Três horas

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Devia fazer uma hora que eu estava deitada ali com Charlie, mesmo machucado ele conseguia me fazer rir.

Era tão estranho pensar que tudo que eu não suportava nele antes, agora eram as coisas que eu mais gostava: suas cantadas, senso de humor irônico e sorriso arrogante.

Sorri de olhos fechados quando ele beijou minha testa.

— Tão lindinha — ele sussurrou.

Passei a mão na lateral de seu corpo devagar, abrindo os olhos para ver aquelas bolinhas verdes me encarando.

— Olha, geralmente eu não gosto de ficar deitado sem fazer nada, mas eu ficaria assim com você pra sempre.

Segurei seu rosto o beijando devagar.

— Eu também, treinador gostoso.

Charlie sorriu metido.

— Gostei.

Ri acariciando seu cabelo.

— Não está mesmo sentindo dor?

— Absolutamente nada — deu de ombros — só meu pau que tá doendo, mas o motivo é outro.

Ri apoiando a testa em seu peito e Charlie riu também, acariciando minha cintura.

— Vai rindo, ta ferrada quando eu melhorar.

Eu ia provocá-lo um pouco mais, porque era extremamente divertido ver seu maxilar ficar tenso, mas meu celular começou a tocar. Meu pai. Coloquei o dedo em frente a boca e Charlie acenou enquanto eu atendia, confirmando que ficaria quietinho.

— Oi, pai.

— Filha, consegui — fiquei estática por um momento — conseguimos convencer o resto do conselho, eu e outro telepata vamos entrar na cabeça daqueles desgraçadinhos.

— Mesmo? — sorri abertamente.

— Sim — ele parecia tão aliviado — a solicitação para se apresentarem já foi enviada, inclusive aos primeiros a serem encontrados. Agora teremos algo, vai dar certo e tudo isso vai parar.

— Vai sim — me sentia tão aliviada que nem conseguia explicar — bom, depois me fale tudo.

— Com toda certeza. A corte vai chamar outro telepata para garantir a veracidade das informações, então provavelmente só conseguiremos ter respostas amanhã pela tarde. Bom, de qualquer modo, tenho que avisar sua mãe também, até depois, filhota.

— Até, obrigada.

Desliguei olhando para Charlie, e nem precisei falar nada, acho que meu sorriso já entregava.

— Chega de pesadelos — ele disse com um sorriso.

— Chega de pesadelos — assenti.

***

Dormi maravilhosamente bem, e até Sarah, que raramente expressava felicidade, parecia aliviada.

E, apesar do meu desempenho ridículo na aula de ontem, entrei na sala mais conformada por ter enfiado aquelas esferas na mesa, que por sinal, havia sido substituída. Supunha que desastres deviam ser normais por ali.

Mas, da mesma forma, eu precisaria ter aquela aulinha extra com Nancy hoje.

Enquanto isso, as aulas teóricas tomaram conta do dia, e Jack misteriosamente desapareceu de nossa mesa no almoço, na verdade não estava nem no refeitório. Até pensei em perguntar para Abby, depois de Sarah dizer que não sabia onde ele estava, mas provavelmente iria receber um olhar desaprovador dela.

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