Capítulo Oitenta e Dois

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Cobra

É...

Sair só presídio pra estar livre e foda pra caralho.

Sentir aquele ar fora daquele inferno é totalmente diferente, dentro da prisão é impossível respirar direito sem olhar pra todo lado desconfiado de tudo e todos. Mas sair finalmente poder se ver livre é bom demais.

Levantei a tampa do bueiro aonde dava a saída de Bangu.

Foi difícil, quando entrei no banheiro os carcereiros ficaa lá fora e só deu tempo deu sair correndo até a porta no corredor aonde eles não estavam e abri a portinha trancada com o cadeado com a chave que a Iara me trouxe.

Ângela tem uma lábia boa do caralho, pra ela conseguir a cópia da chave desse cadeado só assim, não como mas ela conseguiu.

Não são que horas era mas sabia que já era de manhã, foi o horário que me acordaram pra me levar pro banheiro pra poder tomar banho.

Eu não conseguia tempo, eles sempre ficavam no banheiro comigo e quando não era isso tinha outro preso. Contei 8 vezes que fui ao banheiro e não consegui fugir ou seja 8 dias depois da visita da Iara. Hoje foi em um novo horário e como sempre a chave já estava no meu bolso, foi a oportunidade perfeita.

Quando sai no meio de um bairro que lembro da Ângela dizer que ia dar em Nova Iguaçu, e foi aonde parei.

Olhando em volta eu tentava achar alguém conhecido, não dava pra ir andando até Vidigal, era longe demais, precisava de alguma parada por perto, talvez se eu fosse pra Cidade de Deus de lá até Vidigal era mais perto.

E eu com o uniforme do presídio era reconhecido de longe.

— Cobra? — escutei uma voz feminina e quando olhei dei de cara com a Prestígio em cima de uma moto.

— Porra, nunca fiquei tão feliz em te ver — me aproximei dela — acabei de meter fuga em Bangu — ela me olhou curiosa — Preciso ir pro Vidigal agora, da uma moral? — Prestígio sorriu e aí lembro o significado do seu vulgo.

A mina é gata pra cacete, Prestígio é negra com o cabelo totalmente branco e os dentes perfeitamente braços também, muito linda, conheci ela na época que conheci o Coringa, so que ela tava entrando nessa vida também, eu via ela só nas reuniões da facção.

— Sobe aí seu cabeçudo — sorri indo até ela e subindo na moto.

— Te devo uma, valeu — ela acelerou a moto saindo de nova Iguaçu.

— Não dá pra ir pela BR, vou ter que pegar um caminho mais longo — ela falou e eu assenti.

Com a minha fuga já devem ter acionado todos os Policiais da rua, devem estar no meu radar já, o melhor seria se fosse pelos arredores, ainda bem que Prestígio tá de moto é melhor pra dar fuga.

Foi uma hora pra dar quase a volta no Rio de Janeiro pra conseguir chegar no Vidigal.

Prestígio parou mais afastado do morro quando notou dois carros da polícia paradas na entrada.

— Porra — murmurei pensando em como entrar, nem uma ligação eu acho que não ia conseguir fazer, eles deviam estar monitorando tudo por dentro.

Meu AlvoOnde histórias criam vida. Descubra agora