estou tentando me acostumar.

Depois de vestir um conjunto de moletom, pretendendo dedicar alguns minutos da minha noite para correr ao ar livre e reorganizar os pensamentos, dou uma última olhada pela janela, e vejo que a luz do andar de baixo da casa ao lado está acesa.

Fico paralisado tentando ver algo, e quando estou próximo de desistir, Giovanna abre as cortinas. Vejo um cara alto e forte, que tem uma barba rala, porém bem feita — diferente da minha, que a quase um mês não vê um barbeador. - Ele usa um relógio no pulso e está usando roupas casuais, calça jeans preta e uma regata amarela.

Estreito os olhos buscando mais informações, e também vejo Christian, segurando algumas peças coloridas nas mãos sorrindo e amimado. Eles se sentam juntos ao chão, próximos ao móvel onde fica a televisão. Vejo quando o cara, momento o outro, acaricia as costas de Giovanna e a beija na cabeça, ela o olha sorrindo demonstrando grande dose de afeto.

Eles parecem felizes com a presença um do outro, como se não faltasse nada. Juntos começam a montar algo, que provavelmente é um brinquedo, em uma típica atividade em família, onde há risos e alegria.

Isso me faz engolir a minha saliva com dificuldade. A sensação de estar perdendo quem eu mais amo, quase me esmaga.

Retiro a cabeça da janela, decidido:

Talvez eu não vá praticar exercícios hoje.

Quando tudo deu erradoOnde histórias criam vida. Descubra agora