Limites

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    Eu havia expressado meu descontentamento com minha falta de delicadeza aos meus pais, e isso rendeu uma menina eufórica indo para casa todo fim de semana para praticar com o auxílio deles.

    Meu pai foi bem incisivo ao dizer que não tinha problema eu não saber, que eu aprenderia passando pelo processo de todo mundo, já minha mãe estava na mesma vibe de “vamos fazer dar certo”. E como tudo, meu pai logo foi na onda das mulheres da casa.

    Estava na sala da administração, pronta para pegar outra autorização para sair aquele fim de semana, e quando o moço disse que eu não poderia ir, franzi o cenho.

    — Temos limites de saídas mensais — ele disse — a senhorita saiu quatro vezes esse mês, e bem, quatro é o limite.

    — Quatro vezes? — eu disse indignada — temos oito dias de folga por mês e só podemos sair em quatro deles?

    — São as regras.

    Quis rir e perguntar se ele estava brincando, mas ele não parecia bem humorado e provavelmente não iria rir comigo.

    — Suas saídas reiniciam a partir do próximo sábado — ele quis soar esperançoso — até lá, sinto muito, senhorita Davis.

    — Ok — disse derrotada — vou semana que vem.

    — Perfeito — ele sorriu sem humor enquanto eu saía.

    Tirei o celular do bolso e entrei no grupo que tinha com meus pais explicando a situação. Alguns minutos depois minha mãe respondeu que não havia se lembrado daquilo, mas realmente era uma regra.

    Voltei marchando para o dormitório, de raiva, e acabei desviando indo para perto do portão. Geralmente lá era mais vazio e eu queria praticar meus movimentos sutis sem o barulho eufórico do meu quarto.

    Quase gemi de desgosto ao ver Charlie ali. Ele tinha uma lança na mão e a girava habilidosamente entre oa dedos. Parece que eu não era a única querendo treinar algo no silêncio por ali.

    Parei o observando por alguns segundos. Estávamos no outono, então não estava calor, mas ele estava sem camisa mesmo assim. Seu peito, barriga e braços perfeitamente  esculpidos brilhavam de suor e seus cabelos cairiam na testa se ele não usasse uma espécie de arquinho fino os prendendo para trás.

    Extremamente atraente, como todos os corredores eram.

    Na verdade, todos os povos tinham um tipo de beleza específica, e a beleza intimidadora deles era extremamente sexy, infelizmente. Nossas características físicas eram marcantes de tal forma que ninguém precisava se vestir de uma forma específica ou se apresentar para sabermos a qual povo pertencia.

    As misturas existiam, mas não eram muito frequentes ao ponto de mudar essas características de forma expressiva, mas num grande geral, os coloridos eram magros, de pele muito clara e expressões suaves, os transformistas tinham uma mistura maior em tonalidades de pele, mas quase sempre tinham os cabelos escuros, tinham muitos asiáticos entre eles, até hoje não sei exatamente porque, mas as sobrancelhas grossas e impactantes estavam presentes em absolutamente todos. E bem, os corredores tinham apenas duas características em comum: o sorriso sarcástico e a beleza arrebatadora como uma facada no peito. O corpo deles se desenvolvia pelo treinamento, então não considerava uma característica, e de resto, haviam todas as raças possíveis entre eles.

    Como eu disse, a ausência de uma mistura frequente entre os povos faziam essas características permanecerem quase intactas. Havia uma menina de pele escura na minha sala, e eu achava mágico o jeito que ela oscilava para o cinza, e junto com o cabelo e os olhos, a pele começava a brilhar intensamente.

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