Capítulo 7

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O último beijo que Vengeance dera fora em sua companheira; há muitos anos. Foram colocados juntos numa cela quando eram muito jovens. Aprenderam  sobre tocar e amar. Ela penteava seus cabelos, ajudava-o a se banhar, acariciava-o até dormir, beijava seu corpo quando os técnicos o  feriam... Vengeance  odiava o que faziam com ele, mas se conformava, porque sua companheira era sempre poupada de ser ferida; ele sabia que a usavam para controlá-lo.

Mercille procurara gerar crianças com ele e quando a intenção fracassara, tentaram tirar sua companheira dele. Ele lutou, matou seguranças, mas eles a mataram. Bem na sua frente.

Desde então era movido pelo ódio. Ódio profundo aos humanos.

Sentia-se muito sozinho. Seus amigos não entendiam porque não se adaptava; apenas Tiger ainda insistia em fazer-lhe companhia. As fêmeas o rejeitaram quando souberam que quase forçou uma fêmea a ser montada. Ele entendia, entendia toda a estranheza ao seu redor. Acostumara-se a ser só.

Então, vira aquela mulher ao sol, sorrindo, cercada por borboletas. Pensou em como seria tê-la, compartilhar aquela alegria que via em seu rosto... Imaginara que seria bom pegá-la, que ela poderia terminar com sua solidão e ignorara completamente os avisos de Tiger para se manter longe de humanos.

Agora, sentindo a  maciez debaixo do seu corpo, a pele suave em suas mãos, o cheiro delicioso, a boca ( ah, a boca!)... Era como se uma onda gigantesca houvesse se abatido sobre ele, arrastando-o para um turbilhão quente.

Manteve o aperto em seu rosto para impedi-la de se mover. Mergulhou em sua boca como um desesperado, buscando sua língua, roçando, sugando. Seu coração batia tão forte que o sangue martelava em seus ouvidos.

A mulher bateu com força contra seus ombros, socando-o, empurrando-o, porém nada daquilo o afetou. Estava duro como não ficava há anos. Deixou o rosto dela e deslizou a mãos por seu corpo até alcançar a bainha da saia; puxou-a para cima  e afastou seus joelhos com as pernas. Ela  lutou mais e ele não pôde conter o gemido alto quando seu pênis roçou contra a pélvis dela. Sabia que agia como uma fera, pois desejou tomá-la ali mesmo, no chão da floresta.

 Liberando um grito abafado, a mulher mordeu sua língua com força. Vengeance recuou com a dor.

- Disse para não me ferir!

- Você está me ferindo!

Ele estreitou os olhos, furiosos, mas o sentimento esfriou quando olhou a face atormentada. Lágrimas corriam dos olhos escuros. Piscou rapidamente e sua mente pareceu encolher. Mais uma vez tentava forçar uma fêmea!

Ajoelhou-se, livrando-a de seu peso.

Vê-la chorar o lembrou de sua companheira. Ela chorava quando o levavam para testes e de como ele voltava machucado de alguns. Ela chorava porque o amava, não porque ele a machucava. A fêmea cobriu o rosto com as mãos e chorou lamentosamente.

Vengeance se lembrou de quando tentara tomar Lauren. Ela também gritara e chorara. Franziu as sobrancelhas. Momentos como esse davam-lhe a certeza que era mais animal do que humano.

- Não chore, fêmea.

- Você é um monstro!

 Era um monstro?

- Não vou forçá-la.

- Está forçando!

Ele se sentiu perdido. Ele a sequestrara? Sim. Forçou uma intimidade? Sim. Se arrependia daquilo? Observou-a.  Deveria sentir pena dela? Não era pequena, mas parecia muito frágil perto dele. Mas se ela fosse dele poderia guardá-la, protegê-la. Por um momento pensou que ninguém a protegera dele.

Os ombros dela se sacudiam com o choro e suas lágrimas pingavam no solo. Vengeance fez a única coisa que poderia fazer no momento; segurou-a pelos ombros, puxou-a e a abraçou. Para sua surpresa, ela não lutou, mas afundou o rosto no seu peito e continuou a chorar. Ele lembrou-se de sua companheira. Acariciou seus cabelos, lentamente, deixando-a desabafar em seu peito.

Ficou um longo momento apenas abraçando-a. Depois, quando não ouviu mais sons de choro, começou a retirar as pequenas folhas e gravetinhos que haviam ficado presos nos cabelos cacheados.

- Por favor, me deixe ir...

- Não posso.

- Porquê?

- Eu a reivindiquei. É minha agora.





Vengeance: Uma história Novas Espécies 1Onde histórias criam vida. Descubra agora