Emma Queen
Imagine que absurdo duas Princesas em pleno século XVI, andando de noite sozinhas pelo palácio. Bem, era isso que estávamos fazendo.
Para duas mulheres, que já lutaram, se beijaram, flertaram, falaram coisas inapropriadas, e que estavam tentando tomar o trono, andar sozinhas a noite, era o mínimo da rebeldia.
Ambas nos vestimos com capuzes longos que cobririam nossas faces, nos enchemos de roupa para não reconhecerem nosso corpo feminimo, e caminhamos até o pátio, onde esperávamos encontrar qualquer sinal de algo que denuncie quem nos sabotou.
- shh, Emma. Se continuar esbarrando em todo ornamento o qual passarmos, vai acabar acordando alguém! - Sussurra se virando para mim, que ando atrás distraidamente, a cada um segundo quase nos denunciando com um estrondo diferente. Não posso evitar, esse castelo é novo para mim, e tudo está escuro.
- Bem, se você me puxar mais devagar, talvez consiga acompanhar seu ritmo. - Aponto para nossas mãos juntas com minha cabeça, ela não me responde, mas vejo seu rosto corar, o que me dá uma satisfação de vitória, quando a pequena loira volta a me puxar com uma expressão rabugenta.
Ela me leva até o pátio, onde a grande confusão ocorreu. Já entra olhando pros lados, procurando por possíveis testemunhas de nosso terrível crime.
- O que pretende achar aqui Vossa Alteza? - Pergunto estreitando meus olhos, sem nenhuma noção de como ela pretende desmascarar o nosso suspeito.
- Sinais de que alguém esteve aqui antes ou depois de nós.
- Bem, boa sorte com isso. - Paro de andar, cruzando meus braços. O que faz Emily se virar, e olhar para mim tentando entender meu comportamento.
- O que é isso Emma?
- Emy, se passaram dias. Não vamos achar nada!
- Não seja tão pessimista, venha logo.
Insiste me puxando pelo braço, porém me solto dela e chego para trás, balançando minha cabeça em negação.
- Não faz sentido. Procure sozinha, ficarei observando bem aqui... - Me apoio em uma das pilastras, - a mesma a qual ela me jogou semanas atrás. - quase me estabanando toda, mas logo recuperando a postura e erguendo a cabeça. - ... Nessa pilastra.
Emily bufa, resmunga, reclama, mas se vira e mantém seu foco no trabalho, me deixando apoiada naquela construção branca grande. Apenas a observo, pois estou cansada, e essa busca é inútil. A princesa vasculha as armas, deita no chão, gira as pilastras, olha nas janelas, sobe nas pilastras, nos bancos, quase lambe o chão! Essa cena toda me faz soltar risadinhas a cada minutos, proporcionalmente a fazendo me mandar calar a boca, e voltar ao seu foco. Vê-la tão persistente em algo é fofo e engraçado, a princesa é uma mulher destemida e forte, pois apesar de seus seguidos fracassos, permanece insistindo em algo sem sentido. Poderia mostrar pra ela o quão inútil é isso, mas gosto de vê-la assim, e vai fazer bem para sua mente pelo menos pensar que isso tem uma solução.
Não tem uma solução. - Isso tira o sorriso de meu rosto, se substituindo por uma expressão vazia e triste.
Não posso pensar dessa maneira também. Não posso ficar aqui parada enquanto ela caça uma saída para sua morte. Me ajeito e começo a procurar com ela, proporcionando um pequeno sorriso em seus lábios.
Acho que minha parceira não é muito boa em detalhes, pois é só eu pôr meus olhos sob as armas, que reparo em algo na minha espada, sorrio internamente com a lerdeza de minha querida loira, mas me concentro em meu trabalho, e tiro a espada de seu porte.
- Foi tocada recentemente.
Falo baixinho, esticando ela inofensivamemte, para que eu não possa me cortar. Eny caminha até em minha frente, olhando diretamente para o instrumento que se deita nas palmas de minhas mãos.
- Como assim? - Pergunta confusa, com suas sobrancelhas franzidas para baixo, olho pra baixo junto com ela e passo os dedos sob a lâmina.
- Está quente e energizada, parece que está agitada, como se fosse usada para matar alguém a pouco tempo, mas duvido muito, pois está limpa.
