𝐁𝐞𝐚𝐮𝐚𝐧𝐲|| Uma vida de traumas e medos fizeram ela ser quem é hoje.
Tendo 21 anos, Any teve que aprender na marra a se virar nas ruas e totalmente sozinha.
Com uma infância ruim e uma adolescência péssima, ela sabia que confiar em alguém estav...
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Any Gabrielly
Terça-feira
Tive vários traumas em minha vida, inclusive inseguranças que me fizeram me odiar por muito tempo.
Já tentei tirar minha vida, já pensei em desistir de tudo achando que esse seria o caminho mais fácil, mas nunca tive coragem.
A vida chegou a me sufocar, mas de uma forma lenta e dolorosa que tive que aprender a suportar sozinha. Via famílias felizes e pensava o que eu tinha feito de errado para os meus pais me odiarem tanto.
Eu fui erro?
Estudei até os meus 12 anos, depois disso virei refém da minha própria família. Eu era um jogo, uma diversão, eles achavam engraçado me ver sofrer. Me batiam porque parecia prazeroso me ver gritar em meio ao choro.
Fui tocada, obrigada a fazer coisas que não queria, suportar coisas que me deixavam enojada, mas não conseguia fugir daquilo. Tentar fugir era pedir para sofrer dez vezes mais, se eu fizesse isso, seria para sumir do mapa de vez.
Me sentia incapaz. Não podia revidar, não podia pedir ajuda, não podia fugir, não podia fazer absolutamente nada. Fui e era obrigada a aguentar tudo aquilo.
Com meus 18 anos, quando resolvi me envolver em uma briga por dinheiro, foi quando escutei isso; Você é incapaz até de ficar em pé, quem dirá me acertar um soco.
Aquela mulher me fez desenvolver raiva, mas uma raiva que eu jamais pensei que iria sentir. Quando me dei conta, ela já estava desmaiada e seu rosto coberto de sangue de tanto soco que eu acertei ali.
Depois de alguns meses já não me reconhecia mais. A Any deixou de existir e fui tratada apenas como Gabrielly, que ficou sendo considerada meu pior lado.
Ouvir Josh falar aquilo fez minha mente voltar três anos atrás.
Meu limite sempre foi o chão, sempre foi o momento em que ouvia o grito sinalizando o vencedor. Não existia dor, era apenas aquilo. Agir de cabeça quente era o que me fazia sentir raiva, era o que me dava vontade de socar o adversário até ele cair desmaiado no chão. O que ele queria que eu fizesse?
Josh não tem dimensão do que uma garota de 12 anos teve que aguentar até os seus 18 para estar viva, ainda mais agora com 21.
Tudo é, e sempre será questão de sobrevivência para mim. Pode vir um, dois, três, até vinte, só desisto quando eu realmente cair desmaiada no chão!
Uma batida na porta me fez assustar e eu passei a mão no rosto enxugando as lágrimas.
— O quê? — gritei com a voz fraca.
— Gabrielly você já está a quase um dia aí. — escutei a voz de Josh e olhei pela janela. — Come alguma coisa. — me encolhi na cama.
