Iara
— Foi só um entorse — o médico me diz escrevendo alguma coisa no papel — eu vou receitar um analgésico pra dor, e também pra você usar uma tipoia — assenti com a cabeça.
Felizmente não foi algo mais grave que eu precisasse passar por algum procedimento, é horrível ter que passar pela dor de quebrar algo.
E sim já quebrei o braço, não esse mas o outro, pelo menos estava tudo bem.
— Também vai precisar ficar se repouso, 10 dias sem movimentar o braço — arregalei os olhos.
Como? Eu não poderia deixar de ir trabalhar na segunda, eu já tinha ficado muitos dias sem ir, isso seria meu fim.
— É que eu não posso doutor, tenho que trabalhar na segunda — ele me encarou.
— Não pode forçar, houve uma ruptura dos seus ligamentos, eles precisam se recuperar.
— Mas é que eu fiquei já um tempo de atestado, 10 dias é muita coisa.
— Sinto muito, mas se não repousar não irá ter a recuperação 100%.
Isso não podia estar acontecendo, eu tinha meu trabalho, já fiquei uma semana fora e se não voltasse essa segunda perderia meu emprego.
E sem trabalho eu não ficaria.
— Eu vou pegar a receita e o atestado — o médico sai aonde era o pronto socorro.
Já tinha tirado o caco de vidro do meu pé, o enfermeiro limpou bem e enfaixou e ainda me falou cuidados.
Me ajeitei na cadeira esperando o médico voltar. Olhei de longe vendo Cobra andar com um copo descartável bebendo o que eu achava que era água.
Ele ainda tava aqui?
Quando chegamos o enfermeiro logo me atendeu e depois o médico veio me avaliar, nem percebi quando ele sumiu, achei que ele tinha ido embora.
— So tem água quente aqui — ele chega reclamando.
— Achei que tinha ido embora — ele parou do meu lado.
— E tu ia embora como mongol?
— Com as pernas mongol, eu tenho duas não tá enxergando, velho gaga? — rebato sua fala, ele preciona os lábios e olha em volta.
Percebi que ele tinha mania de fazer isso, tinha medo de escutarem o que ele conversava, queria tudo em sigilo.
— Um dia eu vou fazer você aprender a não me desmoralizar em público — ele volta a me encarar e percebi que estava irritado.
Não vou negar que eu instigada isso, era quase como um hobby tirar a paciência dele.
— Quer dizer que quando estivermos sozinhos posso te desmoralizar? — ele preciona a mandíbula e olha em volta, dou ar de riso porque sei que ele está bravo.
O problema do Cobra é se achar o rei da cocada preta, todo mundo o coloca num pedestal, e eu não vejo nada demais, ele é dono do morro, um bandido, e tenho meus receios de perturbar mas algo dentro de mim diz que ele sabe que eu faço isso só pra encher o saco dele.
O que ele também me faz já que me atormenta sempre que pode.
— Aqui, o seu atestado e a receita, passa na farmácia e já pega pra você começar a tomar logo agora, pra a dor diminuir — o doutor fala e eu assinto.
— Obrigada doutor.
— Por nada, qualquer coisa você volta aqui.
Levanto da cadeira com a ajuda do Cobra, uma enfermeira chega com uma cadeira de rodas pra me levar até a porta, digo que não é necessário mas ela diz que é melhor por conta do pé. Ela consegue me convencer junto com o Cobra que também fala pra mim deixar de teimosia de sentar na bendita cadeira.
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Meu Alvo
Romance📍Vidigal - Rio de Janeiro As vezes superar alguém é difícil mas não é impossível. Se torna mais complicado se não se permite viver algo novo, Iara não se da esse direito e também não deseja nenhum relacionamento sério. Cobra é da mesma forma, lida...