Olho para os lados, estranhando a situação.
- Será que alguém anda investigando o caso além de nós duas? - Pergunto desconfiada, sussurro para que caso alguém estivesse escondido em qualquer lugar, não pudesse nos ouvir. - Emy, temos duas opções aqui. - Decido por fim, chegando em uma conclusão definida se penso direito. Suspiro e me aproximo da princesa, de um modo que possamos ouvir apenas nossas respirações, ambas ofegantes e assustadas. - Ou alguém esteve aqui para investigar o que aconteceu...
Olho à sua face, o que a faz olhar para mim também, como se perguntasse "ou...?". Então continuando lentamente, falo mais baixo, fitando seus olhos claros:
- Ou alguém esteve aqui para apagar evidências.
O azul de seus olhos se tornam frios, mas não de raiva e sim de medo, pois sua respiração se prende e ela tenta se virar para procurar por alguém. Mas eu a seguro pela mão e balanço a cabeça minimamente.
- Emily, não deixe óbvio, vamos sair daqui. No quarto conversamos.
Subitamente tenho a impressão de estar sendo observada, e parece que jovem-loira também o tem. Porque concorda comigo de modo sério e seu corpo rígido, e para tentar acalma-la, aperto sua mão, o que causa ondas de arrepios em mim, mas ignoro, pois o que importa agora é sua segurança, e guardo a arma, falo determinada para ela, em um tom que qualquer pessoa por perto, seria capaz de ouvir:
- Emily, volte para o quarto e procure por algo lá, vou continuar a investigar aqui certo? - Exclamo calma e serena, com toda a tranquilidade que minha mãe me ensinou a ter em situações como esta. Mas a princesa não consegue disfarçar e empalidece com a ideia. Ponho veemência em meu pedido, arregalando os olhos para ela como uma ameaça, uma afirmação de que ela TERIA que ir.
Respira fundo, diversas vezes, como se tomando coragem para ir. Quando acho que ela não vai ir, decido por mais um pouco de pressão, pois parece indecisa, e qualquer coisa que eu falasse, iria convence-la de voltar. Então suspiro e começo.
- Vos-
- Ok. Indo. - Mais rápido do que pensei. - Te espero no quarto, Emma.
Fala de modo formal, provavelmente para evitar conflitos com seja lá que esteja nos observando. E sai de cabeça erguida, mas no fundo sinto que não está confortável com a ideia, talvez seja porque ela tenha que voltar sozinha, ou porque vai me deixar sozinha, mas volta relutante, me deixando a sós com aquela presença pertubante no pátio.
Assim que some de minha vista, suspiro pesadamente, e me viro para o porta-armas, a fim de guardar a espada, pensando em como Emily precisa de minha ajuda, e como eu vou precisar proteger ela, custe o que custar, porque agora ela é minha garota, e está sob minha responsabilidade.
Meus impulsos pulam quando um estrondo vem do canto do pátio, como se um banco se arrastasse no piso áspero, causando um arranhão ou algo do tipo. Agarro minha espada com firmeza, e um silêncio se segue, mas minha intuição, sente algo vindo pra cima de mim, então imediatamente ergo minha espada, inaudindo um barulho de lâmina rasgando algo - no caso o porta-armas de ferro que passa afiando minha arma.
Estico o instrumento na direção que meu reflexo me diz para esticar. Para meu azar, assim que me viro, dou de cara com uma lâmina em meu rosto também, bem na ponta de meu nariz, e segurando ela, o corpo de uma mulher, alta e com um capuz, que cobre todo seu rosto, o qual é ameaçado também por meu objeto cortante.
Ficando assim, nós duas, ofegantes, espada por espada, moeda por moeda, morte por morte.
_________________________________________
N/A: É hoje que a Emma morre gays. 💗
comentem e votem bastante. lya, obrigada por lerem até aqui.
Com amor, luna🫂
VOCÊ ESTÁ LENDO
duas rainhas e uma coroa | XVI
RomancePor conta de um acordo antecipado entre reinos, a princesa Emma Queen da França, viaja a europa para ocupar seu lugar destinado no trono da Inglaterra, porém para sua surpresa, a herdeira Emily Elliot, filha da rainha assasinada, decide lutar pela s...