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— POV MANOELA TRINDADE

Nós conversávamos sobre várias coisas e até sobre algumas experiências minha do Hawaii.

(Clara): E você não queria mesmo ir pra Angra com seus amigos, né? - perguntou bebendo seu suco.

(Manoela): Quem te falou isso? - não poderia ser Chloe.

(Clara): O Gabriel me mandou mensagem um dia desses falando que estava um pouco preocupado com você - abaixei a cabeça e respirei fundo - ele não fez por mal, só está preocupado e é válida a preocupação dele, você sempre gostou de sair com eles.

(Manoela): O problema não é eles, mãe, é a ocasião - admiti e meus olhos já marejavam.

(Clara): Eu entendo mas pra eles é difícil entender sem saber o que se passa na sua vida.

(Manoela): Eu não sei se consigo contar pra eles, ainda me dói - ela segurou minha mão por cima da mesa.

(Clara): Eles são seus amigos há muito tempo, filha, em algum momento eles já te julgaram por alguma coisa? - neguei com a cabeça - então não vai ser agora que eles vão fazer isso, mas se você não se sente confortável então não conte.

(Manoela): A reação do Gabriel é a que mais me preocupa...

(Clara): Vai ser difícil pra ele absorver mas uma hora ele vai ter que saber.

Assenti e nós continuamos conversando enquanto jantávamos.

Sempre gostei de ter tempo de qualidade com a minha mãe e depois de tudo o que aconteceu ela se tornou ainda mais o meu porto seguro.

Quando voltamos pra casa já estava tarde e meus avós já tinham ido dormir, minha mãe foi pro seu quarto e fui pro quintal, fiquei sentada na beira da piscina com apenas os pés dentro da água, tirei aquele momento pra refletir sobre todo o meu ano e tirar algum aprendizado de tudo o que passei.

Eu pensava no quanto a vida é louca por tirar pessoas de mim e depois trazer elas de volta, eu pensava em coisas pra agradecer e como se fosse um sinal meu celular tocou, olhei no visor e era ele.

(Gabriel): Espero não ter te acordado - falou baixinho, eu funguei sorrindo.

(Manoela): Não acordou - eu sabia que ele também tinha um sorriso do outro lado da tela.

(Gabriel): Por que tá fungando? Você tava chorando? - sua voz mudou pra preocupado.

(Manoela): Estava - confessei e ficou um silêncio.

(Gabriel): O que houve? Tá tudo bem?

(Manoela): Agora sim, não precisa se preocupar - sorri pensando em como eu me sentia mais leve agora.

(Gabriel): Tem certeza? Eu posso voltar pra Maresias agora - ele falava sério mas eu acabei rindo por ele achar que eu estava em Maresias.

(Manoela): Não precisa, eu tô bem, juro - ouvi um respiração de alívio.

(Gabriel): Você sabe que pode me contar qualquer coisa né?

(Manoela): Eu sei e quando eu estiver pronta tenho uma coisa pra te contar.

(Gabriel): Tudo bem - sorri e olhei pro céu, a lua estava bem em cima de mim.

(Manoela): Aonde você tá?

(Gabriel): No hotel, deitado já.

(Manoela): Vai até a janela e olha pro céu - o ouvi levantar e a janela fez barulho ao ser aberta.

(Gabriel): O que eu tenho que ver?

(Manoela): A lua, está tão linda quanto a que eu tô vendo? - eu estava agora deitada na grama olhando pra cima.

(Gabriel): Acredito que sim - ouvi um risinho.

(Manoela): Quando você olhar pra ela quero que lembre sempre dos nossos momentos bons.

(Gabriel): Por que tá me dizendo isso?

(Manoela): Porque não quero ter guardado comigo só os momentos ruins, como quando a gente se afastou.

(Gabriel): Então quando eu olhar pra lua eu vou sempre lembrar de você, com esse sorriso que eu sei que você tá dando agora.

Ele adivinhou certinho e eu acabei rindo um pouco alto.

(Manoela): Combinado - ficamos em silêncio por um bom tempo e pela primeira vez me senti confortável em compartilhar o silêncio com alguém, nos despedimos depois de horas e então fui dormir.

SIDE BY SIDEOnde histórias criam vida. Descubra agora