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—  POV MANOELA TRINDADE

Passamos a tarde inteira na piscina, aproveitei sua boa vontade pra tirar várias fotos e ficou uma mais linda que a outra.
Também tiramos várias juntos e ele postou antes que eu olhasse se estava boa ou não.

De noite ele ascendeu a fogueira que tinha na área externa e nós fizemos um tábua de frios e vinho, deitamos em um enorme sofá que tinha ali e ficamos apenas curtindo a companhia um do outro.

(Manoela): Sabe, quando todo mundo falou em comemorar o ano novo em Angra, eu não queria ir por achar que eu não tinha motivo pra celebrar o ano novo, não tinha nada pra agradecer antes de virar o ano - eu estava deitada entre suas pernas com a cabeça encostada no seu peito, ele fazia um carinho na minha perna que estava dobrada - mas em uma conversa com a minha mãe ela me mostrou que independente de ter ou não coisas pra agradecer, eu devia celebrar que sobrevivi mais um ano e durante a virada do ano eu tive um motivo a mais pra celebrar, eu me lembrei que no meio todo o meu caos, você apareceu...

(Gabriel): Você agradeceu por mim? - eu não estava vendo mas sabia que tinha um sorriso no seu rosto.

(Manoela): Agradeci - também sorri - você foi a melhor coisa que aconteceu no meu ano, depois de tudo que aconteceu... - ele não me interrompeu, deixou que eu continuasse.

Não queria mesmo que ele precisasse saber sobre meu abuso mas era necessário e talvez seria muito pior se ele acabasse descobrindo por qualquer outra pessoa.

(Manoela): Em abril do ano passado eu sofri um abuso quando tava voltando pra casa depois de uma corrida, dois caras abusaram de mim - senti seu corpo enrijecer e ele me fez virar de frente pra ele.

(Gabriel): O quê? - perguntou olhando nos meus olhos e dava pra ver o terror através dos seus.

(Manoela): Eu não queria que você soubesse disso, mas é preciso... - segurei as lágrimas - eu desenvolvi um pânico absurdo depois tudo isso, precisei tomar remédios para dormir mas às vezes ainda acordava de madrugada com medo.

(Gabriel): Não acredito que fizeram isso com você - disse magoado.

(Manoela): Por favor, não quero que sinta pena de mim, eu detesto o olhar de pena das pessoas e isso só me faz sentir mais enojada de tudo. Hoje eu tô bem, consigo dormir sem os remédios mas às vezes minha mente me sabota, eu ainda faço terapia pra lidar e tem me ajudado muito.

Vi a primeira lágrima sair dos seus olhos, ele me olhava como se eu tivesse acabado de quebrar ele em pedacinhos.

(Gabriel): Sinto muito que isso tenha acontecido com você - deixei que as minhas lágrimas também rolassem - sinto mais ainda que eu não estava com você pra te proteger...

(Manoela): Não, Gabriel, não faz isso - segurei seu rosto - a gente não pode controlar tudo que acontece na nossa vida, você não tem nada a ver com isso. Não pense assim.

(Gabriel): Isso não é justo - ele escondeu seu rosto no meu pescoço e eu abracei seu corpo.

(Manoela): Eu sei - ele passou os braços pela minha cintura e ficamos assim por longos minutos.

Depois que ele absorveu tudo, seu olhar era de tristeza mas seu carinho no meu rosto demonstrava cuidado.

(Gabriel): Os caras que fizeram isso com você foram presos?

(Manoela): Não, a polícia não conseguiu encontrar eles ainda - ele bufou.

(Gabriel): Que justiça de merda - esbravejou.

Deitei no seu peito e me aconcheguei ali, ele me abraçou e fazia uma cafuné no meu cabelo. Apesar de tudo, ele sempre vai meu maior agradecimento.

Passamos o restante da noite nesse aconchego e conversamos por longas horas, ele tinha muitas perguntas e eu estava disposta a responder todas elas, era justo.

SIDE BY SIDEOnde histórias criam vida. Descubra agora