Eu a vi despedaçar, cair em lágrimas assim que entramos em casa. Fátima apareceu e parecia preocupada mas mandei ela se afastar, pedi que nos deixasse a sós. Levei Ada até nosso quarto e a deitei na cama. A primeira morte. Eu ainda me lembrava de como havia sido, como matei pela primeira vez. Lembro de ter ficado em choque e ter começado a chorar e meu pai sentar ao meu lado e me confortar. Nem sempre é fácil, ele dizia. Ada soluçou mais alto enquanto eu tirava suas botas.Não puxei conversa e muito menos tentei dizer que passaria. Porquê na verdade não passa. Você se acostuma.
Sem me importar de acabar levando um tapa, tirei seu vestido. A forma como nem se importou, me fez perceber o quanto estava perdida em seus pensamentos. Fui até o closet e peguei uma das minhas camisas, coloquei nela e peguei um lenço umedecido. Seu olhar encontrou o meu e me peguei pensando se por acaso eu não estava sendo invasivo demais. Mas ela não conseguia parar de chorar. Sei que têm ansiedade e ela entrou em crise logo após perceber o que aconteceu. No carro mandei mensagem para Jade perguntando o que eu poderia fazer, eu não tenho experiências com ansiedades ou ataques de pânico. Não faço ideia de como reagir. Eu me controlava com álcool. O que pensando bem, não era uma boa ideia.
Logo após Charlotte morrer, eu esperava Luna dormir e ia beber o quanto pudesse. O álcool nunca me afetou diretamente, os meninos costumam brincar comigo pela forma como não tenho ressaca. E agora havia Ada, ela perdeu os pais muito nova e isso desencadeou muitas coisas, somando isso com fugir do Zafer. Me sentei ao seu lado depois de retirar meu paletó e comecei a tirar sua maquiagem.
— Ele tinha família? — Engoli em seco me perguntando se seria melhor mentir. Mas se eu mentisse ela iria acabar descobrindo de qualquer forma.
— Tinha — Quando pensei que não pudesse mais chorar, ela me agarrou com força. Deixando o lenço de lado, peguei meu celular quando apitou e vi a mensagem da Jade.
Jade:
Tenta acalmar ela. Ela comentou que não precisa de remédios para se controlar, caso não der certo. Dê um remédio para dormir.Não contei para o grupo o que tinha acontecido e quando enviei a mensagem contando. Não deu nem um minuto e foi chegando mensagens deles, depois de tranquilizá-los, deixei o celular de lado para confortar ela. Ada havia parado de chorar e estava na fase do transe. Não falava nada e muito menos uma lagrima caia. Perdida em seus pensamentos ela começou a brincar com o meu relógio. Ouvi ela contando baixinho os números no relógio e começava tudo de novo quando chegava no sessenta.
— Dorme um pouco Ada, vai ser bom para você — Tentei mesmo sabendo que agora possivelmente é tudo o que ela menos quer.
Balançando a cabeça constatando meu fato, continuou contando os números. Apenas fiquei aqui ao seu lado a observando. Nem troquei de roupa com medo dela desabar de novo. Trouxe ela para meus braços colando suas costas em meu peito quando me escorei na cabeceira da cama. Comecei a fazer carinho em seu cabelo, e a ouvi começar a falar em turco. A fase do esquecimento.
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Um acaso do destino
Romance3° LIVRO DA SÉRIE UM GRUPO EM NOVA YORK Laura Ada acreditava no amor e era feliz ao lado de seu namorado Renan, só que um dia ela descobre uma traição vinda dele. Ela tinha saido da Turquia na esperança de ser feliz, de se livrar de tudo de ruim. Ma...