Capítulo 50

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Giovanna Martins 


Os risos que vêm da cozinha parecem animados, ouço o som da voz da minha mãe, Susana e Santiago . É impossível continuar deitada, quando percebo que eles estão compartilhando algum momento divertido.

Segurando a minha pequena e barriga, e sem conter a curiosidade, me levanto da cama ainda usando minha camisola, e saio do quarto.

Os risos se intensificam à medida em que me aproximo, mas é quando finalmente entro na cozinha que noto o porquê eles estavam rindo...

— Aí meu Deus! Filho! — Christian a está sujo de lama, dos pés à cabeça, enquanto a minha mãe segura suas mãozinhas.

— Mamãe, e fiz igual a peppa pig — o rostinho encardido ri e me olha com o mesmo semblante que usa quando apronta suas traquinagens. Logo minha mãe começa a me contar que o garoto se jogou na lama do parquinho dizendo ser o George do desenho animado.

— Filho, e quantas vezes mamãe já disse que não pode fazer como nos desenhos animados?

— Não briga com ele, Giovanna, a culpa foi minha. E seu pai me contou que você fazia pior — a vovó cúmplice defende o neto, enquanto rimos — Bem, eu vou levá-lo para tomar um banho — minha mãe pega nas pequenas mãos de Christian e o leva, deixando rastros de lama para todo lado.

Agora a minha atenção está em Santiago, finalmente ele fez a barba, ganhando alguns anos mais jovem em sua aparência; ele usa uma calça jeans, tênis e uma camisa esporte. Susana já está pronta, usando calça jeans, botas e uma blusa justa, porém comportada para um passeio em "família".

Ela tenta disfarçar, mas eu percebo seus gestos corporais, jogando os cabelos para o lado o tempo todo, retocando a maquiagem no pequeno espelhinho de bolsa; mesmo sem necessidade, e faz questão de tocar em Santiago toda vez que ri de alguma coisa engraçada que ele fala.

— Você está bem? — Ouço a voz de Santiago me tirar de meu monólogo interior.

— Sim. Eu só vim beber água — falo e abro a geladeira.

E novamente aquele sentimento maçante de raiva me abraça, e sinto como se eu fosse explodir feito um balão de gás hélio. Odeio ver qualquer mulher perto dele. E a raiva se intensifica mais, porque, não posso fazer nada além de sustentar o luto pela memória de um noivo morto que todos pensam que eu amava.

Sinto dedos me cutucar no braço. E novamente volto do meu monólogo particular. Vejo que os lábios de Susana a estão se movendo.

— Oi — eu digo e vejo ela ri.

— Eu disse que a garrafa de água é esta há alguns sentimentos da sua mão.

— Há — rio sem graça e coço a cabeça. Passei tempo demais pensando no quanto me sinto incomodada com a aproximação desses dois e esqueci para qual propósito abri a geladeira.

Pego a garrafa e despejo o líquido no copo, enquanto bebo percebo que Santiago já está em outro assunto com Susana. Eles estão se entrosando bem depois do acidente de Bruno. Santiago sempre liga e depois de falar tudo o que precisa, sempre pergunta por Susana.

Não seria difícil de ele se apaixonar por ela, Susana é uma mulher bonita, tem um jeito um tanto infantil, mas não deixa de extrair olhares furtivos onde é a que vai. Em meio a tudo isso, eu fico confusa, não sei se os sentimentos que ele sentia por mim, ainda permanecem vivos depois de eu escolher me casar com outro.

— Tem certeza de que não quer ir nos acompanhar? — Santiago o fala e eu confirmo com a cabeça.

Seu olhar preocupado percorre meu corpo rapidamente e depois se voltam para Susana, mas ele não me dá muita atenção ou insiste.

Me questiono:

Ele tem me ignorado, ou respeitado meu luto? Eis a questão!

— Vamos loirinha! — Santiago fala meio empolgado recolhendo a chave do carro de cima da bancada.

Loirinha? Já chegaram nesse nível, apelido carinhoso?

Susana ri deixando claro que existe um interesse nessa aproximação que está longe de ser "apenas amigos".

— Eu vou ver se o Christian vai já está pronto — digo me retirando da cozinha.

Algo está acontecendo entre aqueles dois e eu vou descobrir. 

Quando tudo deu erradoOnde histórias criam vida. Descubra agora