Caetano foi para o local do festival, estava vazio naquele momento. Os shows só começariam amanhã. Todos estavam no hotel. Caetano se sentou na ponta do palco e decidiu ensaiar um pouco, já que não tinha tido tempo para isso com tudo que aconteceu.
Porém, Caetano só ficou lá dedilhando o violão. Às vezes, começava a cantar uma das músicas do show, mas logo se perdia em pensamentos de novo. Nunca tinha se sentido tão sozinho. Seu casamento com Dedé tinha acabado. E agora tinha perdido o amor e a confiança de Chico. Tudo com as melhores das intenções. Se perguntou se algum dia conseguiria enterrar aqueles sentimentos por ele.
Algumas palavras vieram a mente de Caetano e ele tentou acrescentar algum ritmo com o violão.
"Ah que esse cara tem me consumido, a mim e a tudo que eu quis..."
Caetano suspirou, deixando o violão de lado. Talvez um dia aquilo podia vir se tornar uma música, mas naquela noite não tinha cabeça para nada.
De repente, Caetano ouviu palmas e olhou na direção do som, apenas para encontrar Chico vindo na direção do palco com um sorriso.
"Acho que eu nunca disse como eu gosto de te ver no palco."
"Chico?" - Caetano sorriu. - "A quanto tempo você tá aí?"
"Eu cheguei agora." - Chico subiu no palco para se sentar ao lado de Caetano.
"Como você sabia que eu estaria aqui?"
Chico deu de ombros.
"Intuição. Você não estava no hotel, pensei que pudesse ter vindo pra cá para ensaiar."
"Eh, infelizmente, ensaiar é a última coisa que eu consigo fazer agora."
Eles se entreolharam por um tempo em silêncio, mas não foi desconfortável, foi como se tudo começasse a se consertar em seus corações.
"Desculpa pelas coisas que eu disse quando te vi você com Djavan." - Chico quebrou o silêncio. - "Sabe que eu não penso nada daquilo."
"Tudo bem, Chico. Não tem importância. Depois de tudo, eu entendo se você não quiser nunca me perdoar." - Caetano disse, cabisbaixo.
Chico segurou o queixo dele, para que Caetano olhasse em seus olhos.
"Não te perdoar porque você queria me proteger? Porque você estava com medo? Eu errei tanto antes, Caetano, e mesmo assim você nunca me julgou."
"Então você acredita em mim?"
Chico não respondeu, ao invés disso, ele apenas beijou Caetano ternamente. Caetano correspondeu imediatamente, colocando a mão na nuca de Chico e aprofundando o beijo. Não podia descrever a felicidade que sentia em seu peito agora.
Chico quebra o beijo lentamente com alguns selinhos, então carinhosamente roça o rosto contra o de Caetano.
"Eu sei que você tá com medo, Caê, eu também estou..." - Chico sussurrou no ouvido dele. - "Mas quando eu tô com você... é diferente. É como se nada disso existisse!"
Chico encostou a testa na de Caetano, olhando profundamente em seus olhos e acariciando seu rosto.
"Isso quer dizer que..." - Caetano olhou para ele com expectativa.
"Eu não sei como vai funcionar pra nós, mas eu preciso de você, Caetano. Sem você eu não consigo." - Chico desviou o olhar, meio triste. - "Talvez isso seja meio egoísta da minha parte."
Caetano segurou o rosto dele e sorriu.
"Então isso faz de nós dois egoístas. Porque esse tempo todo só serviu pra eu ver que não consigo abrir mão de você também. Eu não quero. Você é a única coisa boa que me aconteceu no meio disso tudo."
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Amor mais que discreto
Fanfic"Mas pode dispensar a fantasia O sonho em branco e preto Amor mais que discreto Que é já uma alegria" Caetano conhece Chico no Festival de MPB de 1967, logo essa amizade se desenvolve em algo mais. Entretanto, que futuro poderia ter o relacionamento...