"Eu preciso ir." - Caetano se lamentou, levantando da cama para procurar suas roupas.
"Ah, não vai..." - Chico segurou a mão dele. - "A gente podia sair."
"Hmm... Quer me levar pra jantar, é?" - Caetano sorriu largo. - "Tá todo romântico hoje, né?"
"Ah, cê sabe, nós não podíamos ficar saindo muito juntos lá. Quero aproveitar que a gente tá aqui."
Eles não saíam juntos quase nada no Brasil. Talvez por medo de levantar suspeitas sobre o relacionamento deles. Mas ali podia ser diferente, dificilmente alguém reconheceria eles em Londres.
"Mas assim? Agora?" - Caetano perguntou. - "Eu não me arrumei, nem nada..."
"Isso não é problema." - Chico abraça ele por trás, deixando alguns beijos entre o pescoço e a orelha de Caetano. - "A gente toma um banho rápido e vai."
Um sorriso malicioso se espalhou pelo rosto de Caetano.
"Será que esse banho precisa ser tão rápido assim?" - Ele vira para olhar para Chico.
"Você não mudou nada, né, Caetano?" - Chico riu. - "Continua um safado."
"Que foi? Já tá ficando cansado de mim?"
"Eu nunca me cansaria de você." - Chico olhou para ele.
"Nunca mesmo?" - Caetano sorriu.
"Nunca!" - Chico abraçou ele, guiando Caetano até o chuveiro aos beijos.
*
Eles saíram do restaurante, caminhavam lado à lado na rua. Riram e conversaram muito, principalmente sobre o tempo que tiveram separados. Caetano estava mais do que satisfeito, era bom de vez em quando estar despreocupado com Chico em um lugar onde não eram reconhecidos. Apesar do exílio, ali se sentiam um pouco mais livres.
Quando percebeu que a rua estava vazia, Chico segurou a mão de Caetano, puxando para um beijo, que ele correspondeu de bom grado. Caetano sorriu contra os lábios de Chico.
"Posso saber quando você ficou tão desinibido?" - Caetano perguntou divertido, e passou os braços em torno do pescoço de Chico.
"Acho que você faz isso comigo." - Chico se inclinou para dar um cheiro no pescoço de Caetano.
"Ah, então a culpa é minha?" - Caetano riu. - "Mas vamos parar por aí, porque eu também gosto do meu rapaz tímido."
Apenas o comentário de Caetano foi o suficiente para fazer Chico corar um pouco, desviando o olhar com seu típico sorriso tímido.
"Exatamente assim" - Caetano sorriu, segurando o rosto dele para olhá-lo direito.
Chico podia pensar que ele fazia para provocar, mas a verdade é que Caetano sentia como se seu coração pudesse explodir de amor cada vez que Chico lhe desse aquele olhar tímido. Era a coisa mais pura do mundo, então Caetano só podia ver carinho.
Eles ainda estavam perto do restaurante que tinham saído mais cedo, e podia-se ouvir a música lenta que tocava lá. Caetano olhou para Chico com um sorriso.
"Que cara é essa?" - Chico olhou assustado, já suspeitando o que viria agora.
"Dança comigo."
"Hã? Não!" - Chico se apressou em dizer, mas Caetano já se aproximava dele. - "Nem começa, Caetano! Você sabe que eu não sei dançar!"
"Eu posso te guiar." - Caetano estendeu a mão. - "Por favor, Chico. Só dessa vez."
Chico olhou nos olhos dele. Droga. O que Caetano lhe pediria assim que ele não faria sorrindo?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor mais que discreto
Fiksi Penggemar"Mas pode dispensar a fantasia O sonho em branco e preto Amor mais que discreto Que é já uma alegria" Caetano conhece Chico no Festival de MPB de 1967, logo essa amizade se desenvolve em algo mais. Entretanto, que futuro poderia ter o relacionamento...