Capítulo 26

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Estela não conseguia acreditar que passara toda a manhã caminhando pela floresta com Vengeance. Ele não sabia o nome de todas as árvores e pequenos animais que encontravam, mas gostou de partilhar com ela o que pensava e sentia sobre tudo. Pararam numa nascente de água que surgia entre as rochas e descia montanha abaixo; ele juntou a água com as mãos para que ela pudesse beber. Ali, ficaram um bom tempo muito quietos admirando uma corça e seu filhote bebendo água.

Quando voltaram para a cabana, Estela sentira-se confusa. Não lembrava quando experimentara tanta liberdade, tanta harmonia com a natureza quanto naquelas horas. Vengeance fizera questão de carregá-la de um lugar para o outro e ela não se incomodou mais com a proximidade com seu corpo.

Quando chegaram na cabana ele a colocou sentada numa cadeira.

- Vou preparar algo para comer.

- Pensei que tivesse dito que não cozinha bem.

- E não cozinho. - inclinou a cabeça para ela. - Você sabe?

- Eu sei. O que quer fazer?

Ele mexeu no que trouxera e separou algumas latas de conserva.

- A carne fresca eu comi hoje de manhã. Mas posso trazer mais.

- A sede não é muito longe?

- Um pouco.

Ela mordeu a bochecha.

- Podemos improvisar com o que tem.

E, mais uma vez, ela se surpreendeu, pois juntou-se a ele para preparar a refeição. Vengeance acompanhou enquanto ela misturava legumes enlatados e fazia uma caçarola com ovos; ele saiu um instante para buscar água fresca da bomba fora de casa.

Almoçaram em silêncio e Estela aproveitou para observá-lo melhor. Apesar do rosto que transmitia selvageria, Vengeance não parecia perverso. Insensível? Mas como, se compartilhara com ela seu amor pela natureza? Cruel? Ele não a machucara, mas não podia esquecer que ele a forçaraa  fazer sexo.

A quem estou enganando? Eu fiz sexo. Eu... quis.

- O que está pensando? - ele perguntou, de repente.

- O quê? Ah...- ela pigarreou. - Estava pensando que você não me machucou.

Ele franziu as sobrancelhas.

- Eu não... não sou mais assim.

- Já feriu pessoas?

- Meus companheiros... Humanos também.

- Mas...

 - Feri meus companheiros quando tentei... forçar mulheres a ficar comigo.

- Meus Deus!

- Feri e matei humanos em Mercille.

A boca de Estela formou um O perfeito, mas ela não emitiu som, de tão assustada.

- Está com medo de mim?

- Sim...

- Eu não sou mais assim.

- Você me forçou a ficar com você.

Estela se surpreendeu ao ver o rubor no rosto dele, que abaixou o olhar.

- Tem razão.

- E você pode pagar por isso.

- Posso.

- Não se preocupa?

Ele a encarou intensamente.

- Você vale a pena.

Vengeance: Uma história Novas Espécies 1Onde histórias criam vida. Descubra agora