19° capítulo

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MARVIN

Passei a mão no cabelo e fechei os olhos pensando no beijo que dei a exatamente uma hora atrás, uma hora que sai do casamento da menina Chlöe. Eu sou o tipo de homem que sempre precisei de mais que um beijo pra ficar satisfeito, sempre foi assim. Aí eu beijo o Saint, meu deus, o Saint, o filho dos meus amigos, o beijo e me sinto extremamente satisfeito com isso.

Não consigo pensar em nada além dele, mas também não deixo de pensar que ele é muito novo, nunca fiquei com ninguém da idade dele. Acho que são imaturos, eu sou, com quase quarenta anos, ainda acho que tenho muito pra evoluir.

Entro em casa e tiro meus sapatos os deixando de lado.

_ Você tinha que se apaixonar pelo filho dos seus amigos?_ Pergunto pra mim pelo reflexo do espelho.

Não estou com fome então subo pro meu quarto, preciso pensar um pouco nos últimos acontecimentos, vou até o closet e pego um pijama, preciso de um banho relaxante.

Entro no box e deixo a água cair em minhas costas. Penso em Kendrick, eu tô ficando preocupado com meu filho, sinto falta dele. Eu amo o meu filho, amo ser pai, e é horrível a sensação de ser deixado de lado, pela pessoa que você daria a vida, eu daria tudo pelo Kendrick. Tudo, eu largaria o meu emprego, perderia toda a minha fortuna só pra ter ele comigo sempre, mas as coisas sentimentais são diferentes, não posso apagar a minha orientação sexual, fingir que não sou gay, de novo, não posso.

Sai do box quando terminei e me vesti, pensar nisso me deixa triste. Sentei na beira da cama e abri a gaveta do criado mudo pegando um álbum antigo, subo na cama e me deito, me cubro e abro o álbum, um sorriso pequeno surge quando vejo uma foto antiga minha com meus pais, eu era um adolescente na época, foi exatamente nesse tempo que entendi o que eu era, foi um alívio e um desespero, pais religiosos e conservadores, era o meu fim. Passo algumas fotos e paro em uma de quando eu tinha vinte e um anos, eu sorria na foto, com o Kendrick no colo, era um bebê muito fofo, gordinho, minha mãe dizia que parecia comigo.

Elisa ficava muita brava, pois meu filho só dormia comigo, todo dia, ele não era um bebê que chorava muito, só quando estava doente, ele era simpático e sorria pra todo mundo.

Passo mais uma, do meu casamento, aquilo foi a coisa mais confusa que eu já passei, eu estava perdido ali.

Fecho o álbum deixando-o sobre o colo, meus pensamentos voam.

Desvio o olhar vendo a tv, o jornal, mas especificamente, desvio pro meu filho que estava concentrado no celular.

_Droga_ Ele diz e joga o celular no outro sofá da sala, ergo a sobracelha e olho pra ele.

_ Que isso?_ Indago.

_ Eu quero um celular novo_ Ele fala e eu sento no sofá.

_ Esse ecelular e novo filho, de dei no natal.

_ Eu sei, mas os meus amigos tem uns mais modernos, eu quero um igual o deles.

_ Então melhore suas notas no colégio, compro o de última geração pra você_ O garoto revira os olhos.

_ Vou pedir pra mãe então, ela vai me dar_ Ele fala dando de ombros e eu balanço a cabeça em negação.

_ Sem celular novo pra você, duas notas no colégio estão péssimas, eu pago caríssimo lá, então de valor, quando suas notas estiverem boas eu te dou um celular novo.

_ Ah pai.

_ E, i, o, u_ Completo voltando pro jornal .

Nessa época meu filho tinha uns 13 anos. Eu fiz de tudo pra ele dar valor as coisas que ele tinha, mas não podia vir de um lado apenas, não adiantava eu dizer não pra uma coisa, e quando ele estivesse com a mãe, ela fizesse tudo. E foi assim sempre, uma vez teve um passeio a Disney no colégio dele, eu falei que não ia pagar, pois ainda não tinha muito dinheiro, eu falei pra Elisa. Na época eu estava morando num cubículo, porque a grana era pouca, ela mandou o garoto pro passeio e eu tive que pagar.

Foi assim sempre, eu dizia não, e ela dizia sim, é meu filho, mas também é um mimado, e ela o criou muito lá, colando ideologias no garoto, coisas que não tinham nada a ver, era impossível eu fazer alguma coisa em dois dias, porque ele só vinha pra minha casa, de quinze em quinze dias.

Acabei pegando no sono.
(...)

Olho a casa no notebook, gosto de ter alguns imóveis, eu deixo eles já pra valorizarem, e quando já está num bom preço eu vendo, normalmente duas vezes mais cara do que eu paguei. Essa especificamente, um amigo que quer vender, mas estou estudando a cidade, fica muito bem localizada, mas o condômino está em obra, não é todo mundo que quer morar ao lado de uma construção, mesmo que a vista da casa seja Miami.

Preciso ver isso com calma.

Pego meu celular e ignoro as notificações, só uma em esoecifico é boa pra mim. Saint. 
  
                                                Bom dia 08:46

Envio e deixo o celular sobre a mesa.

Sinto uma necessidade estranha de apenas falar com ele, isso já seria suficiente pra mim. Caramba.

Riu sozinho e desço pra comer alguma coisa, não que eu saiba continuar muito, aprendi o básico quando mais novo.

Meu celular apita e eu vejo mais mensagens.

Saint
Oi, bom dia! 08:56

Queria muito ver ele de novo, mas sei lá, fico com medo de estar indo muito rápido e ele não gostar.

                               Está na faculdade? 08:57

Saint
Sim! 08:57

                                     Não consigo parar de
                                        pensar em vc 08:57

Ele demorou um pouco pra responder, o que me causou certa ansiedade, mas logo mais uma mensagem veio, que me fez sorri.

Saint
Eu tbm não 08:59
🤭               08:59

Aquilo pra mim foi uma brecha e eu não ia deixar passar, pois queria ter um tempo a mais com ele.

       Quer vir na minha casa depois? 09:00

Saint
Não sei 09:00
Fico meio triste
por ter que fazer
isso escondido 09:01

  Também acho uma situação difícil 09:01

Saint
Eu não gosto de mentir
nem esconder
nada dos meus
pais 09:01

Realmente, eu sei bem como é roum esconder alguma coisa.
     
                                Sinto muito, Saint 09:01

Saint
Mas eu vou, quero ficar
com vc! 09:02

Acabo sorrindo, feliz da vida. Sei que a nossa situação não é das melhores, eu sou amigo dos pais dele, o meu filho tem quase a idade do Saint, mas esse é o tipo de coisa que eu não posso controlar.

Me despedi dele e voltei a prepara meu café da manhã, eu costumo acordar vem cedo, correr um pouco e depois volto pra casa e tomo café da manhã, mas hoje tive que trabalhar pela manhã, então não deu tempo, quem sabe a noite eu corra um pouco ou vá a academia.

Acabei preparando um sanduíche e fiz um café, com certeza café era minha bebida favorita.

  
                            ....😃....

Quais as probabilidade do clima esquentar no próximo capítulo? Eu volto logo, prometo

SAINT E MARVIN- Livro 3"Série filhos" Onde histórias criam vida. Descubra agora