Capítulo 11

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Estela despertou assustada; sequer percebera que havia dormido. O quarto se encontrava na penumbra que era atravessada pelos raios de sol do fim da tarde. Sentou-se na cama e apurou os ouvidos; apenas conseguia ouvir o canto dos pássaros e o farfalhar das folhas das árvores.

Por um momento muito rápido pensou em fugir pela janela, mas a  reação do Novas Espécies a assustara muito. Lembrou das presas que mostravam que ele não era totalmente humano. Fechou os olhos, pensando nas intenções daquele homem. Ele a chamara de sua!

O sol batia em seu rosto e ela se deixou ficar apenas reorganizando suas ideias. Vengeance era um homem enorme, logo ela não tinha a mínima chance de lutar com ele. Ele parecia ter um temperamento volátil, então não deveria provocar sua ira. O que fazer, meu Deus do céu?

Como se invocado por seus pensamentos, ele entrou no quarto. Parou na entrada, admirando-a.

- Dormiu bastante. - Estela apenas franziu as sobrancelhas. Ele esfregou o pé no chão. - Fiz um lanche. - ele deu dois passos. - Venha para a sala. Ela pensou em não responder, porém seu estômago roncou alto. Ele deu um pequeno sorriso, mas ela achou seu rosto cruel. Ele estendeu a mão. - Venha.

Estela levantou da cama e caminhou em direção à porta. Ele recuou para ela passar, mas tocou seu braço. Os raios de sol batiam sobre a mesa arrumada para dois; havia talheres,  um prato com pãezinhos, um pequeno pote de mel e duas canecas despareadas.

- Eu preciso usar o banheiro.

- Claro.

Ela foi até a porta do cômodo e, ao olhar sobre o ombro, viu que ele a olhava fixamente. Depois de cuidar de suas necessidades, Estela molhou novamente o rosto, percebendo os olhos muito inchados do choro.  Voltou para a sala e ele estava no mesmo lugar.

- Fiz café, mas também tenho suco.

- Obrigada. Eu aceito café.

Ele foi à pequena cozinha e voltou com um bule antigo. Ela sentou à mesa rústica, recebendo os raios de sol. Vengeance se sentou, parecendo muito satisfeito.

- Voltarei à Reserva e trarei mais mantimentos.

- Vai... vai à Reserva?

- Vou.- ele pegou um pãozinho, partiu e passou mel; ofereceu para ela -  Coma, Estela.

Estela pegou o pãozinho, reparando na mão enorme.

- Obrigada.

- Vou ligar o gerador  gerador depois do café. - ela ergueu os olhos para ele. - Para o banho.

Estela não pensou em tomar banho. Não tiraria a roupa ali!

- Não precisa.

- Você está suja.

- Não me incomodo.

Ele inclinou a cabeça para o lado e estreitou os olhos.

- Precisa tomar banho.

- Vai me forçar? - perguntou com rispidez.

- Sim. Quero você limpa.

Seu coração acelerou. Ele a queria limpa para o quê?

- Senhor Vengeance...

- Ven.

- O quê?

- Quero que me chame de Ven.

Estela engoliu o desaforo que pensou em dizer. Terminou de comer o pãozinho e ele ofereceu outro para ela. Ao menos de fome não morreria...  Tomou todo o café e estendeu a mão para pegar o bule. Vengeance pegou antes.

- Eu sirvo você.

Ele levantou para servi-la e, só então, ela notou que ele se trocara. A blusa de malha se esticava contra a pele bronzeada e  usava uma bermuda. Depois ele se sentou e passaram os próximos minutos comendo em silêncio. Ele não desviava os olhos dela, percorrendo seu rosto, o pescoço, os seios... Estela engolia em seco a cada vez que ele olhava para seus seios com os lábios entreabertos como se estivesse sentindo o seu gosto.

Ele se ergueu quando a sala escureceu.

- Fique aqui. Não tente fugir. - falou, mas sua voz estava tranquila.

O desejo de fugir foi grande, mas seu medo era muito maior; ficou quieta na cadeira. Um barulho de engrenagens e um zumbido cortaram o silêncio e ela imaginou que era o gerador. Vengeance voltou em seguida e apertou um interruptor na parede, acendendo a luz.

- Terminou?

- Sim.

Estela se encolheu quando ele a segurou pelos ombros e a ergueu. Tropeçou e suas costas bateram contra o peito dele. Soltou uma exclamação ao perceber que ele descia as mãos por seus braços. Vengeance encostou-se mais nela.Os músculos se colaram às suas costas e quadris; Estela estremeceu quando sentiu o calor  do corpo dele atravessando suas roupas.

Ele abaixou a cabeça e  cheirou o cabelo dela.

- Você cheira muito bem. - ergueu uma mão e a afastou os cabelos de um ombro. Tocou o pescoço com o nariz. - Muito bem mesmo. - ele soltou um rosnado suave e beijou sua pele..

Estela deu um pulo e tentou se afastar.

- Não, por favor.

Ele a deixou ir.

- Vá tomar um banho. Eu sairei depois que você acabar.

- Vai para a Reserva?

- Vou. Devem estar procurando por você e eu quero despistá-los. - ele a empurrou em direção ao banheiro. - Tome o banho. Eu esperarei.

Estela entrou no banheiro e ficou um longo momento olhando para a porta fechada. Angustiada, tomou uma decisão: esperaria ele sair e desceria a montanha sem se importar com a noite que caía. Não passaria a noite com aquele homem!


Vengeance: Uma história Novas Espécies 1Onde histórias criam vida. Descubra agora