Capítulo 39

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Depois que falou com seus pais e com seu empregador, Estela foi avisada que teria a oportunidade de descansar um pouco, antes de ser levada de volta para sua cidade.

Fora colocada num quarto do hotel da Reserva. A mulher chamada Rusty, que fazia o papel de sua anfitriã, explicara que continuaram chamando o prédio de hotel, mas servia de residência para muitos Novas Espécies. Alguns revezavam viver entre Homeland e a Reserva e também mantinham residência ali. O quarto para o qual fora levada na verdade era uma pequena kitinete: havia o quarto e uma cozinha americana. Estela nunca vira tantos Novas Espécies juntos.

De banho tomado, estava deitada na grande cama, usufruindo da brisa morna que entrava pela janela do terceiro andar. Estava realmente cansada, porém sua mente mantinha-se desperta, preocupada com Vengeance.

Justice dissera que não conseguiria ver Vengeance antes de partir, entretanto ela pretendia tentar mais uma vez. Ela e aquele espécie viveram experiências demais para ela apenas partir. Lembrou-se do que dissera a ele: Conseguiria vê-lo nos dias que desse aulas? E o contrato da Change Services continuaria?

Ouviu batidas na porta e imaginou que fosse Rusty trazendo a sua bolsa que ficara no banheiro do auditório. Precisava ligar o seu celular e tranquilizar seus colegas de trabalho. Levantou-se sem se preocupar que estava apenas com uma camisa larga que chegava ao meio de suas coxas.

Abriu a porta e, por um momento, ficou apenas parada, piscando. Vengeance estava à porta, ladeado por dois Novas Espécies.

- Vengeance!

- Olá, Estela. - ele estendeu as mãos para ela, que as pegou. - Posso entrar?

- Claro!

Ela recuou alguns passos e ele a acompanhou, entrando no quarto. Ela teve a impressão que ele ocupava todo o espaço. Os outros dois permaneceram na entrada.

- Eu pensei que não te veria antes de ir...

- Justice me deixou vê-la.

Ela sorriu para ele. Vengeance usava a mesma roupa com a qual descera a montanha e ela imaginou que ele estivera na detenção. Estela soltou suas mãos e caminhou até à porta.

- Os senhores podem me dar licença?

- Não tranque a porta, por favor. - um deles falou.

- Como?

- São ordens de Tiger, senhora.

- Mas...

Vengeance segurou seu braço.

- Deixe assim. - ela se virou para ele. - Tiger não confia em mim com você.

- O que ele acha que fará?

- Sequestrá-la de novo, eu acho.

Ela balançou a cabeça, confusa com os Novas Espécies. Dando de ombros, fechou a porta e levou Vengeance até o pequeno sofá. Ele era tão grande que os dois mal cabiam no móvel de dois lugares.

- Você está bem? - ela perguntou.

- Estou. Eles não vão me apagar.

Estela abriu os lábios, chocada que ele achasse que aquilo era uma alternativa.

- Justice não acreditou em mim. - ela reclamou.

- Ninguém acreditou.

- Mas foi o meu depoimento para o FBI.

- Justice falou que você só me livrou da punição humana, mas não dos espécies.

- O que farão com você?

- Ficarei livre, mas me vigiarão para sempre.

- Oh.

- Eles foram misericordiosos. - Ven acariciou seu braço. - Os Novas Espécies consideram o que eu fiz um crime.

- Imagino.

- Mas estão sendo bondosos comigo. E estão muito preocupados com você. - olhou-a atentamente e Estela percebeu algo estranho nele. - Justice quer que fique uns dias aqui.

- Aqui?

- Ele disse que será para tirar a má impressão que eu causei.

Estela sentiu o coração apertar. Vengeance parecia um animalzinho ferido.

- Você explicou porque fez o que fez?

- Eles sabem. - balançou a cabeça. - O que fiz foi muito errado. - ela sabia que era. - Fêmeas são para serem protegidas.

- Você me trouxe de volta.

- Eu não podia manter você, mas eu queria.

Ela segurou a mão que a tocava. Seu coração, intrigantemente, se afeiçoara a ele. Observou - o. Ven parecia deslocado ali, a floresta é que deveria ser seu habitat natural.
- Preciso voltar ao trabalho.
-Justice disse que pedirá ao seu chefe para você ficar aqui.
-Eu disse aos meus pais que estaria em casa hoje.
- Não pode ficar?
Estela parou para pensar. Era o momento de sair da Reserva e deixar todo aquele episódio para tras. Admirou o homem alterado à sua frente. Achava o rosto à sua frente atraente, provocante e as presas pontiagudas causavam uma impressão de perigo que não a amedrontava, pelo contrário, a deixava estranhamente excitada. Os músculos enormes a faziam desejar ser protegida por eles. Encostou o corpo ao dele, apreciando a pele quente.
- Você quer que eu fique?
-Quero. - passou os braços por seus ombros. - Sei que a assustei. Sei que decepcionei os meus parceiros... Mas não me arrependo de ter você.
Estela lembrou dos momentos na montanha, de Ven juntando as mãos para ela beber água da fonte, acompanhando o pôr do sol na varanda e... Tinha que ser sincera e admitir que nunca tivera uma experiência sexual como tivera com ele. Vengeance não lhe causava medo; ela entendia a dor da solidão dele.
- Seus amigos sabem que você me sequestrou. Acredito que ficarão confusos se eu ficar.
Ven a abraçou e mergulhou o rosto em seus cabelos.
- Eles são espécies, entenderão.
Estela sentiu - se cercada por calor e algo mais. Um tremor tomou seu ventre, uma excitação que começou a se espalhar. Ela conseguia entender? Não, mas sabia que queria estar com ele.
Segurou o rosto de Vengeance e ele a olhou intensamente.
-Eu acho que estou louca, Ven.
- Está?
- Estou.
- Então, fique comigo.
Não posso, é loucura! Tenho que usar a razão. Não ficarei!
Olhou-a nos olhos, acariciou seu rosto e suspirou.
- Eu ficarei, Ven.

Vengeance: Uma história Novas Espécies 1Onde histórias criam vida. Descubra agora