Cobra
- Não posso fazer isso, o diretor tá me vigiando, você acha que eu também não sou revistada quando entro aqui? - Ângela me fala e eu encosto na cadeira cruzando os braços puto de raiva.
Queria um telefone, precisava de um urgentemente, precisava resolver esses pepinos, saber como vai ser a fuga que eu não fico aqui mais anos nem fodendo.
A Ângela era a única que conseguia vir me ver, mas entrava sem nada também, era uma porra.
- Calma, vou pedir alguém pra trazer, Gael vai resolver isso - ela diz e suspiro alto.
- Como por lá? - pergunto e ela balança a cabeça.
- Descaso total, uma verdadeira baderna, viatura tem rondando a cada hora na favela, revistando a casa dos que ficaram, das mulheres...
- E na minha? Na da minha mãe?
- Fecharam a sua, Alexandra nem consegue ir lá - nego com a cabeça.
Esses pau no cu do caralho.
- Da Alexandra não mexeram, nem da Iara, acredito que seja por sua conta - ela diz, eu pensava que seria as primeiras a serem revistadas, pelo jeito eu ainda tenho moral com eles - por falar nela... - a encaro.
- Que que tem?
- Eu vou providenciar o celular, você precisa acalmar aquela fera - levanto uma sobrancelha.
- O que tá acontecendo?
- Já te falei que os policiais ficam fazendo chacota com a cara dela o que deve deixar ela mais irritada ainda, mas agora ela deu pra encrencar comigo, porque eu venho aqui e ela não - não consigo segurar o riso e a Ângela ri também - Para de rir seu filho da puta.
- Iara sempre foi ciumenta - falo lembrando das crise de ciúme dela mesma a gente não tendo nada.
- Olha... - ela me entrega um lápis e uma folha de papel - escreve aí pra ela, pra ela ficar mais calma.
Ela passou por debaixo do acrílico que separava a gente que tinha em cima da mesa, eu peguei a folha e o lápis pensando no que escrever.
- Eles deixaram tu me dar isso?
- Falaram que vão ter que ler a carta depois pra deixar ela sair daqui - preciono os lábios.
- Mais que caralho.
- Pois é, se não quiser expor mais a Iara não fala besteira não, diz o que tá sentindo, seja verdadeiro - ela anda pela sala me dando privacidade pra escrever.
Começo a escrever dizendo pra ela que tô bem, na última noite nossa ela me falou que esse era o medo dela, deu ser preso e por isso eu já digo que estou bem.
Não sei como mas eu preenchi todas as linhas frente e verso daquela folha, pareceu mais fácil dizer o que eu queria pra ela por aqui. Mesmo sabendo que vão bisbilhotar achando que tem algum código secreto mas não tem nada disso.
Ângela não ficou me olhando ela estava andando pela sala esperando que eu terminasse de escrever.
- Terminei - passo a folha por debaixo do acrílico e o lápis também.
- Ótimo, já tenho que ir - ela pega o papel dobrando no meio - não vou vir mais, minhas visitas excederam em um mês e a Iara já me odeia o suficiente - balancei a cabeça rindo de lado - tu se acha demais, ego sobe que é uma beleza.
- Fala pra minha mãe que eu mandei um beijo pra ela - ela assente se afastando - e diz pra Iara que eu mandei um beijo gostoso - ela ri me olhando.
- Vou entregar o beijo gostoso nela - balancei a cabeça com ela fazendo um bico.
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Meu Alvo
Romance📍Vidigal - Rio de Janeiro As vezes superar alguém é difícil mas não é impossível. Se torna mais complicado se não se permite viver algo novo, Iara não se da esse direito e também não deseja nenhum relacionamento sério. Cobra é da mesma forma, lida...