Capítulo 30

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Ajoelhada na terra, Estela não se reconhecia. Estava ensinando Vengeance a plantar. Mais cedo naquela tarde, ele vira quando ela transplantara uma mudinha para uma área onde batia mais sol. Curioso ele pedira para ela ensiná-lo. E agora estavam ali, há quase meia hora, trazendo mudinhas para uma área ensolarada.

Era engraçado ver o homem enorme e com uma aparência feroz debruçado sobre plantinhas e mexendo na terra, encantado como uma criança.

- Só falta mais uma. - falou, entregando a última muda para ele.

Vengeance ficou em pé e foi até uma área banhada por luz. Ajoelhou e depositou a planta numa cova que havia feito. 

Estela ficou observando-o. Ficaram boa parte da tarde na cama, Vengeance fazendo muitas perguntas e ela respondendo o que podia. Ele era um espécie muito curioso.

- Viu? É uma ótima terapia. - sorriu para ele.

- Isso não é terapia.

- É, sim.

- Terapia é com um psicólogo estranho. - explicou, enquanto cobria a cova de terra.

- Você já fez terapia?

- O doutor disse que eu tinha que fazer terapia e eu faço. E tomo remédios.

- Te ajuda?

- Nunca mais ataquei humanas. - Estela ergueu as sobrancelhas. - Não a ataquei. Só... a peguei.

- Isso não é atacar?

Vengeance ergueu os olhos.

- Nunca vou te ferir, Estela.

Ela sentia que era verdade. Levantou-se e olhou ao redor, admirando o terreno dourado pelo sol. Era muito lindo. Ele terminou de cobrir a cova, ergueu-se e bateu as mãos para tirar a terra. Estela o olhou.

- Este lugar é tão pacífico...

- Ninguém do meu povo já esteve aqui.

Ela franziu a testa.

- Não imaginam que estamos aqui.

- Espero que não. Vamos.

- Aqui está tão bom...

- Você disse que gostava de café no final da tarde.

Ela se admirou dele se lembrar do que dissera mais cedo.

- Eu gosto.

- Então, vamos.

Caminharam de volta para a cabana ouvindo o canto das cigarras. Estela não se lembrava de quando sentira tanta paz... Um sobressalto a tomou. Fora sequestrada por Vengeance, não estava num retiro de final de semana. Então, porque estar com ele parecia tão bom?

Voltaram para a cabana e ela riu quando ele insistiu que lavassem as mãos juntos, mal cabiam dentro do banheiro. Depois, se sentaram na varanda, enquanto tomavam café. O sol se pondo causava uma impressão de irrealidade na paisagem, como se estivessem num conto de fadas. Ficaram na varanda até os primeiros mosquitos aparecerem.

Vengeance deu um sorriso malicioso quando entraram e, pegando-a pela mão, puxou-a para o quarto.

- Não... - ela avisou.

- Você vai gostar.

- Estou... dolorida, Ven.

- Ah... - ele a pegou no colo e entrou no quarto. - Podemos só ficar aqui.

Ele a deitou na cama e começou a tirar sua bermuda. Estela não lutou; deixou que ele tirasse toda a sua roupa. Quando ele começou a se despir, ela ficou admirando-o. Fora os finos pelos em seu peito, Vengeance tinha o corpo liso, permitindo-a observá-lo todo. Os músculos se destacavam mostrando sua força. Ele se aproximou e deitou ao lado dela. A sensação do corpo dele contra suas costas era maravilhoso. Onde ela era macia, ele era duro, onde sua pele era suave, a dele era áspera, mas se encaixavam perfeitamente.

Vengeance a fez descansar a cabeça em seu braço e, com o outro, acariciava sua barriga. O quarto estava na penumbra e uma fraca luz dourada entrava pela janela. Ela se aconchegou a ele.

- Você é tão quente...

- Eu sou.

- E é enorme. Aliás, todos os Novas espécies são enormes.

- Fomos feitos assim.

Ela se indignou ao lembrar de como aqueles seres foram criados. O ser humano sempre surpreendia com a capacidade de novas crueldades.

- Meu povo também era escravizado e forçado a trabalhar para os brancos. - ele continuou a acariciá-la. - Depois disso, não se esperava que ainda houvesse escravidão. - colocou suas mãos sob as dele. - E tanta crueldade.

- Eu li sobre isso. O ser humano é muito ruim.

- Nem todos.

- Hum.

Ela virou o rosto para ele.

- Vocês foram salvos por seres humanos. E muitos colaboraram para que se estabelecessem.

- Não confio em humanos.

- Em mim também?

Ele beijou o topo de sua cabeça.

- Você é diferente.

- Diferente, como?

- A você eu amo.

Ela se encolheu.

- Como pode dizer isso em tão pouco tempo.

- Sou Espécie. Meu instinto me mostra a verdade.

Estela ficou em silêncio. Era fato que haviam vivido muito em apenas dois dias, mas não podia acreditar que ele a amasse. Suspirou.

- Acho que nunca fui amada de verdade.

- Eu amo você.

- Não pode ser, Ven.

- Você é minha, Estela. E eu te dei meu corpo e minha mente.

- Uma hora eu terei que voltar para casa.

- Eu sei.

- Você sabe?

Vengeance a abraçou mais forte.

- Eu te levarei amanhã.
















































Vengeance: Uma história Novas Espécies 1Onde histórias criam vida. Descubra agora