Quando tudo deu errado

Capítulo 36

Santiago Castillo

A casa está movimentada, observo enquanto olho sutilmente para a casa do vizinho através da janela do meu quarto. Ajusto a gravata borboleta do Smoking me sentindo um masoquista, por estar indo participar de uma reunião onde não sou bem-vindo de verdade, e onde sei que vou ver a cena que mais me machuca o peito; Giovanna sendo dada em casamento a outro.

Mas é preciso tentar, talvez a minha imagem, faça Giovanna se lembrar do quanto fomos amantes no passado, e do quanto ela está errada em aceitar esse pedido. Esse é o único motivo da minha aparição.

Depois de ajustar o relógio no pulso, saio de casa decidido a enfrentar seja lá o que estiver por vir.

A porta da entrada da casa de Giovanna está aberta, quando passo por ela, meu coração acelera, não sei o que é mais bonito, se Giovanna no vestido longo creme com pedras, ou seu cabelo que está solto, sendo suspenso com uma tira na lateral, e brincos longos que caem sobre seus ombros. Ela está com o rosto brilhante, bonito e feliz. Eu pagaria qualquer valor para mandar emoldurar aquele sorriso, só para que eu visse todos os dias.

Ela se aproxima para me receber junto de Christian que também usa um terninho perto.

— Papai! — o pego no colo e beijo. — Ganhei presente da vovó Eda... — Ele sorri e desce do meu colo, para ir atrás do garçom que está segurando uma bandeja de doces finos.

— Não corra — digo, mas já é tarde o garoto já está distante o suficiente para me escutar.

— Oi — o rosto que estava tão feliz agora parece apreensivo. Giovanna se aproxima e eu a cumprimento com um beijo no rosto, não deixando de sentir seu cheiro, um delicioso cheiro adocicado que lembra chocolate.

— Não pensei que vinha — ela diz forçando um sorriso.

— Bruno me convidou, se esqueceu? — Ela sabe que não estou ali por ele, ela sabe o porquê estou aqui. Então é melhor aproveitar o momento e dizer mais uma vez o penso sobre tudo isso. — Giovanna, eu vim para ver se você desiste dessa ideia de se casar com esse cara.

— Santiago! — Ela tenta me repreender, mas eu a interrompo.

— Não! Não me peça para ficar calado. Isso é uma loucura que está fazendo, você não ama esse cara, está apenas se enganando.

— Você não tem o direito de vir até aqui e falar sobre isso, não hoje! — ela diz levemente irritada, olha para trás para se certificar de que não há ninguém nos vendo, e suspira. — Se é para isso que veio, é melhor ir embora, porque o pedido já foi feito e eu já aceitei — ela levanta a mão e me mostra outro anel, diferente do primeiro.

— Ótimo! Assim eu sou poupado de ver você estragar a sua vida — falo deixando a irritação me consumir e me retiro de sua presença.

Por mais que pareçam egoístas as minhas palavras, eu não poderia deixá-la tomar uma decisão tão importante assim, sem deixar claro meu ponto de vista na história.