Capítulo 19

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Giovanna Martins

— Oi pai, como foi a viagem? — beijo o rosto do meu pai e o abraço.

Meu pai é bastante diferente de mim, ele tem olhos azuis claros enquanto os meus são da cor do mel, ele tem a pele branca e cheia de sardas e minha pele é parda, a única coisa que temos em comum é o cabelo, que é castanho escuro, liso e escorrido, a minha melanina capilar ainda mantém a cor natural, mas o meu pai já tem sinais dos seus cinquenta e sete anos. Ele já tem cabelos grisalhos que dá a ele uma aparência madura e respeitosa. Ele diz que me pareço mais com a minha mãe, ela era descendente de índio, por isso eu tenho alguns traços exóticos.

— Foi ótimo, filha. Ainda mais tendo uma mulher como Vanessa como companhia.

Rimos todos juntos, e eu cumprimento Vanessa. Ela é uma mulher madura, tem quarenta e cinco anos. Acho que meu pai gosta muito de tons mais escuros do que os dele, pois ele me contou que depois da minha mãe, só saiu algumas vezes com algumas mulheres, e todas elas de pele escura, e Vanessa não é diferente, é uma linda negra de pele lisa e cabelos crespos cacheados. Sua aparência é bem conservada, quem olha seus olhos negros e a pele lisa de seu rosto, não diz que ela já passou dos quarenta. É uma mulher elegante, e muito reservada, desempenha bem o papel de madrasta, e tem sido uma boa avó para meu filho, além de uma ótima companhia para o meu pai.

Vanessa ri, me lança um olhar engraçado.

— Seu pai, sente muito frio, ficamos a maior parte do tempo trancados no quarto do hotel, tudo isso...

Meu pai completa:

— Por causa do aquecedor.

Voltamos a rir e meu pai puxa as malas em direção a sala.

— A vigem de volta foi muito cansativa nem sei porque pagar tão caro em um voo executivo, se ninguém conversa... — Meu pai entra em outro assunto aleatório enquanto nos acomodamos no sofá da sala.

Ele e a namorada me contam a respeito de suas experiências e já até fazem planos para uma próxima viagem em família. E, quando ele diz tudo que está em sua mente olha em volta e pergunta: — Onde está meu neto?

— Na casa do vizinho — eu digo e vejo um vinco no meio de suas sobrancelhas.

— Qual vizinho? A senhora Moreno está doente, e a casa ao lado está desculpada.

— O Santiago, pai, ele comprou a casa ao lado — respondo.

Meu pai franze a testa e fica mudo por um tempo ponderando algo.

— E a mulher dele?

— Parece que se separam de vez — falo e Vanessa faz uma careta indicando sinal de problemas à vista.

Ela sabe um pouco da história, e tem a plena consciência de que a minha situação com Santiago é no mínimo, muito complicada.

— E ele tinha logo que comprar uma casa, aqui, perto de nós?

— Diz isso pra ele! — respondo dando de ombros. — Vocês trouxeram presentes? Diz que sim! — Mudo de assunto, não quero mais falar sobre Santiago, e de sua aproximação, que incrivelmente tem surtido bons efeitos, principalmente com Christian.

Seguindo o conselho da minha terapeuta, contei para ele como me sinto, e o simples gesto, me tirou toneladas de ressentimentos.

Confesso, ainda sinto a força daqueles grandes braços me envolver e confortar, e desde aquele dia, parei de sentir raiva. Tudo o que sinto agora é que estamos criando outro vínculo, diferente do passado, agora estamos criando uma amizade verdadeira, para que consigamos criar nosso filho em pareceria.

— Mais é claro, filha você precisava ver... — Vanessa sorri abrindo a mala, puxando alguns pacotes. E novamente ela e eu entramos em assuntos a respeito da viagem e da loja de decorações e os pontos turísticos que eles visitaram, enquanto meu pai permanece com as pernas cruzadas, apoiando a cabeça com o punho, calado, sem demonstrar nenhuma expressão.

Quando tudo deu erradoOnde histórias criam vida. Descubra agora