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⚠️ ATENÇÃO!
Esse capítulo contém relatos sensíveis de abuso, podendo gerar gatilho!
Se você não se sentir bem/confortável, por favor, pule o capítulo que mais pra frente você vai entender o que aconteceu com a Manoela.

— POV MANOELA TRINDADE

| FLASHBACK ABRIL |

Sábado, por volta das 18h resolvi que ia correr pelo parque, já estava fazendo isso há uns 2 meses então já conhecia bem o caminho e até algumas pessoas que frequentavam o local.
O meu único receio sempre é na volta que preciso passar por uma rua deserta e foi exatamente nessa rua que aconteceu o pior dia da minha vida.

Corri durante 1h pelo parque e fiz alguns exercícios funcionais, me despedi de Cecília - ela estava junto comigo - e peguei meu caminho de casa, a música nos meus fones estavam altas o suficiente pra me impossibilitar de ouvir os passos próximos de mim, só me dei conta de que alguém me seguia quando olhei rapidamente pra trás e no mesmo instante levei uma pancada na cabeça.

Alguém me puxou pelas pernas até o meio das árvores e de algumas pedras.

(Manoela): O que tá acon... - falei baixo e disnorteada tentando me localizar, tinha um homem em cima de mim, ele segurava meus braços e ouvi um outro rir perto de mim.

(Homem): Oi docinho, você não acha que é meio tarde pra andar por aqui sozinha? - ele passava a mão pelo meu corpo fazendo meus olhos marejarem.

(Manoela): Por favor, me deixa ir embora - pedi segurando as lágrimas e o outro cara ainda ria.

(Homem): Eu vou, mas só depois que você me der o que eu quero - ele começou a abaixar meu short e o outro cara veio segurando meus braços, eu me desesperei e comecei a chorar descontroladamente, a todo momento tentava me desvencilhar dos braços deles mas era impossível.

(Manoela): Não, por favor! - implorei chorando e tentando chutá-lo, ele era bem mais forte - SOCORRO! - os meus pedidos eram em vão e eu acabei parando de tentar lutar contra ele quando o mesmo me penetrou violentamente e dava tapas na minha cara enquanto o outro cara passava a mão pelo meus seios, eu me senti um nada ali. Eles se revesaram em cima de mim.

Minha boca tinha sido tampada com um pano que continha droga, eles estavam me apagando.

Eu era só um objeto. Meu choro não sessava e eles só pararam quando perceberam que eu estava desmaiando.

Me deixaram ali jogada no meio do mato, completamente exposta, violada e quebrada.

Me lembro de acordar provavelmente um dia depois em um hospital, Ana estava sentada no sofá ao lado da cama e ela dormia. A minha ficha só caiu quando voltei pra casa e me dei conta que teria que lidar com isso de uma forma ou de outra, minha mãe passou alguns meses comigo por que eu tinha pesadelos todas as noites, as vezes gritava enquanto dormia e outra vezes me batia.

Aquilo acabou comigo e também com a minha vontade de viver, eu mal aparecia na faculdade mas consegui um documento no hospital que me deu 2 meses em casa e isso ajudou muito, por que eu morria de medo de sair de casa sem minha mãe, ou Ana ou o João.
Não tive coragem de contar pra mais ninguém além deles, aquilo era sofrido e vergonhoso demais.

Passei a tomar remédios para dormir e para dispersar meus pensamentos.

(Manoela): O que eu fiz pra merecer isso, Ana? - perguntei no meio da madrugada depois de acordar tendo um pesadelo, ela trocou seu plantão com a minha mãe pra ela conseguir dormir um pouco.

(Ana): Não fez nada, Manu, a culpa não é sua! A culpa é dos idiotas que fizeram isso com você
- ela me abraçou e eu chorava feito uma criança - eles vão pagar por isso, a justiça não vai falhar com você.

E mais uma vez precisei dos remédios pra conseguir dormir.

SIDE BY SIDEOnde histórias criam vida. Descubra agora