Quando tudo deu errado

Capítulo 64

Giovanna Martins

Consegui reunir toda a família para dar a noticia do sexo da criança... Meus pais, Vanessa, Dona Ieda, Susana e como um bônus, Santiago . Depois da consulta médica, ele me levou para casa em silêncio e pensativo, o conhecendo bem, eu sabia que alguma coisa errada estava acontecendo. Eu sabia que esconder tudo o que estávamos vivendo juntos não era o correto, mas eu não fazia ideia por onde começar para que as coisas voltassem para o lugar, que eu o amava, era fato, eu não tinha nenhuma dúvida. Mas eu não podia ser tão cruel, me esquecendo dos sentimentos que Susana nutre por Santiago, da forma como dona Ieda me admira pelo tempo em que estive com Bruno, e a criança que está na minha barriga que é um fruto do meu envolvimento com seu filho.

Estamos na varanda da cobertura, meu pai está sentado nas poltronas ao lado de Vanessa, minha mãe dando atenção a dona Ieda (elas ficaram muito amigas) Santiago brinca de bola próximo da piscina com Christian, enquanto Susana animada tira fotos para postar em suas redes sociais, obviamente Santiago sai em todas elas.

A noite já caiu, o tempo está fresco e agradável. Susana propôs que eu fizesse um chá revelação com direito a bolo e decoração, mas preferi uma reunião íntima e simples, o que não impediu de dona Ieda junto de minha mãe, providenciarem salgadinhos e guloseimas.

— Tomara que seja um menino, para se juntar ao time do Christian — meu pai comenta tirando sorrisos de todos.

— Nada disso, senhor César, Manoela e eu queremos uma menina, para podermos ensiná-la coisas de menina — Em tom brincalhão dona Ieda retruca.

Vanessa ri com elegância.

— Também prefiro que seja uma menina, mas além de tudo que venha com saúde...

Todos concordaram e entraram em uma conversa após meu pai contar o lamentável episódio de ter visto um bebe recém-nascido ter nascido com um terrível problema cardíaco em seu ofício como médico.

Enquanto eles se distraem, entro para a cozinha à procura de alguma guloseima para saciar o meu desejo de comer algo doce e fugir da visão de ver Susana tão próxima dos homens da minha vida. Me distraio catando os docinhos de cima da enorme mesa que minha mãe e Dona Ieda montaram, enquanto penso no quanto me sinto incomodada ao ver Susana tão próxima de Santiago e Christian, é tão torturante ter que presenciar a harmonia dos dois. Se eu pudesse ia lá fora e mandava ela sair de perto do... do homem... do homem que amo. Mas eu não posso, infelizmente devo manter a pose de noiva enlutada.

Enfio um docinho de morango na boca e mastigo aprofundando meus pensamentos enquanto me delicio com o sabor, e de repente, sinto mãos grandes, porém delicadas tocarem na minha cintura e alisar a minha barriga devagar. Tomo um susto e dou um passo para trás, e quando olho por cima dos meus ombros, vejo um sorriso bonito e iluminado.

— Desculpe, te assustei?

— Não, eu... — Santiago ri pelo fato de eu estar falando com a boca cheia.

— Sabe Giovanna — ele toca meu rosto com delicadeza e joga uma mexa do meu cabelo para trás da orelha. — Eu andei pensando, e... Achei justo o que você me disse, vou deixar a minha empresa nas mãos do meu irmão, pois quero tirar um tempo para mim, para o Christian... para nós... E eu queria uma resposta sua. — Ele se aproxima dos meus lábios me obrigando a recuar. Olho para trás do vidro que separa a sala da varanda onde todos estão, para me certificar de não tem alguém prestando atenção em nós e torno a olhar para Santiago .

— O que quer dizer com isso?

Ele me lança um olhar profundo.

— Cansei de me esconder. Cansei desse jogo, eu não tenho mais idade para isso... quero você de volta para mim, quero reconstruir a nossa família... E quero que você tome uma decisão.

— Santiago, o que está me pedido é...

— O necessário para que estejamos juntos novamente — Ele me corta. — Diz a verdade para dona Ieda de que você me ama, que você só ia se casar com Bruno por obrigação.

— Eu não posso! — Protesto. — Já imaginou como ela se sentiria?

— Péssima! Eu sei! Mas quem disse que você deve viver para agradar os outros? Hein?

— Santiago eu...

Ele me cala colocando o indicador nos meus lábios.

— Vamos para a Espanha: nós e os nossos filhos... Podemos passar algum tempo por lá para voltarmos a ser o que éramos antes.

O olho completamente aérea.

— Nossos filhos?

— Sim. Se você deixar eu quero assumir o bebê.

Me calei, quase emocionada com o que acabo de ouvir. Na verdade, ver Santiago desejando assumir meu filho já havia passado pela minha cabeça, mas nunca pensei que ele de fato queria.

— Santiago ... — Minha voz picota à medida em que ele envolve seus braços na minha cintura. — Eu, eu não sei o que dizer...

E quando menos espero, Santiago toma meus lábios, sem se importar com o que os outros irão pensar, ele me beija com carinho, saudade, da mesma forma devota que a cinco anos atrás. Ele movimenta seus lábios nos meus me fazendo sentir formiguinhas na barriga. Deixando para lá toda e qualquer preocupação, retribuo o seu beijo, agarrando sua nuca, e o puxando para mais perto. Santiago deixa meus lábios por um tempo, e sorri, entendendo que eu estou dizendo "sim" seja lá para o que ele quer me propor.

E, de repente ouvimos um "Oh, meu Deus!" Vindo de algum lugar da cozinha, e quando olhamos para o lado, lá está...