Mapeamento

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P.O.V Emily:

Quando acordei, estava na minha cama e não havia nenhum sinal de Charlie perto de mim. Esfreguei os olhos e respirei fundo antes de me levantar. Escovei os dentes e joguei uma água no rosto enquanto descia as escadas.

Os olhos do meu pai encontraram os meus e ele me analisou com calma antes de dar um pequeno sorriso.

— Bom dia, filhota.

Forcei um pequeno sorriso também.

— Bom dia, pai — fui até ele o abraçando.

— Devo perguntar por que acordei e você não estava ali?

— Você tem espasmos enquanto dorme, sabia? — o soltei o suficiente para olhar seus olhos — me acordou.

— E foi para seu quarto? Não para a sala onde o corredor dormia?

Engoli em seco, bloqueando meus pensamentos dele.

— Eu vim ver como ele estava, depois fui para o quarto.

Ele me olhou e soube que se não estivesse conseguindo acessar meus pensamentos, não estava acreditando no que eu dizia, de todo modo.

— E falando dele, onde está? E a mamãe?

— Os dois foram para a escola há pouco tempo, hoje quem vai ficar com a senhorita sou eu.

Ergui as sobrancelhas.

— Bom, pelo menos até sua mãe voltar, aí eu vou para a corte.

— Não vai te atrapalhar? — segurei seu braço.

— Você é minha maior preocupação, querida — beijou minha cabeça — e vou aproveitar para fazer um mapeamento dos acontecimentos e te ajudar com a defesa amanhã.

Engoli em seco e assenti.

— É muito importante definirmos os acontecimentos para que você não se perca na hora, ser coerente no que vai falar é o mais importante para garantir o sucesso desse julgamento — assenti com força — mas antes disso, tome seu café e depois se troque.

Comi os desastrosos ovos com bacon que meu pai havia feito, e me troquei antes de descer. Havia esvaziado a mesa, com exceção de uma grande folha e algumas canetas.

— Vamos repassar hora por hora desde que acordou naquele dia — vi a tabela que ele havia feito na folha.

Respirei fundo e me sentei, permitindo que ele entrasse na minha cabeça para enxergar detalhes que eu mesma não lembrava, infelizmente, nada muito esclarecedor.

Ficamos naquilo a manhã inteira, e para minha sorte, meu pai não se aventurou a cozinhar novamente, e só paramos quando a comida chegou.

— Pai — larguei o burrito pela metade na mesa — quais os seus palpites pessoais do que aconteceu?

Meu pai engoliu o burrito e limpou o canto da boca com o guardanapo.

— Acho que quem te escolheu, não escolheu a toa — ele deu de ombros — estou começando a cogitar que todas as vítimas até agora foram possuídas para se ausentarem sem causar nenhum alvoroço, isso explicaria porque os rastreadores não conseguiriam detectar nada na escola — me apoiei na mesa o olhando atentamente — a destruição do refeitório não foi com a intenção de matar ninguém, mas realmente acredito que tenha sido uma distração, e agora todas as atenções estão em você.

Ergui as sobrancelhas em um pedido silencioso de que ele continuasse falando.

— Sempre existiu um número considerável de pessoas que considera a corte muito elitista, e que o sistema de eleição dos membros é preconceituoso, e não sei, mas o seu envolvimento nisso, sendo minha filha, seria o colapso perfeito dentro do sistema para causar uma insegurança, e consequentemente, o fim da corte como a conhecemos.

(Sem) Controle - IOnde histórias criam vida. Descubra agora