Capítulo 13

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Estela estava exausta quando foi vencida pelo sono. Relutara durante um longo tempo, com medo de dormir e ficar indefesa diante de Vengeance. Não que pudesse fazer algo para se defender...

Ele havia lhe dado uma camiseta para vestir e a ordenara deitar. Fizera o que ele pediu, mas quando entendeu o que ele estava fazendo, começara a chorar. Ele rasgara uma camisa e amarrara seus tornozelos de uma maneira que sequer conseguiria ficar em pé. Ele partira, deixando a fraca lâmpada do quarto acesa. Mesmo lutando contra o sono, finalmente fora vencida. Um sono agitado por sonhos em que se encontrava fugindo de uma força do mal.

Tão cansada quanto fora dormir, sentiu suas pálpebras mexerem. Algo a despertou. Abriu os olhos, o quarto estava às escuras, e viu a lua através da vidraça manchada.  Estava alta no céu e calculou que estava próximo da meia-noite. Esticou os pés, sentindo o tecido apertado contra sua pele. Não havia sonhado, estava presa mesmo.

Ouviu uma tábua ranger do lado de fora e seu corpo estremeceu. Seu captor voltara! A porta se abriu e fechou, porém a luz não foi acesa. E se não fosse ele? E se outro louco encontrou a cabana?

Sentou-se, as mãos espalmadas no colchão, as pernas tremendo de medo, enquanto ouvia passos se aproximando.

- Está acordada. - a voz profunda afirmou através da escuridão do quarto. Não conseguia vê-lo. - Demorei muito... O gerador desligou. - Estela percebeu a grande sombra se aproximando. - Vou acender um lampião.

Ouviu passos abafados se distanciando e voltando logo depois. Ele se aproximou da cama e acendeu um lampião. Estela piscou os olhos rapidamente quando a claridade dourada o revelou para ela. Arregalou os olhos. Ele estava sem camisa, o suor descendo em gotas por seu peito; seu tamanho a impactou novamente.

- Está com fome?

- Foi à Reserva?

- Sim. Trouxe alimentos.

- Estão procurando por mim?

- Estão. - sentou-se a lado dela e começou a soltar os nós que prendiam os seus tornozelos. - Melhor agora?

Ela esfregou os tornozelos, que estavam dormentes.

- Preciso ir ao banheiro.

- Vá. Leve o lampião. - pegou o objeto e ofereceu para ela.

Estela desceu da cama, calçou os sapatos e pegou o lampião. Caminhou com cuidado até o banheiro, usou o vaso sanitário sem pressa, pensando no que faria a partir daquele momento. Se a estavam procurando, por que não chegaram até ali?

- Estela?

A voz grave a assustou. Terminou sua higiene e saiu do banheiro. Estendeu o lampião para ele que não o pegou.

- Eu não preciso. Enxergo muito bem no escuro.

Ficou curiosa para saber de qual animal ele possuía o DNA, mas receou perguntar. Não queria aquele homem com raiva.

- Quer comer alguma coisa?

- Eu aceito.

Estela depositou o lampião na mesa e se sentou. Vengeance desapareceu dentro da cozinha. Ela ainda estava impressionada por ele enxergar no escuro. Depois de alguns minutos ele voltou para a sala e colocou um prato com dois sanduíches na mesa.

- É sanduíche de carne. - voltou para a cozinha e trouxe duas latas de refrigerante. - Não está gelado. É de cereja.

- Obrigada.

Vengeance não se sentou. Colocou-se atrás da cadeira dela e Estela deu um pulo quando ele colocou as mãos em seus cabelos.

- É tão macio... Me lembra de um bichinho... Como é mesmo o nome? Ah, ovelha. Me lembra de uma ovelhinha. -ele passou os dedos por seus cabelos, desfazendo os cachos crespos gentilmente. A ponta de seus dedos massagearam o couro cabeludo e ela sentiu um arrepio percorrê-la. - Você gosta desse carinho?

- N-não sei.

- Eu gosto muito. - ele fez um som engraçado  com a garganta. - Mas quase não tenho cabelo... -deslizou as unhas pelo seu couro cabeludo. - Deixarei crescer agora. - ele a soltou e sentou à sua frente, pegando o sanduíche. - Coma.

Estela mordeu o sanduíche, sem tirar os olhos dele; temia que, a qualquer momento, ele a atacaria. Observou seu rosto. O azul dos seus olhos eram elétricos, mas frios. A boca era larga, o lábio inferior um pouco mais cheio; as presas se destacavam, mostrando, sim, que não era totalmente humano. As orelhas eram levemente pontudas e o rosto sem nenhuma sombra de barba. Se não estivesse apavorada o consideraria muito atraente.

Terminaram de comer e Vengeance levou a louça para a cozinha. Estela não se mexeu, angustiada. O que aconteceria agora?

Vengeance: Uma história Novas Espécies 1Onde histórias criam vida. Descubra agora