duas rainhas e uma coroa | XVI

toc toc

Emma Queen

Eu me sinto a pessoa mais idiota desse mundo todo.

Ok, não do mundo todo, mas boa parte dele.

Emily chegou na sala como uma flor brotando em meio a primavera e saiu como uma tempestade destruindo tudo que vê pela frente. Tudo bem que ela é a pessoa mais inconstante que eu já conheci na minha vida, ela sempre ta mudando de humor e qualquer coisinha já estraga completamente seu dia, e caso boa, faz dele totalmente esplêndido.  Ah, eu amo esse jeitinho...

Me jogo na cama, com ambas as mãos apertadas contra meu rosto.

Mas mesmo assim, nunca a vi tão nervosa, a não ser por aquele dia da luta, ela chegou uma fera, tenho minhas dúvidas que se eu não tivesse cravado a espada nela, quem sairia ferida era eu. De qualquer modo, era diferente. Naquela hora eu sabia porque ela estava brava e sua raiva estava clara. Mas desta vez é apenas diferente, ela age de modo rancoroso, mas do jeito que aconteceu, nem tenho certeza se está brava comigo ou com mamãe, ou se está muito brava ou apenas foi encenação.  Eu simplesmente não sei. E não sei porque não sei.

- ARRRRGH - Vocifero para o nada, arremessando a almofada em minhas mãos para bem longe. - Te odeio Elizabeth. - Me deito na cama de novo, tentando não surtar totalmente.

O pior de tudo, foi ela me pedir, para aceitar a droga do matrimônio entre Theo e Emily. Eu quero matar ele.

Eu poderia matar ele. Ah eu poderia.

Mas não vou. Se matar ele, estarei matando Emily. Então paciência.  Respira fundo e-

Batidas. Batidas na porta. Me levanto em um pulo, mesmo sabendo que não é a Princesa. Primeiro, porque ela nunca iria vir tão rápido, segundo, porque ela não bate desse jeito, e terceiro, porque essa batida é do empregado que sempre vem me enviar cartas. Então apenas não respondo, e espero a conveniência dele para enviar o envelope por baixo da porta. Mas ele não passa. Eu grito, na verdade eu basicamente rosno, para ele jogar logo aquele trombolho. Mas mesmo assim ele continua batendo. Me levanto, pronta para acabar com a raça desse Inglês sem noção. Mas quando abro a porta, entendo a situação.

Ele carrega nas mãos uma caixa grande, e um envelope, rio sem graça e abro mais as portas, para que ele entre e deixe o caixote em algum lugar do cômodo. Ele faz exatamente isso, e sai dos aposentos logo após, meio envergonhado com o cenário todo. Mas, fazer o que, não tinha como eu saber. No mesmo momento que ele sai, esqueço disso e caminho até o presente. Espero eu que seja um presente.

Pego-o e largo-o em cima da cama, atacando o pacote como se fosse minha salvação. Mas não. Muito pelo contrário. Um maldito vestido de gala, além de estranho, totalmente enfeitado e desconfortável. Acho que me acostumei demais com a ideia de roupas mais leves que Emily passa.

Suspiro fundo, e pego um bilhete na borda do pacote.

"A próxima fase começa em um dia. Se prepare.

                            Com amor, da sua Mãe."

" Com amor "

Quase chego a rir da ironia disso. Mas apenas fecho o pacote e jogo ele para o lado. Ta tudo errado. Isso não devia estar acontecendo. Tudo estaria bem se Elizabeth tivesse ficado na França.

Me jogo na cama de novo. Inutilmente, pois logo em seguidas as batidas na porta voltam. Resmungo, quase grito e mando irem embora, mas obendientemente, me levanto, ando até a saída, e abro as portas do aposento, para ver meu irmão, me olhando com uma cara de "você sabe porque estou aqui".

Respondo com uma cara de "Agora não."

Ele me ignora e passa por mim, entrando com uma expressão de "vai ter que me escutar."