Mar E Lua

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Um mês depois...

Salvador, Bahia

Estava quase na hora do show, Chico entra silenciosamente no camarim de Caetano e se aproxima sorrateiramente, vendo que ele estava concentrado em alguns papéis.

"Boo!" - Chico coloca as mãos na cintura de Caetano que dá um pulinho.

"Ei, você me assustou!" - Caetano riu.

"Desculpa." - Chico dá um beijo no rosto de Caetano, abraçando ele por trás.

"O que cê tá fazendo aqui, amor?" - Caetano pergunta, alcançando o rosto de Chico para fazer um carinho.

"Tava uma chatice no meu camarim, eu resolvi vir pra cá." - Chico apoiou o queixo no ombro de Caetano, afastando o cabelo dele que estava bem longo agora, para olhar no que ele estava tão concentrado. - "Que música é essa?"

"Surpresa!" - Caetano pegou o papel, escondendo contra o peito.

"Hmm... cheio de segredinhos, né." - Chico se afastou e Caetano virou para olhar para ele.

"Eu vou cantar ela hoje. Espero que você goste."

"Acho quase impossível eu não gostar de uma música sua." - Chico sorriu e se aproximou, esfregando suavemente os braços de Caetano. - "Tá quase na hora... você tá pronto?"

"Praticamente."

Naquele momento, Chico percebeu que Caetano estava de batom. Sabia que ele usava em alguns shows, mas não podia evitar de sentir um pouco de receio por causa da censura naquele tempo. Pra não mencionar o cropped e os tamancos que Caetano usava quase sempre em shows, e os censores se davam o trabalho de fazer relatórios ridículos como "apresentação de Caetano como um homossexual, pintado de batom e com trejeitos afeminados". Parecia uma piada que com tanta coisa errada no país, alguém pudesse se incomodar com a roupa de Caetano.

"Que foi?" - Caetano percebeu o olhar fixo de Chico.

Chico não diria nunca. Caetano sabia o que estava fazendo e Chico não deixaria que suas preocupações atrapalhassem sua autoconfiança de sempre. Não importa o que dissessem, Chico achava ele simplesmente genial.

"Você tá bonito." - Chico sorriu, segurou o queixo de Caetano delicadamente, puxando para um selinho. - "Gostei do batom, combina com você."

Caetano sorriu, corando um pouco. Chico achou uma graça, ainda não tinha se acostumado com esses raros momentos, visto que era quase sempre Caetano quem lhe fazia corar.

"De verdade?" - Caetano abaixou o rosto, passando os dedos pelo peito de Chico, enquanto o mesmo envolvia sua cintura, puxando contra o próprio corpo para tê-lo mais perto. - "Não tá preocupado com a censura? Ou o que as pessoas vão achar?"

"O que eles poderiam dizer, hm? Além de que você tá lindo?" - Chico beijou o rosto de Caetano algumas vezes, esfregando-se contra seus cachos. - "É o homem mais lindo da Bahia... Não! Do mundo!"

"Não exagere..." - Caetano sorriu, satisfeito.

"Não é exagero... falo sério."

Caetano olhou para ele um pouco.

"Você não diz muito essas coisas." - Caetano disse.

"Tá dizendo que eu não sei elogiar?"

"Deve ser porque você é de gêmeos."

"Besteira... Eu fico com um pouco de vergonha." - Chico acariciou o rosto dele. - "Mas agora eu tô dizendo."

"Vergonha? De mim?" - Caetano riu. - "Você não pareceu nada tímido ontem à noite, meu bem."

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