Muito

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Quando Caetano entrou no quarto, Chico ainda dormia profundamente. Assim deitado de bruços ele ocupava boa parte da cama. Caetano deu um risinho, se perguntando como ele conseguia dormir tanto.

"Bom dia, luz do dia!" - Caetano abriu as cortinas, trazendo claridade para o quarto, o que faz Chico se virar de lado e balbuciar algo que Caetano não conseguiu compreender, mas era óbvio que reclamava.

"Acorda, meu bem." - Caetano se sentou na cama, esfregando suavemente o braço de Chico e deixando um beijinho no ombro dele.

Chico apenas se remexeu um pouco e abriu um olho para olhar para Caetano.

"Ah bom, eu já estava começando a ficar preocupado."

Porém Chico fechou os olhos de novo e puxou outro travesseiro para tapar o rosto.

"Vamo, Chico, não acha que já dormiu demais?" - Caetano puxou o travesseiro de volta.

"Shh... só mais cinco minutos..." - Chico falou, bocejando um pouco e passando um braço em torno da cintura de Caetano na tentativa de puxar ele para deitar também. - "Deita aqui..."

"Não, já tá tarde. Eu não sei como você consegue dormir tanto." - Caetano se desvencilhou dele e levantou para puxar o cobertor de Chico.

"Caetano!" - Chico se sentou de uma vez, olhou com raiva por alguns segundos, mas a cara de sono, o cabelo bagunçado e o fato de estar só de cueca definitivamente não davam muito credibilidade para ele. - "Você realmente é mau."

"Como você é dramático..." - Caetano riu, não se importou com a expressão carrancuda de Chico, se inclinou para dar alguns beijinhos no rosto dele e fazer um cafuné. - "Anda, levanta, eu fiz café."

Mesmo que tentasse, Chico não conseguiu segurar um sorriso pequeno e começou a se vestir. Quando terminou, foi atrás de Caetano e se sentou à mesa.

"Cadê Bethânia?" - Chico perguntou, intrigado.

"Hum... Ela nem dormiu em casa. Então você pode adivinhar com quem ela deve ter passado à noite."

"Não me diga. Deixa eu pensar... Começa com Gal e termina com Costa?"

"Tão certo como o céu é azul." - Caetano deu um sorrisinho. - "Por acaso, elas ainda acham que enganam alguém?"

Chico riu, pegando uma torrada.

"Você devia parar de pegar no pé dela. Ela ainda vai perder a paciência com você."

"Ela é minha irmã." - Caetano sorriu, deixando seu café na mesa e se aproximando para sentar na perna direita de Chico. - "É meu dever pegar no pé dela!"

Caetano deu um selinho em Chico, que apenas sorriu, passando um braço em torno da cintura dele para segura-lo.

"Só não deixa ela ouvir isso." - Chico completou e os dois riram.

"Tem razão!" - Caetano se inclinou para dar uma mordida na torrada de Chico, que não se importou e começou a espalhar beijos pelo pescoço dele.

Eles estavam se divertindo tanto que nem ouviram a porta bater antes que Bethânia já estivesse na cozinha.

"Sério? A essa hora da manhã?" - Bethânia revirou os olhos.

"E por falar nela..." - Caetano deu um sorriso petulante. - "Bom dia pra você também, Bethânia. Chegou cedo, dormiu na casa de alguém, foi?"

"Não enche, Caetano..." - Bethânia esfregou o rosto, cansado. - "Não é como se ninguém tivesse visto você ir embora cedo demais ontem à noite. E agora sabemos muito bem o porquê." - Completou, olhando pra Chico.

"Aonde você vai?" - Caetano perguntou, vendo a irmã se retirar.

"Dormir!"

Caetano olhou para Chico e levantou as sobrancelhas.

"Parece que a noite foi boa." - Caetano riu um pouquinho.

"Caetano..." - Chico balançou a cabeça.

"Tá bem, parei." - Caetano sorriu, passando a mão pelo ombro de Chico. - "Preciso arrumar minhas coisas. Meu voo é daqui algumas horas."

"Se quiser, posso te levar no aeroporto."

"Ah, não precisa. Não quero te atrapalhar, eu pego um táxi."

"Você nunca atrapalha." - Chico colocou a mão no joelho de Caetano, fazendo uma carícia. - "Eu insisto!"

"E o que eu fico devendo com tanta gentileza?"

"Hmm..." - Chico olhou para cima, como se pensasse. - "Você tem que voltar rápido."

"Eu vou..." - Caetano sorriu. - "Você não vai nem ter tempo de sentir minha falta.

"Isso não é verdade. Eu já tô com saudade."

Caetano riu, se inclinando para beijar Chico.

"Quero conversar uma coisa com você depois." - Chico sorriu, dava para ver que era algo bom.

"Hmm..." - Caetano olhou curioso. - "E o que seria?"

"Quando você voltar. É uma surpresa!"

"Ah, não!" - Caetano olhou indignado. - "Assim você me mata de curiosidade."

Chico riu.

"Ótimo. Assim você volta bem rápido pra mim." - Chico deu um selinho nele.

*

Uma semana depois

Caetano chegaria naquele dia. Chico estava sentado no sofá da sala de Bethânia, mexia a perna ansiosamente e sua mão suava um pouco.

"Tá bem. Qual o problema?" - Bethânia finalmente perguntou, voltando a sala.

"Nada. Por que?"

"Você parece nervoso. Vai, me diz o que é."

Chico hesitou, mas decidiu contar.

"Tem uma coisa que eu quero perguntar Caetano."

"E o que é?" - Bethânia perguntou curiosa.

Um sorrisinho se espalhou pelo rosto de Chico.

"Eu vou pedir ele pra namorar."

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