duas rainhas e uma coroa | XVI

A nós

Emma Brown

Emily está tão reclusa. Estou com medo que tudo isso esteja mudando-a bruscamente e não tenha volta, tenho medo de que eu nunca mais veja o seu sorriso animado e bobo.

Ela tem passado por situações difíceis de lidar consecutivas. Ela até me disse descobrir coisas importantes que possam ter afetado-a também. Mas não tivemos tempo de conversar sobre isso.

E nesse momento, ela está sentada naquele trono, ao lado do conselheito real, com uma postura impecável, um vestido que ela não usaria normalmente, o cabelo preso e uma expressão neutra. Ela está recebendo cidadãos e integrantes do castelo para resolver problemas políticos, o que ela faz muito bem.

Sinceramente, ela faz tudo muito bem.

Mas não posso deixar de ficar preocupada. Queria resolver tudo isso sem ter que envolvê-la em mais nenhum desses dramas.

Mas agora que ela já está inserida, não tem mais como cortá-la do esquema. Emily sabe mais do que eu e meu irmão juntos.

A voz dela me tira dos meus desvaneios.

- Requiro um pequeno diálogo entre Rainha e súdito por alguns momentos. Elizabeth pode permanecer no cômodo por segurança.

O que está acontecendo? Olho para o súdito. Não o reconheço, mas está com a roupa de legislação. Viro meu rosto para Emily, tentando entender ou ao menos tentando pedir para que eu ficasse também, mas ela não me olha nos olhos. Elizabeth concorda com a cabeça e eu e Seaw somos obrigados a deixar os aposentos.

Ah, mas eu que não ficaria aqui, esperando que minha mãe fizesse qualquer coisa com a minha garota do lado de dentro.

Respiro fundo e opto pela primeira coisa que vêm à mente assim que saímos de dentro da sala do trono e Seaw começa a andar para o corredor.

- Ah Meu Deus.

Me apoio na parede, levando minha mão drasticamente para minha testa. Ele imediatamente se vira, me olhando com uma preocupação genuína.

- Vossa Alteza, se sente bem?

- Não... Estou quente e sinto que irei desmaiar. Eu não sei... Eu-

Gemo mais uma vez, caindo ainda mais para baixo. Sem delongas, Seaw se vira, andando para longe.

- Irei chamar um curandeiro!

- Não!

O paro, com uma voz grossa e autoritária demais para quem estava passando mal. Pigarreio, tentando me recuperar o erro.

- Quer dizer... Não... Não precisa. Uma água será suficiente.

- Ok, ok, me espere aqui, voltarei em breve.

Me deixa sozinha, desesperado. A minha sorte é que ele é um desorientado.

Quando Seaw some de vista, recupero minha postura e me apoio na porta, para tentar escutar o máximo possível do lado de dentro.

Não demora muito para as vozes se organizarem, e a primeira - felizmente - que me vêm ao ouvido é a de Emily.

- Eu quero dizer que Sr. Black me contatou, e me expôs provas de que o senhor está colaborando com Elizabeth Queen para burlar os duelos.

Por que Emily não me contou nada disso?

- Portanto, vá em frente. Você tem duas chances. Eu posso enviar essas provas para a regência e eles decidirão se você será executado em público ou apodrecer na cadeia. Mas você sabe como a Inglaterra é rígida em questões de traição.