10.

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— POV MANOELA TRINDADE

O pouco álcool que eu tinha no organismo me fez perder a vergonha e era inevitável dançar funk sem fazer cara de 'quenga', como dizia Chloe.

(Chloe): Tem alguém que não tira o olho desse rabão aí - disse no meu ouvido quando a música acabou, me fazendo rir.

(Manoela): Olhar não é pecado - falei com um sorrisinho na cara e ela concordou.

Entrei na casa pra pegar alguma coisa pra beber e eu sabia que tinha alguém vindo atrás de mim.
Peguei uma garrafa de água na geladeira e quando virei o Gabriel tava parado no balcão da pia me olhando.

(Manoela): O que foi? - perguntei segurando o sorriso.

(Gabriel): Desde quando você dança daquele jeito? - cruzou os braços.

(Manoela): Desde sempre - bebi a água e deixei a garrafa em cima da pia o encarando de volta.

(Gabriel): O que aconteceu com você?

(Manoela): Eu bebi alguma coisa que a Chloe me deu e tinha álcool, me deu uma animada - ele arregalou os olhos e eu ri.

(Gabriel): Manu! Você bebeu? - desincostou da pia e se aproximou - o que tá acontecendo com você? cadê a Manu que eu conheço?

(Manoela): Ainda tá aqui, eu só tô aproveitando um pouco da minha vida - sorri de lado.

Ele foi se aproximando mais, aquilo tava me deixando nervosa e ele já estava com a mão na minha cintura. Eu não conseguia desgrudar meus olhos dos seus, ele estava cada vez mais perto e eu já sentia sua respiração nos meus lábios, estávamos a centímetros de distância, mas alguém entrando na cozinha desesperado nos fez se afastar rapidamente.

(Danilo): Gabriel! - gritou e apareceu no nosso campo de visão, eu abaixei a cabeça envergonhada - eita porra, foi mal... - coçou a cabeça envergonhado.

(Manoela): Não, tudo bem, eu já tava saindo - falei envergonhada e saindo dali o mais rápido possível, indo até o banheiro jogar uma água no rosto.

Fiquei lá até conseguir controlar minha respiração e fiquei rindo sozinha lembrando do que quase aconteceu.
Saí do banheiro e encontrei com as meninas, já estava escurecendo então chamei elas pra ir embora, nos despedimos dos conhecidos e pro Gabriel apenas dei um tchau de longe, tinha gente demais com ele.

(Chloe): EU NÃO ACREDITO - gritou no meio da rua quando contei o que quase aconteceu - caralho, Manu!

(Manoela): Olha essa boca, garota! - brinquei e ela ria junto comigo e Laura.

(Laura): Eu sempre soube que um dia vocês iam se pegar.

(Manoela): A gente não ficou, foi quase... - mordi o lábio ao lembrar.

Elas me deixaram na entrada do meu condomínio e seguiram o caminho delas, entrei em casa e meu pai estava na sala descendo as escadas com duas malas nas mãos.

(Manoela): Pai, o que é isso? - perguntei apontando para as malas e ele parecia furioso.

(Marcelo): Tô indo embora, dá licença - passou por mim e saiu de casa.

Fiquei completamente confusa e subi correndo pro quarto da minha mãe, ela tava sentada na beira cama com as mãos no rosto, ela chorava, aquilo partiu o meu coração.

(Manoela): Mãe, o que tá acontecendo? Porque meu pai saiu com malas? - eu tava ficando nervosa, já imaginava o que era mas não queria acreditar.

(Clara): Ele foi embora, Manu, ele tem outra pessoa - minhas pernas fraquejaram e eu caí sentada no chão.

Aquilo tinha vindo como um soco no meu estômago, estava tudo dando certo demais, eu já devia desconfiar.
Minha mãe passou a noite inteira chorando então dormi com ela, Alice dormia tranquilamente no quarto do lado, e eu não dormi nada. Eu tava um caco por dentro e por fora, meu pai não teve nem a coragem de me ligar pra me dar uma explicação.

Na segunda-feira não fui pra escola por estar exausta, não tinha pregado os olhos. Na terça, quarta e quinta eu não me sentia bem pra ter que dar explicação pras pessoas então fiquei em casa. Eu me sentia vazia vendo a minha família do jeito que estava, a minha família sempre foi tudo pra mim e agora estava uma bagunça.
Na quinta de tarde me surpreendi com Gabriel na minha porta, foi uma misto de alívio e vergonha, não falava com ele desde o dia do churrasco, a gente nem conversou sobre o que quase aconteceu. O puxei pra deitar junto comigo e ele me puxou pra deitar no seu peito, ali eu me desmanchei em lágrimas.

(Gabriel): Ei, o que foi? - ele fazia carinho no meu cabelo - o que tá acontecendo? fala comigo - levantou meu rosto.

(Manoela): Meu pai foi embora de casa - falei de uma vez e sentei na cama, o Gabriel me olhava com os olhos arregalados - ele estava traindo minha mãe. Lembra da primeira vez que fomos pra praia juntos e eu te contei que achava eles um pouco distantes um do outro? - ele assentiu - era por quê minha mãe já desconfiava disso.

(Gabriel): Eu... sinto muito - me puxou pra um abraço e eu me aconcheguei ali, era tudo o que eu precisava naquele momento, que alguém me abraçasse.

SIDE BY SIDEOnde histórias criam vida. Descubra agora