Capítulo Nove

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Iara

— Foi só um entorse — o médico me diz escrevendo alguma coisa no papel — eu vou receitar um analgésico pra dor, e também pra você usar uma tipoia — assenti com a cabeça.

Felizmente não foi algo mais grave que eu precisasse passar por algum procedimento, é horrível ter que passar pela dor de quebrar algo.

E sim já quebrei o braço, não esse mas o outro, pelo menos estava tudo bem.

— Também vai precisar ficar se repouso, 10 dias sem movimentar o braço — arregalei os olhos.

Como? Eu não poderia deixar de ir trabalhar na segunda, eu já tinha ficado muitos dias sem ir, isso seria meu fim.

— É que eu não posso doutor, tenho que trabalhar na segunda — ele me encarou.

— Não pode forçar, houve uma ruptura dos seus ligamentos, eles precisam se recuperar.

— Mas é que eu fiquei já um tempo de atestado, 10 dias é muita coisa.

— Sinto muito, mas se não repousar não irá ter a recuperação 100%.

Isso não podia estar acontecendo, eu tinha meu trabalho, já fiquei uma semana fora e se não voltasse essa segunda perderia meu emprego.

E sem trabalho eu não ficaria.

— Eu vou pegar a receita e o atestado — o médico sai aonde era o pronto socorro.

Já tinha tirado o caco de vidro do meu pé, o enfermeiro limpou bem e enfaixou e ainda me falou cuidados.

Me ajeitei na cadeira esperando o médico voltar. Olhei de longe vendo Cobra andar com um copo descartável bebendo o que eu achava que era água.

Ele ainda tava aqui?

Quando chegamos o enfermeiro logo me atendeu e depois o médico veio me avaliar, nem percebi quando ele sumiu, achei que ele tinha ido embora.

— So tem água quente aqui — ele chega reclamando.

— Achei que tinha ido embora — ele parou do meu lado.

— E tu ia embora como mongol?

— Com as pernas mongol, eu tenho duas não tá enxergando, velho gaga? — rebato sua fala, ele preciona os lábios e olha em volta.

Percebi que ele tinha mania de fazer isso, tinha medo de escutarem o que ele conversava, queria tudo em sigilo.

— Um dia eu vou fazer você aprender a não me desmoralizar em público — ele volta a me encarar e percebi que estava irritado.

Não vou negar que eu instigada isso, era quase como um hobby tirar a paciência dele.

— Quer dizer que quando estivermos sozinhos posso te desmoralizar? — ele preciona a mandíbula e olha em volta, dou ar de riso porque sei que ele está bravo.

O problema do Cobra é se achar o rei da cocada preta, todo mundo o coloca num pedestal, e eu não vejo nada demais, ele é dono do morro, um bandido, e tenho meus receios de perturbar mas algo dentro de mim diz que ele sabe que eu faço isso só pra encher o saco dele.

O que ele também me faz já que me atormenta sempre que pode.

— Aqui, o seu atestado e a receita, passa na farmácia e já pega pra você começar a tomar logo agora, pra a dor diminuir — o doutor fala e eu assinto.

— Obrigada doutor.

— Por nada, qualquer coisa você volta aqui.

Levanto da cadeira com a ajuda do Cobra, uma enfermeira chega com uma cadeira de rodas pra me levar até a porta, digo que não é necessário mas ela diz que é melhor por conta do pé. Ela consegue me convencer junto com o Cobra que também fala pra mim deixar de teimosia de sentar na bendita cadeira.

Meu AlvoOnde histórias criam vida. Descubra agora