Angélica

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Chico estava preparando o café, enquanto Silvinha desenhava na mesinha de centro da sala. Caetano resolver se juntar à ela, e a menina ficou simplesmente maravilhada com a habilidade de desenhar dele.

"Pode desenhar outro, Caetano?"

"Sabe, pode me chamar de tio ou algo assim. Não precisa ser Caetano sempre."

"Não faz sentido." - Silvinha disse, enquanto coloria um desenho.

"Por quê?" - Caetano franziu a testa.

"Vocês não são namorados?"

Caetano olhou perplexo para ela. Meio que isso era uma conversa que não tinham tido com ela. Porque... bem, Silvinha era uma criança, não entenderia porque algumas coisas deveriam ser mantidas em segredo, mesmo que não tivessem nada de errado.

"Quem te disse isso?" - Caetano perguntou.

"Ninguém... é que mamãe também tem um namorado."

Caetano riu um pouquinho.

"Você é muito esperta."

Mas Silvinha não podia se conter, como qualquer criança tinha uma porção de perguntas desconcertantes na ponta da língua.

"Vocês vão casar?"

Caetano deixou escapar uma risadinha, como quem tinha ouvido uma piada. Mas então se lembrou que Silvinha era só uma criança que ainda não tinha sido envenenada pela cruel realidade do mundo. Então sim, era uma pergunta séria, ingênua, mas séria. Caetano não sabia muito bem como explicar aquilo.

"Não é bem assim que funciona."

"Por quê?"

Caetano pensou como poderia dizer de forma simples que Silvinha entendesse algo que era incompressível.

"Algumas pessoas não iam gostar."

"Mas por que não?"

"Eu não entendo bem..."

Silvinha ainda parecia confusa, mas talvez tenha visto a tristeza nos olhos de Caetano.

"Eu gosto de você, Caê. Acho que é o melhor desenhista do muuundo!"

Caetano sorriu, limpou rápido a lágrima que escapou de seu olho direito depois daquela conversa. Fungou um pouco.

"Eu gosto muito de você também, meu anjo." - Caetano olhou para ela e Silvinha correu para dar um abraço nele.

Quando Chico chamou eles para o café, notou Caetano diferente, pensativo.

"Parece que vocês conversaram bastante."

"Um pouco. Nada demais."

"Nada demais te deixou mexido assim?"

"Eu te explico mais tarde."

Eles tomaram café tranquilamente. Ou não tão tranquilamente, porque Silvinha fez questão de mostrar cada um de seus desenhos.

No fim, Chico pegou a mochila de Silvinha. Tinha que levar ela na escola, Marieta buscaria mais tarde.

"Vamo... se despede de Caetano." - Chico esperava na porta.

"Tchau, Caê." - Silvinha abraçou Caetano rápido.

"Tchau." - Caetano sorriu, então olhou para Chico.

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