Capítulo 42

2.3K 182 2
                                    

Estela estava à janela, admirando o entorno do Hotel. A floresta dominava a paisagem e ela via Novas Espécies transitando pelas ruas que cruzavam o terreno harmoniosamente. Uma fêmea muito curiosa lhe trouxera o almoço e ficara conversando com ela enquanto comia. A linda mulher fazia muitas perguntas sobre o mundo humano e Estela tivera o cuidado de citar apenas aspectos positivos.

Ninguém mais aparecera, nem Vengeance, deixando-a ansiosa. Quando saíra do escritório de Slade North disseram-lhe que seria levada de volta para sua casa e se preparou para o momento. Usava um conjunto de roupas de ginástica que engolia seu corpo, mas não se importou. Nada a espantaria depois de tudo que vivera.

Admirou as árvores altas que iam até depois do que sua vista alcançava. Era um lugar lindo.

Lindo e misterioso. - pensou, imaginando o que mais haveria entre as muralhas da Reserva. Quantos espécies com histórias tristes como a de Vengeance viviam escondidas ali? Quantos homens e mulheres tiveram sua humanidade negada, sendo tratados como seres sem alma? Refletiu sobre o quanto Vengeance se tornara desequilibrado com a vida que levava. Ele tivera a coragem de sequestrar uma mulher na esperança de terminar com a solidão imensa que o abatia.

Estela lembrou dos primeiros momentos quando pensara que ele a mataria; depois tivera a certeza que seria estuprada e, por fim, de que seria prisioneira daquele homem para sempre. Tudo mudara, porém nas horas intensas que se seguiram. Vira o homem-fera que Ven era, contudo também testemunhara a delicada relação dele com a natureza. Ele era como uma criança que reagia por instinto, mas sensível ao que estivesse ao seu redor.

Um lado dela estava chocado com o que acontecera, chocado com a forma como ele se forçara a ela, chocado como reagira com um ardor sexual que nunca mostrara antes. O outro lado... o outro lado estava deslumbrado com tudo que vira e sentira. Deslumbrado com o homem imenso e tão sensualmente cru e tão delicado enquanto tentara cuidar dela.

Síndrome de Estocolmo. Estou vivendo a Síndrome de Estocolmo. - concluiu. Era o modo mais racional de explicar seus sentimentos por Vengeance. Mas, estava apaixonada também?

Era adulta, independente e já vivera muito desde que sua família viera para os Estados Unidos. Conhecera pessoas de todos os tipos, visitara lugares diferentes do quente Rio de janeiro e experimentara situações que a fizeram crescer como pessoa. Tivera relacionamentos, fora casada e agora vivia bem sozinha. Então, como explicar a forma natural que aceitara Vengeance? Ele podia ser brutal, mas era o lado sensual e doce que a cativava.

Fechou os olhos e lembrou-se dos momentos doces que viveram. Ele sabia ser amável. Lembrou-se dos momentos de medo que passara. Ele sabia ser brutal também. Lembrou-se da forma como ele abrira seu coração para ela. Ele sabia ser humano.

Distraída, deu um salto quando bateram em sua porta. Seria vengeance ou oficiais que a levariam para fora da Reserva? Abriu a porta e viu Rusty que sorriu para ela.

- Estela Gonçalves, Slade deseja vê-la.

- Para quê? Me levarão agora?

- Tem pressa de ir embora?

- Não. Só imaginei que viriam me buscar.

- Slade precisa de você no escritório.

- Tudo bem.

Rusty se virou e Estela entendeu que era para segui-la.

- Quer descer pela escada? É mais rápido.

- Tudo bem.

A Nova Espécie disparou escada abaixo e Estela se esforçou para acompanhá-la. Desceram até o segundo andar, onde estavam diversos escritórios. Reconheceu a porta larga de mogno, por onde passara mais cedo. Rusty deu duas batidinhas na porta e entrou.

------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Vengeance: Uma história Novas Espécies 1Onde histórias criam vida. Descubra agora