Capítulo Quarenta e Quatro

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Iara

Sento perto da Patrícia e entrego um copo de água pra ela, ela bebe deixando que as lágrimas caiam pela bochecha.

— Patrícia, nos vamos dar um jeito de tirar ele de lá — Sabrina diz.

Não queria ter que dar essa notícia pra ela, mas quando eu cheguei ela já tava sabendo, pois gravaram a cara dele saindo de uma viatura e muitos repórteres em cima.

Patrícia estava com a Sabrina e as duas passaram a noite juntas claro, assim como eu, mas a gente se falava direito por telefone, eu estava com o meu e mantido contato com elas duas.

Era quatro da manhã quando eu senti um alívio súbito ao ver o Cobra abrindo a porta. Nunca senti tanto medo na vida, tanto de perder minhas primas quanto perder ele, e até da polícia me pegar ali. Eu passaria a vida presa.

Patrícia não fala nada só termina de beber sua água e chora mais ainda.

Uma tristeza sem fim é claro, eu não esponho minha opinião, mas não acho que deva ser fácil tirar ele de lá, ainda mais por pegaram ele na hora.

Os jornalistas disseram que ele pode pegar até 15 anos de cadeia. Isso é coisa demais, e essa informação só serviu pra fazer a Patrícia chorar mais ainda.

Naquele dia a gente acompanhou as notícias e descobrimos mais um monte de soldados que foram pegos, dentre os que a gente conhecia por causa dos meninos, eu sabia do Fifa, do Yuri e o Dudu, que descobri que foi o que me deu carona no dia em que fui até aquele bonde que estavam parados, no dia que espalharam que fiquei com o Cobra.

Aqueles dias foram torturantes, eu e a Sabrina tentávamos ajudar a Patrícia a se fortalecer, porque infelizmente ela sabia que isso poderia acontecer, é o preço que se pagar por ser mulher deles.

Dois dias depois o Cobra liberou do toque de recolher, eles tinham tirado os corpos das ruas e fiquei sabendo que ele bancou todos os velórios, de todos os moradores e de todos seus funcionários.

Mas Vidigal estava de luto, todos estavam sofrendo sobre todas as mortes.

Sai do casa hoje porque queria ver a loja. Notícias de que muitas lojas foram destroçadas, muitas arrombadas para que os policiais pudessem de abrigarem mas fiquei sabendo pelo grupo da favela que o Cobra também disse que ia bancar o conserto de tudo tranquilizou os moradores quanto a isso.

Quando cheguei na frente da loja as marcas de tiros na porta de metal deixava meu coração machucado por que o que trabalhamos nos últimos dias destruído, agaicho pra abrir o cadeado.

Falei com Nicolas explicando a situação e pedi pra que ele não viessem essa semana, não tinha nenhuma condição.

Ouço um barulho de moto atrás de mim e quando olho ainda agachada tentando abrir o cadeado e vejo que é o Cobra.

— Eai — ele diz e me ajuda a levantar a porta comercial.

Quando olho lá dentro me choco ao ver que a porta de vidro agora era estraçalhos no chão.

Engulo em seco andando pelo lugar, vejo a parede com alguns furos, o balcão que eu tinha colocado na recepção já era, de tantos furos.

Meu AlvoOnde histórias criam vida. Descubra agora