Sob Medida

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Depois de mais um ensaio dos Doces Bárbaros, Caetano chegou em casa animado. Encontra Chico compondo, sentado em uma cadeira e com algumas anotações em cima da mesa, dedilhava o violão.

"Tô vendo que você tá melhor hoje." - Caetano sorriu satisfeito, fechando a porta.

"Você chegou mais cedo." - Chico virou para ele com um sorriso.

"A gente já ensaiou o suficiente e eu tava com saudade." - Caetano se inclinou, abraçando o pescoço de Chico por trás. - "O que tá fazendo?"

"Trabalhando nas músicas da peça. Depois do que aconteceu... ficou tudo atrasado."

"Parece cansativo." - Caetano massageou os ombros tensos de Chico um pouco.

"E é bastante."

"Então por que a gente não deixa isso pra mais tarde?" - Caetano ficou de frente para ele, sentando no colo de Chico, que ergueu as sobrancelhas.

"Que isso?" - Chico sorriu, um pouco surpreso.

"O que parece?" - Caetano beijou ele calorosamente, passou os braços em torno de seu pescoço.

"Caetano, eu preciso terminar essa música..." - Chico disse entre beijos.

"Não, depois... eu não sou mais importante que isso, meu bem?" - Caetano inclinou para distribuir beijos pelo pescoço de Chico.

"Você é... muito mais..." - Chico ofegou de prazer.

"Então..."

Chico levanta, pressionando Caetano contra a mesa e empurrando os papéis que estavam em cima dela. Chico agarra as coxas de Caetano, levantando para senta-lo na mesa.

"Assim que eu gosto." - Caetano sorriu largo quando Chico segurou sua cintura e puxou para outro beijo desesperado. - "Me leva pra cama logo."

"Você não se cansa de ser mandão, né?" - Chico segurou o queixo dele com o polegar.

"Por que não me coloca no meu lugar?" - Caetano deu aquele seu sorriso petulante, o que lhe rendeu um tapa forte na bunda.

"Aii..." - Caetano gemeu, muito mais de prazer.

"Assim?"

                                              *

Os dois estavam deitados na cama, completamente nus. Exaustos, se abraçavam e trocavam carícias, as pernas entrelaçadas. Caetano cheirava o pescoço de Chico.

"Fazia tempo que a gente não fazia amor assim." - Caetano disse.

"Eh..." - Chico passeava a mão esquerda sobre o corpo de Caetano. - "Mas você continua gostoso."

Caetano riu.

"Sob medida pros carinhos seus?"

"Exatamente." - Chico descia beijos pelo peito de Caetano, mordiscava seu ombro. Caetano já estava bem familiarizado com as cócegas que o bigode de Chico fazia. - "Gosto de como sua pele é morena. Gosto dos seus cachos. Gosto que quando você sorri seus olhos ficam marcados e seu rosto se torna todo sorriso. Gosto de como você é magro e isso faz seus músculos mais aparentes... e ainda assim você tem um bundão." - Chico deu um tapinha na bunda de Caetano.

Caetano olhou boquiaberto, mas divertido.

"Bobo..." - Caetano riu, mas selou os lábios dele com um beijo carinhoso. - "O que houve com o rapaz tímido que eu conheci anos atrás?"

"Você deixa ele à vontade." - Chico sorriu, se aconchegou mais perto, apoiando o queixo no peito de Caetano.

"Tenho que te contar uma coisa." - O sorriso de Caetano diminuiu um pouquinho.

"O que foi?"

"A gente vai começar uma turnê dos Doces Bárbaros, na próxima semana." - Caetano acariciou o rosto dele. - "Tudo bem pra você?"

"Vou morrer de saudade, mas fazer o que, né?" - Chico disse, todo manhoso.

"Mas você vai ficar bem?"

"Não precisa se preocupar comigo. Vou ficar bem, esperando você voltar." - Chico abraçou a cintura dele.

"Vai passar rápido. Você não vai nem ter tempo de sentir minha falta." - Caetano apoiou a testa na de Chico.

"Assim eu espero."

"Enquanto isso não acontece..." - Caetano beijou Chico, mudando para cima dele. - "A gente pode aproveitar bastante ainda."

"Será que seu fogo não acaba nunca?" - Chico sorriu.

"Por você, nunca!" - Caetano sussurrou no ouvido dele, mordeu a orelha de Chico levemente. - "E vamos admitir, você gosta assim."

*

Já fazia quase dois meses que os Doces Bárbaros estavam em turnê. Outro show começaria em meia hora, mas Caetano saiu pelos fundos dos bastidores, onde sabia que havia um telefone público. Só esperava que Chico atende-se, queria muito falar com ele antes do show. Assim tinham sido os últimos dias, entre shows e ligações rápidas.

"Alô?"

Caetano relaxou só de ouvir aquela voz.

"Oi, amor." - Caetano respondeu e podia quase ver o sorriso no rosto de Chico ao reconhecer a voz. - "Sentiu minha falta?"

"Você nem imagina o quanto."

Um sorriso se formou no rosto de Caetano com a resposta.

"Só liguei pra dizer que tô com saudade." - Caetano se encostou contra o telefone.

"Você parece com pressa."

"O show vai começar daqui a pouco..." - Caetano suspirou. - "Mas e você? O que tava fazendo?"

"Tava colocando Silvinha pra dormir. Ela perguntou por você."

"Sinto falta de vocês dois."

"Quando você volta?"

"Três semanas... não sei ao certo. Acha que consegue não se meter em confusão até lá?"

"Não tenho certeza, acho melhor você voltar rápido, hein."

"Chico!" - Os dois riram.

"É brincadeira..."

"Não tem graça..." - Caetano olhou em volta. Podia ter certeza que Bethânia ou Gil já deviam estar lhe procurando. - "Eu vou ter que desligar. Não quero atrasar o show de novo."

"Até mais."

"Até..." - Caetano quase desligou o telefone, mas trouxe ele de volta a orelha. - "Chico!"

"O que?"

"Eu te amo."

Por que podia ter certeza que Chico estava sorrindo que nem bobo naquele momento?

"Também te amo, Caê."

Quando desligou o telefone, Caetano faltou só voltar para o camarim pulando de alegria. Era incrível as borboletas no estômago que Chico ainda lhe provocava depois de tanto tempo.

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A fic tá quase acabando, pessoal. Eu tô feliz e triste ao mesmo tempo.

Amor mais que discreto Onde histórias criam vida. Descubra agora