Vengeance: Uma história Novas Espécies 1

Capítulo 2

Estela piscou os olhos com força, atordoada com a visão à sua frente. Um Nova Espécie enorme a encarava e ela sentiu seu estômago contorcer quando ele rosnou novamente e suas presas ficaram expostas. Ele estava sem camisa e descalço, o corpo grande parecendo muito ameaçador.

- Meu Deus! - tropeçou para trás e caiu sentada, perdendo o fôlego.

- O que faz aqui, fêmea?

A voz profunda, um tanto cavernosa, a fez estremecer.

- Q-quem é você? - perguntou olhando para cima. O homem parecia muito, muito maior.

- Perguntei primeiro, fêmea.

Ela engoliu em seco.

- Sou Estela Gonçalves. Eu vim... eu vim dar um curso.

Ele inclinou a cabeça e seus olhos a percorreram com atenção.

- Está sozinha?- Estela começou a erguer-se devagar quando sentiu duas mãos fortes segurá-la pelos ombros e levantá-la. Se desequilibrou e chocou-se contra um peito rígido. Espalmou as mãos, procurando se equilibrar e sentiu a pele suada e muito quente. - Está sozinha? - ele perguntou novamente.

- Eu tenho que voltar para o auditório.

- Você está sozinha. - ele declarou, encarando-a fixamente.

Ela reparou nos olhos exóticos, com enormes íris azuis; as pupilas estavam dilatadas como se ele estivesse intoxicado. Declinando a cabeça o Nova Espécie deu uma fungada em seus cabelos. Estela saltou, assustada.

- Pode me soltar, por favor? - ele abaixou mais a cabeça e passou o nariz em seu pescoço, aspirando com força.

- Ei! - ela jogou a cabeça para trás. - Pare com isso!

Sem se incomodar com suas palavras, o homem desceu as mãos por seu corpo e se agachou, segurando-a pelos quadris.

- O que você está fazendo?!

Para o espanto de Estela, o Nova Espécie grudou o nariz sobre sua púbis e a cheirou.

- Pare com isso! Pare! Está louco?

Ele se ergueu e a encarou.

- Você está no cio.

- O quê? Eu... Do que está falando?

- Alguém a reivindicou?

- O quê?

- Você tem um macho?

Estela piscou rapidamente, tentando entender o que ele dissera. Seu olhar parado era de uma intensidade assustadora. Frases ditas mais cedo pela mulher Nova Espécie que recepcionou sua equipe vieram à sua mente; foram ordenados a não se afastarem do prédio e embarcarem em seus carros no estacionamento somente na companhia de um oficial Novas Espécies. Na hora, imaginou que o aviso fora dado por causa dos animais que viviam na reserva, alguns selvagens. Poderia ser também por causa dos próprios Novas Espécies? Mas eles não eram todos civilizados?

- Eu não tenho... Eu... eu sou uma professora... Estou aqui para...

Ela perdeu a firmeza sobre seus pés, sentindo-se sendo erguida tão rapidamente que ficou tonta. O homem a pegara no colo! Ele apertou seu corpo contra o dele e começou a correr. Estela gritou, apavorada. O que estava acontecendo?

- Me solte! Socorro!

Insensível aos gritos dela, o homem continuou correndo. Logo o campo florido deu vez à floresta. Estela se retorceu tentando se soltar, mas os braços fortes a prendiam. Fechou os punhos e socou o peito dele, que sequer diminuiu a velocidade.

O saculejar brusco a fez morder a língua, provocando lágrimas nos seus olhos. Ele saltou sobre um tronco e ela se agarrou a ele, com medo de cair. Sua bochecha roçou no peito largo e ela sentiu a pele suada.

Olhou para baixo e notou o quanto ele era alto; alto e muito forte, pois corria com ela no colo e não parecia cansado.

- Pare! Seu louco, pare!

Ele continuou correndo. Estela via as árvores passando velozmente e logo tudo se tornou um borrão verde.

O homem deu outro salto e ela gritou ao ver que ele saltara de um barranco. Sentiu sua cabeça rodar quando ele aterrissou sobre areia, logo respingos d'água atingiram suas pernas. Estavam num riacho. Ela fechou os olhos quando o sol do meio do dia a ofuscou.

- Por favor, me deixe!

Ele diminuiu a velocidade, seus passos agora controlados pela pequena correnteza.

- Tenha calma. - ele rosnou.

- Seu louco, me solte!

Ele abaixou o rosto e a olhou.

- Você é minha.