Caetano tinha passado o dia no estúdio e voltou para casa no fim da tarde. Chico já estava em casa quando Caetano chegou.
"Ei..." - Caetano sorriu ao vê-lo. - "Já voltou também?"
"Eh, como foi no estúdio?" - Chico estava sentado à mesa, com alguns papéis, músicas que mesmo com alterações tinham sido vetadas, e tragando um cigarro.
"Foi bem. A gente tá quase finalizando o disco." - Caetano deu um beijinho na bochecha dele e olhou para Chico, meio que o analisando. - "Tá tudo bem? Você parece cansado..."
"Tá... tá sim." - Chico até tentou forçar um sorrisinho.
"Chico... eu sei quando você tá diferente." - Caetano se sentou na cadeira ao lado. Segurou o queixo de Chico para que ele o olhasse. - "Vai, me diz o que tá incomodando meus olhos azuis preferidos."
"Não se preocupa, amor. Só tô um pouco cansado mesmo."
"Não gosto de te ver assim." - Caetano estendeu a mão para acariciar o rosto de Chico. - "Sabe que pode me dizer qualquer coisa, não é?"
Chico largou o cigarro no cinzeiro ao lado, que por sinal já estava cheio de outras bitucas de cigarro.
"É o de sempre, Caê." - Chico suspirou. - "Toda música que eu mando pra censura é vetada. Acho que eles nem se dão o trabalho de ler mais, basta ver que é uma canção minha pra ser vetada."
"Ah, Chico... eu sinto muito, meu bem. Porque não me disse nada?"
"Eu não queria te envolver nisso." - Chico desviou o olhar.
"Vai ficar tudo bem. Nós vamos pensar em algo." - Caetano segurou a mão de Chico.
"Eu sei, Caê, mas não são as músicas que importam de verdade. Eu me preocupo com você." - Chico acaricia a mão de Caetano. "Tenta tomar mais cuidado, viu? Pode fazer isso por mim?"
"Claro." - Caetano deu um sorriso pequeno. - "Não confia em mim?"
Chico olha para ele por alguns segundos.
"Tem dias que eu só consigo confiar em você."
Caetano levantou e se aproximou para abraçar Chico.
"Não fica pensando nessas coisas, tá bom?" - Caetano deixou um beijo na têmpora de Chico, passando os dedos pelos cabelos dele. - "Tenta relaxar um pouco."
Caetano puxa Chico pela mão, até o sofá, se sentando.
"Vem cá." - Caetano deitou, chamando Chico para que fizesse o mesmo. - "Deita aqui comigo. A gente fica só de bobeira, assiste algo..."
Chico sorriu satisfeito e deitou no sofá, juntinho de Caetano, sentindo ele entrelaçar as pernas nas suas, como quem queria passar o resto da noite ali agarrado.
"Na verdade, eu ia te fazer um convite." - Chico tinha um sorrisinho tímido, acariciava o braço de Caetano com as costas dos dedos. - "Quer ir na festa do Tom comigo?"
"Na casa dele?"
"Eh, não é nada demais. Ele só voltou dos Estados Unidos e vai ter uma festa pra alguns amigos." - Chico explicou.
"Ah, eu não sei, Chico..." - Caetano brincava com os cachos curtos de Chico. - "Não sou tão próximo do Tom, nada a ver eu aparecer lá."
"Besteira, a gente vai junto. Tenho certeza que Tom não se importa de eu levar meu namorado." - Chico envolveu a cintura de Caetano, que sorriu com aquela resposta.
"E por acaso Tom sabe da gente?"
"A última vez que vi ele foi há muito tempo. Na época só disse que tava gostando de alguém." - Chico sorriu largo. - "Claro que gostando era eufemismo, porque eu já tava caidinho por você."

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Amor mais que discreto
Fanfic"Mas pode dispensar a fantasia O sonho em branco e preto Amor mais que discreto Que é já uma alegria" Caetano conhece Chico no Festival de MPB de 1967, logo essa amizade se desenvolve em algo mais. Entretanto, que futuro poderia ter o relacionamento...