Capítulo 24

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Estela considerou aquela manhã irreal; Vengeance realmente passeou com ela. Ficaram um longo tempo no campo de flores admirando a revoada de borboletas e de como elas pousavam. Vengeance riu muito, observando os bonitos insetos. Estela queria manter a raiva, mas achou curiosamente tocante aquele homem enorme e com a aparência perigosa se divertir tanto com a natureza.

Depois ele a levara até um penhasco de onde viam a floresta até perder de vista. Era uma visão magnífica. Vengeance sentou à beira do penhasco com Estela no colo. Ela tentou se levantar, mas ele a segurou, então relaxou o corpo e decidiu admirar a paisagem. Ainda  via a cidade ao longe, mas não conseguiu enxergar os prédios do núcleo da Reserva.

Ele acariciou seus cabelos, descendo a mão por suas costas. Estela olhou disfarçadamente o seu rosto. Numa cidade grande talvez suas feições angulosas passassem despercebidas, mas de perto era muito claro que ele era algo mais do  que humano. Alguns humanos tinham físicos parecidos ao de Vengeance, mas nenhum tinha maçãs do rosto tão salientes e aquele nariz achatado. Já vira olhos azuis bonitos, porém nenhum que parecesse tão vibrante, apesar de hostis.

Ele virou o rosto e a encarou.

- Meu rosto te desagrada?

- O quê?

- Está me olhando.

Estela sentiu o rosto esquentar.

- Você tem o rosto diferente...

- É ruim?

Ela o observou. Não havia nada de ruim em suas feições. Na verdade, as diferenças tornavam seu rosto muito atraente.

- Não é ruim.

- Bom. - acariciou seu rosto com o olhar. - O seu rosto é lindo.

- Obrigada.

- É a mulher mais linda que conheço.

- E a sua companheira?

Ele franziu as sobrancelhas e seus olhos adquiriram um tom escuro.

- Por que sempre fala dela?

- Ela não era importante para você?

- Era. Muito. Mas agora quero você, Estela.

- Não me conhece.

- Está bem. - ele colocou os braços ao redor dela. - Me fale mais de você.

- Por quê?

- Pra te conhecer.

Estela respirou fundo. Olhou a paisagem, pensando em quando a resgatariam e de quanto tempo passaria com Vengeance.  Não  queria enfurecê-lo, mesmo ele não a tendo machucado.

- O que quer saber?

- Você tem mãe?

- Mãe? Tenho, claro.

- Eu não tive.

- Eu soube que os Novas Espécies não conheceram seus genitores.

- Meus pais apenas doaram material para eu ser feito. Não conheci a mulher que me gerou.

- Lamento...

Ele fungou e continuou a perguntar.

- E tem pai?

- Meus pais são brasileiros e moram em Miami.

- Brasileiros são de onde?

-  Do Brasil, na América do Sul. Fora dos Estados Unidos.

- Vi mapas. Mas nunca vi o Brasil. É muito longe?

- Bastante.

- Você fala outra língua?

Vengeance: Uma história Novas Espécies 1Onde histórias criam vida. Descubra agora